Trump e a não-sucessão americana

Com a retórica de um orador convicto, Donald Trump assumiu na última sexta (20/01) o cargo mais importante dos Estados Unidos, sob forte contestação popular. Essa mesma contestação que une diferentes grupos, e movimentos sociais como mulheres, negros e hispânicos ante a possibilidade de se colocar em prática tudo aquilo que é inflamado pelo discurso.

Com aproximadamente trinta e quatro por cento de aprovação (considerada até aqui a menor entre todos presidentes americanos), vê-se agora na prática, aquilo que no backstage já se desenhava: a tentativa de tirar progressivamente de cena, tudo aquilo que a administração Obama construiu e como o prometido o Obamacare (lei federal de reforma da saúde pública)será o primeiro a ser desmantelado. O quadro é de preocupação, e de incerteza por parte do eleitorado seja ele qual for.

O outro lado dessa polarização é a ênfase dada pela mídia nacional e internacional com a saída do casal Obama da Casa Branca, chegou até circular nas redes sociais uma foto comparativa entre a posse de Obama em 2009 com a de Trump em 2017 o que fez o debate se acirrar mais um pouco. Como falamos acima o cenário é instável: a opinião pública se sente órfã de um presidente que gozava de alta popularidade, era rodeado por celebridades de alto cachê em Hollyhood, era o centro das atenções no G8 e queridinho de Angela Merkel para receber um Trump reativo, irônico, xenofóbico e pavio curto.

Para alguns especialistas 2016 foi um ano atípico em que a passionalidade e a política se mesclaram de forma intensa, o Brexit (saída do Reino Unido da União Européia) quando aprovado em referendo, mostrou o que é uma sociedade dívida e tomou de assalto a expectativa de Bruxelas em manter um bloco coeso depois dos programas de austeridade conhecidos por lá como Troika. Para os eurocéticos foi a certeza de que o programa europeu está com seus dias contados e a chance de reativar o sentimento de soberania se avizinha.

Vale lembrar ao leitor, a tentativa de Golpe de Estado frustrado da Turquia que levaram as autoridades de Ancara a culpar o Clérigo exilado nos Estados Unidos Fetulah Gullen, de orquestrar o ambicioso plano de desestabilização interno. No Brasil tivemos as grandes manifestações de rua que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e rivalizavam com Centrais e movimentos sociais que se opunham ao mesmo.

De fato não foi um ano de clareza e equilíbrio pra ninguém, e nesse ínterim surge uma figura apoteótica como Donald Trump que incendeia mais ainda os temperamentos: se de longe era insuportável ter a idéia de um magnata linha-dura como presidente, de perto torna-se ainda pior. Mas nem tudo será flores para Donald Trump, o mesmo terá que lidar com oposições dentro do próprio partido, e tentar capturar lideranças no Senado que comprem os “novos métodos” de desregulamentação de mercados, protecionismo fiscal etc.

Para a América Latina o caminho das pedras foi deixado por Obama: a reaproximação e o fim dos embargos à Cuba, sanções na OEA contra a Venezuela, reaproximação com as potências regionais como Brasil e Argentina, além do esforço conjunto com a Colômbia para selar a paz no subcontinente.

As coisas não vão acontecer de imediato, afinal, o jogo político é repleto de nuances que podem enganar. O sentimento de não-sucessão experimentado pelos americanos é real pois compara-se o que passou, com o que agora está e ausência de referenciais leva consigo a frustração a dimensões perigosas. A maior das virtudes é saber esperar, para que a frustração não venha à galope.

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