CHAMAS DA VERGONHA II – O RENASCER DAS CINZAS, A SOLUÇÃO E O DESTINO DE MACAÉ

(Há uma turma da política aí agora "tentando entender o porquê de Macaé ter chegado a este ponto", conjecturando que talvez haja um complô do governo federal, acusando até a Petrobras - justo a Petrobras, que trouxe as oportunidades - de ter usado e virado as costas para o município, e mais um amontoado de abobrinhas falaciosas podres que só convencem uns cabeças-de-ovo pingados!)
Nada de divagar sobre otimismo, nem propor um manual de auto-ajuda para a recessão, citar os valores religiosos e filosóficos da honestidade, tampouco discursar sobre teorias que evoquem milagres ou até mesmo a sorte, exceto acender tão somente a luz da realidade, embora esta luz, invisível para muitos, já estivesse acesa desde o início. Coragem? Não precisamos de mais do que o amor para nos arriscarmos pelo que amamos, e o que eu amo é a minha cidade, pois ela é o pedaço de terra que todos meus antepassados pisaram, onde meus amigos vivem entre os cenários de nossos bons e maus momentos, de onde eu vim e tudo aconteceu. É o amor que move a coragem!
“A ciência mais necessária àquele que deseja governar com sabedoria,
é a de tornar os homens capazes de ser bem governados”. (Plutarco)
Em princípio é importante, antes de tudo, parar de viver de negação, acordar deste delírio, desta ilusão de que tudo vai bem ou ficará melhor, deixando de crer nas mentiras patéticas de alguns jornais e políticos que tentam arrancar debaixo de pedras histórias sobre altos investimentos, sobre um futuro promissor, como se, destinados por uma nova predestinação, fôssemos novamente agraciados com um prêmio de loteria igual ao boom do petróleo que já tivemos. Este é o primeiro passo: “jogar água gelada no rosto” para começar o dia com os dois pés no chão, porque ninguém vai a lugar algum se enganando ou sendo enganado! O segundo passo é aceitar o entendimento de que, exceto se descobrirmos jazidas de ouro ou diamantes, Macaé não vai ter novamente a rica oportunidade que um dia teve; e terceiro: não estamos mortos, somos fortes, e vamos encarar de frente uma nova realidade porque precisamos sobreviver.
Qual a concepção do que seria a fórmula para recuperar Macaé? Esta é a pergunta que cada um de nós tem que fazer a si próprio. A luta agora não é para voltarmos a ter as chances perdidas... é para contabilizar os prejuízos e impedir que a pobreza vire uma miséria! Mas o inegável é que será impossível fazer qualquer coisa sem que antes uma boa auditoria identifique o paradeiro do dinheiro da cidade, para onde ele foi escoado e quem o roubou! Isto aqui é caso de polícia, é o maior escândalo da história do Brasil, tanto devido ao volume astronômico das riquezas aqui surrupiadas como quanto pelo indecente tamanho do desperdício cometido. Chorar rios de lágrimas pelo leite derramado de nada adiantará, mas precisamos reconhecer a desastrosa magnitude deste drama! Macaé era simples e feliz, tirou a sorte grande, e logo passou a ser governada por psicopatas que a estupraram, a prostituíram e a assassinaram friamente, sem que nada nem ninguém este tempo todo impedisse. Mesmo com OAB, Polícia Federal, Ministério Público, Associação Comercial e Industrial e três lojas maçônicas, não houve um só cristão que se levantasse para fazer a diferença! Simplesmente inaceitável! Onde estiveram em todo o tempo estas peças e seus personagens influentes? Estavam bastante ocupados arreganhando os dentes para aparecer nas colunas sociais, posando com seus amigos em acontecimentos fúteis, ou orando com a família suas falsas orações nas igrejas e templos, para manter as aparências de uma dignidade pífia sustentada pela mais deslavada hipocrisia? Há uma turma da política aí agora "tentando entender o porquê de Macaé ter chegado a este ponto", conjecturando que talvez haja um complô do governo federal, acusando até a Petrobras - justo a Petrobras, que trouxe as oportunidades - de ter usado e virado as costas para o município, e mais um amontoado de abobrinhas falaciosas podres que só convencem uns cabeças-de-ovo pingados! Muitos desses "defensores de Macaé", que calorosamente pegam em microfones para evocar a moral e as virtudes da cidade, viviam de maracutaias com o erário público, pintando e bordando, bancando festas com pó e maconha para quem quisesse lhes puxar o saco para assegurar suas bocadas, e foi ironicamente por causa deles é que a cidade caiu neste poço sem fim! O fato é que, apesar de não ser mais aquele oásis que já foi, Macaé ainda tem dinheiro e tetas para serem chupadas por um bom tempo.
