Tudo que era ruim e criticado no governo Dilma, como num passe de mágica, começa a parecer viável, bom e necessário. Os porta-vozes do governo, a mídia golpista, aos poucos pincelam um tom do programa mais médicos aqui, outra pincelada do funcionamento da diplomacia médica de Cuba ali, e até citam Che Guevara como tendo sido o idealizador de ter levado a medicina para as comunidades. Os médicos cubanos de vilões, vão virar heróis brasileiros.
Apascentada em seus apartamentos e carros, a sociedade alienada assiste de óculos e com interesse a volta do espetáculo midiático. A lógica é a seguinte: ‘a gente pede a prisão dos peemedebistas Cunha, Renan, Sarney e Jucá, quando todos estiverem na expectativa das prisões, a gente prende o petista Paulo Bernardo e a plateia de tolos aplaude’.
Por falar em espetáculo, estudando literatura, li um trecho de ‘Sociedade do Espetáculo’ de Guy Debord. Para ele ‘o espetáculo consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também pelos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum.’
Mais do pensamento de Debord: ‘O espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. Os meios de comunicação de massa são apenas a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz.’
Na incansável tarefa de extinguir o único partido político que tem compromisso com aqueles ideais de Guevara, a mídia e a justiça estão aliadas para desmoralizar qualquer um que se opuser ao seu espetáculo.
Segundo Guy Debord, a maior consequência disso é a total desinformação da sociedade. Não a desinformação, mas a informação deturpada, que contém uma certa parte da verdade que será usada de forma manipulatória.
Ricardo Mezavila é escritor