A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

O objetivo deste texto consiste em responder e discutir algumas questões ligadas à exploração do trabalho no modo de produção capitalista, correspondente a extração de mais-valia, para tanto abordaremos e discutiremos como o capitalista se apropria da força de trabalho dos operários e de todos os bens gerados por ela, para como conseguinte aumentar sua acumulação de capital.

Atualmente o capitalismo apresenta-se como modo de produção universal, na medida em que está presente em todas as relações comerciais, embora alguns radicais tenham aversão a este modo de produção, mas seu sistema está tão bem moldado e estabelecido que torna-se quase impossível de ser substituído por outro. O trabalho neste sistema apresenta-se como mercadoria, de maneira que o operário vende sua força de trabalho ao capitalista e este pagará um valor x por ela. Assim, o modo de produção capitalista funda-se na exploração do trabalho, que em geral fornece lucro e poder de mais valia.
O valor da força de trabalho é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzir os bens que permitem a sua manutenção (ou reprodução). (NETTO,2008, P.100).

Neste modo de produção, o capitalista apropria-se desta força de trabalho e paga um valor inferior ao que ela produz assim, ele obterá a mais-valia, quanto mais produtiva for esta força e menos ele puder pagar por ela, maior será seu lucro e crescente será a exploração desta força de trabalho.
Se o empregador puder levar seus operários a fazer, sem pagamento extra, numa hora o mesmo que antes faziam em duas [...], terá as mesmas vantagens que se tivesse duplicado o dia de trabalho. (EATONN, 1965, P.101).

A exploração do trabalho na sociedade atual está cada vez mais visível basta olharmos em nosso meio. O sistema capitalista faz com que muitos trabalhadores sejam submetidos a situações constrangedoras, e inúmeros casos em condições até desumanas. Na luta por seu sustento, os trabalhadores são submetidos a longas jornadas e péssimas condições de trabalho, a fim de obterem um salário de subsistência, pois o que ganham serve apenas para seu sustento ou o sustento de suas famílias. Por vezes estes trabalhadores acabem por abrirem mão de seus próprios direitos, ficam o tempo todo cumprindo seus deveres, e vão além disso, enquanto seus direitos não são colocados em prática e nem tão pouco são cumpridos da forma que deveriam ser.
Pois na sociedade capitalista o capital circula de maneira que:
O capitalista paga ao trabalhador o equivalente ao valor de troca da sua força de trabalho e não o valor criado por ela na sua utilização (uso). E este último é maior que o primeiro. (NETO,2008,P.100).
E é justamente ai que se encontra o segredo da produção capitalista. Por tanto, ai está o processo de exploração. E esta exploração não se manifesta apenas desta forma, há inúmeros processos de exploração que ao longo do tempo, ganham dimensões maiores e aparecem na sociedade capitalista de forma feitichizada.
Na atividade produtiva própria do capitalismo, prevalece à fragmentação e atomização do trabalhador, reificando (coisificando) o homem e suas relações. Dessa forma, não se realiza adequadamente a interação do homem natureza. O proletariado, despossuído dos meios de produção, só realiza a sua subjetividade na medida e quem aliena sua capacidade de trabalho a quem detém as condições objetivas, ou seja, ao capitalista. O trabalhador é reduzido a uma mercadoria á medida que vende sua força de trabalho, para o capitalista em troca de um salário, assim, o trabalho que deveria ser a forma humana de realização do individuo, reduz-se à única possibilidade de subsistência do despossuído. O pagamento deste salário é a forma mascarada que o capitalista encontrou para amenizar esta exploração.
A dimensão abstrata que o trabalho adquire, conduz ao mascaramento da sua dimensão concreta (de trabalho socialmente necessário) e conseqüentemente, à feitichização da mercadoria, encobrindo assim, as dimensões sociais do próprio trabalho, mostrando-as como produtos do trabalho.
Todos os métodos de produção e de produção de mais-valia são, simultaneamente, métodos da acumulação e toda expansão da acumulação torna-se, meio de desenvolver aqueles métodos [...] por tanto, à medida que se acumula capital, a situação do trabalhador, qualquer que seja o seu pagamento alto ou baixo, tende a piorar.
A acumulação ocasiona uma acumulação de miséria, correspondente a acumulação da riqueza num pólo é, por tanto, ao mesmo tempo, a cumulação de miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral no pólo oposto. (MARX,1984,P.210).

A natureza da exploração do homem pelo o homem, é algo que historicamente vem acontecendo deste quando se instalou o modo de produção capitalista.

A natureza da exploração ocorre de fato com o convívio do homem pelo homem, ou seja, de um lado vemos a separação entre força de trabalho e condições de trabalho. Ele (o capitalista) produz e perpetua, com isso, as condições de exploração do trabalhador. Obriga constantemente o trabalhador a vender sua força de trabalho para viver e ele a compra pra se enriquecer.
O processo de produção capitalista considerado como um todo articulado ou como processo de reprodução produz, por conseguinte não apenas a mercadoria, não apenas mais-valia, mas produz e reproduz a própria relação capital, de um lado o capitalista do outro o trabalhador assalariado. (MARX,1984,p. 169).

Concluímos que o excedente de riqueza produzido pelo trabalhador e que fica nas mãos do capitalista, o qual é denominado de mais-valia, é a alavanca do processo de reprodução do capital, aquela que produz a concentração cada vez maior de riqueza nas mãos dos capitalistas. É ela que permite que o funcionamento da economia se manifeste em concentração de riqueza no pólo capitalista e de pobreza ou de simples sobrevivência no pólo do trabalhador, na acumulação de capital em detrimento do produtor direto das riquezas. Esse é o processo de exploração do trabalho alheio, que torna o trabalho humano alienado, apropriado em grande parte das riquezas que produz por um outro - neste caso, o capitalista.
Esta exploração de trabalho se dá de maneira que os trabalhos são totalmente desprovidos de qualquer informação, e está tão bem colocada e maquiada, que esses operários infelizmente despossuídos de senso critico, acreditam que não estão sendo explorados. Atualmente muitas empresas, criam meios e campanhas que forjam a idéia de não exploração, com campinhas que têm slogans do tipo: Trabalhador associado. Onde passam a idéia de que o funcionário tem que vestir a camisa da empresa, etc. Porém, estes funcionários têm que serem subservientes e estarem prontos a darem o seu melhor pela empresa. Acreditamos e concordamos que o modo de produção capitalista é mais que gerador de mais valia, ele norteia toda a existência da vida humana e suas relações. Quebrar este sistema é uma tarefa no mínimo árdua e desafiadora, e chega a ser quase impossível, só por meio de uma revolução a nível global isto se resolveria, pois é por estas relações humanas que as subjetivações humanas são transformadas em objetivações, onde no momento atual, as relações capitalistas passam a ser relações de existência e subsistência.


Referências

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. A acumulação capitalista e o movimento do capital. In______. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2008.Cap. 4, p.95-123.

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. A acumulação capitalista e o movimento do capital. In______. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2008.Cap. 5, p.124-141.

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