Querem mesmo saber qual a solução para impedir que a decadência de Macaé não a derrube de vez? É preciso eliminar a bactéria, para que o corpo tenha condições de agir! Macaé não irá a lugar algum sem que antes toda esta corja de bandidos seja desinfetada, eliminada por completo da esfera do poder público, capturada e trancafiada na cadeia. Se isto não acontecer, nenhum prefeito ou vereador poderá fazer nada, sem que seja assassinado por algum outro político, empreiteiro ou empresário de fachada descontente por ter sido expulso com o fim das maracutaias! Macaé, antes de tudo, precisa de um pente fino no raio de pelo menos trinta anos.
O que destruiu paulatinamente a cidade não foi nem tanto a ausência de boas idéias, de estratégias e planejamento, tanto quanto a mais pura desonestidade! Quer governar bem uma cidade... então não a roube, governe com amor e de verdade pelo povo e para o povo! Ninguém precisa de ter super diplomas e dez pós-graduações para isso... precisa é de ter boa vontade, disposição para gerenciar e ser organizado! Afinal, ninguém precisava de ter nascido um gênio para saber o que deveria ter sido feito com os royalties e a arrecadação multimilionária que Macaé recebia! É um sério engano dizer que nossos administradores não tiveram visão, porque eles tinham consciência de tudo, e não estavam preocupados com visão alguma!! Estavam é incumbidos de roubar o quanto pudessem e fazer o povo de otário!
Analisem os elementos do jogo. A Petrobras está mal das pernas – esqueçam a Petrobras! -, as firmas subsidiárias idem, praticamente este cenário offshore desaparecerá em breve de nosso mapa, o boom do petróleo passou, Macaé não tem outra fonte de riqueza natural até então conhecida, nenhum porto será construído e muito menos a cidade será ponto estratégico de nada, e nem receberá altos investimentos como no passado. Tudo o que você lê e ouve sobre isso são mentiras contadas por gente com interesses políticos e financeiros próprios. O que Macaé precisa agora é de reconhecer a sua realidade, tocar a bola para frente, brigar para que haja uma investigação efetiva em cima de todos os envolvidos, encontrar humildemente saídas com os recursos que lhe restam, e, sobretudo, passar a ser governada por gente honesta. Difícil? Claro que é quase impossível, mas se não for assim a tendência é piorar! Este será um enorme desafio, mas a vida é feita de desafios.
Macaé jamais voltará a ser a cidade simples e feliz que era até os anos 70 e meados dos 80. Muito provavelmente a Avenida Rui Barbosa, nossa “Rua Direita” - hoje o morto “Calçadão” - nunca mais volte a ter a vida que teve com seus bares e lanchonetes tradicionais, ou com seus festivos desfiles de carnaval; a areia da Imbetiba e dos Cavaleiros não será mais limpa como antes; nem nossos bairros, ruas e avenidas sejam tão tranquilos e seguros como foram um dia. Hoje Macaé é dominada pelo crime, pela corrupção e pela violência, superpovoada de favelas, com seu setor imobiliário decadente, o comércio falindo e com um desemprego cavalar em detrimento justo pela falta de investimento e infraestrutura que o município nunca recebeu, configurando um grave descaso responsável por deixar todos vulneráveis aos efeitos de qualquer recessão que jamais lhe atingiria, caso tivesse ocorrido, em algum momento, sequer a preocupação com o futuro.
Pode ser que uma saída viável seja fomentar o turismo, apenas como o início, para “tentar acordar a Fênix”, porque o arquipélago, as praias e a serra será tudo o que nos restará em meio às cinzas! Mas seja através do turismo, mediante incentivos e investimentos mirabolantes vindos só Deus sabe de onde, ou até se aparecessem minas de “kryptonita”, esteja tudo isso no mundo concreto ou na imaginação de quem se proponha a consertar Macaé, não se deve jamais esquecer da “honestidade”. A resposta para a solução é esta única palavra, tão deslocada em nossas bocas e tímida em nossos espíritos. Sem honestidade Macaé não irá mais a lugar algum, e será encoberta pela indiferença de um destino incerto, como tantas outras cidades que foram sugadas como frutas e tiveram seus caroços cuspidos no meio da estrada. Era só não terem roubado, pois até um burro no poder teria feito de Macaé uma das melhores cidades do mundo.

Foto de Alberto Murteira.

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