O médico e a vila

Pai

Por suas mãos trêmulas, vim à vida
Por suas mãos fortes, enlacei as minha, pequenas, no  abraço do seu colo
Por suas mãos seguras, caminhei os passos da minha
Quisera eu, agora, pai, com minhas mãos, trazer-lhe de volta à vida.
Eu te amo pai.

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Meu Pai, Dr. Nivaldo Bonifácio Pinto, assinava o Dr. no seu nome, inclusive na carteira de identidade. Eu nunca vi isso. Falar dele ? Era um homem bom de coração, amigo das pessoas, apaixonado pela minha mãe. Zeloso com sua família. Corajoso, porque começou sua vida profissional recém-casado no interior do Espírito Santo, em uma Vila, que hoje é cidade de Pancas. Era filho de ascendência negra e indígena e a Vila de Pancas era constituída na sua maioria por colonos alemães. Salvaguardando os tempos, é parecido com o que médicos brasileiros encontrariam como desafio ao trabalharem em pequenas cidades, com diferenças sociais e culturais.
Corajoso também por ter montado três hospitais. Um em Pancas, outro em Colatina (cidade da qual Pancas era distrito na época) e depois em São Gonçalo. Essa mudança foi familiar, para melhores estudos dos filhos. Teve 3 filhos e, pelo seu romantismo, os nomes foram provenientes do amor dele pela Elhy: Nivaldinho (que também é médico), Valdely (que é psicóloga) e Elivaldo (que é autônomo em transportes). Ele escolheu até a ordem dos nascimentos.

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Os nomes ele escolheu na lua de mel, tirando dos cabelos da mamãe, três grãos de arroz (que eu ainda tenho).
Pessoa íntegra. Nunca foi rico. Nunca foi pobre. Quando foi para Niterói, por causa dos estudos dos filhos, pela primeira vez associou-se a outros médicos. Houve roubo e não pagamento dos empréstimos para a construção do hospital. Meu pai poderia ter acionado advogados porque o único patrimônio que ainda estava à disposição de hipoteca era a casa da família dele. Meu piano foi vendido. Nessa hora eu vi o que significa o zelo. Eu vi meu pai tomar atitudes que só homem de coragem toma.

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Do meu pai eu herdei duas coisas: os livros e um chicote (esse alguém pegou, porque eu não tenho mais). O chicote ele pendurava na parede, desde Colatina, e dizia : esse é seu namorado. rsrsrsrs. Eu fui a única filha.
Meu pai era médico de verdade. Não que os outros não sejam.Mas ele era médico-pai-esposo-amigo-família. É muito difícil juntar tudo isso.
Em termos profissionais, meu pai teve a oportunidade de fazer cirurgias de risco. Cardíacas. Implante de mão....e muitas outras experiências que poucos poderiam ter, se estivessem trabalhando em grandes centros.
Me orgulho muito de você meu pai. E hoje, 22 de setembro é seu aniversário. Feliz aniversário.

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