Tratamento inadequado do volume morto traz riscos; entenda

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Alternativa para amenizar a crise no abastecimento de água que atinge o Estado de São Paulo, o volume morto traz riscos à saúde dos consumidores caso não seja tratado de forma adequada, de acordo com especialistas ouvidos pelo UOL.
O volume morto é a água que fica no fundo das represas, abaixo do nível de captação das comportas e que acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informa que o tratamento será o mesmo usado atualmente, "dentro dos rígidos padrões de qualidade seguidos pela Sabesp".
A Sabesp pretende retirar a partir do dia 15 de maio 200 bilhões de litros de água do volume morto do Sistema Cantareira, que tem 400 bilhões de litros de reserva.
Há pouco mais de um mês começaram a ser construídos canais e instaladas bombas para a retirada da água nas represas Atibainha, em Nazaré Paulista, e Jaguari/Jacareí, em Bragança Paulista. De acordo com a companhia, essa água será "suficiente" para abastecer a região até setembro.

Para Sílvia Regina Gobbo, professora de ecologia da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), o tratamento de água usado atualmente não consegue resolver os problemas dos metais pesados que podem estar acumulados no fundo dos reservatórios.
"O tratamento tradicional não elimina a contaminação por metais pesados, que são provenientes de indústrias de celulose, tecidos, tintas, solventes. Quando não fazem o tratamento adequado, liberam na água metais como mercúrio, chumbo e cádmio", disse. 

O que as autoridades já falaram sobre racionamento de água em SP19 fotos

15.out.2014 - Dilma Pena, presidente da Sabesp, prestou depoimento à CPI da Sabesp na Câmara Municipal de São Paulo. Durante sua fala, ela afirmou que água acabaria em "meados de novembro". "Não podíamos falar a palavra 'seca'. Só alertar para a economia. Não podíamos falar da gravidade da situação", completou Leia mais Zanone Fraissat/Folhapress
De acordo com Maria Aparecida Marin Morales, especialista em toxicologia ambiental do campus Rio Claro da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o volume morto exige um tratamento "mais delicado, sensível e com técnicas muito mais eficazes".
"Possivelmente, teria de se fazer um tratamento terciário da água, que é mais eficiente porque tira todos os contaminantes que estão na água, deixando-a mais isenta possível", disse.