O Equador renuncia ao seu petróleo amazônico

O verbo “yasunizar” fará sua entrada no dicionário da ecologia mundial? O Equador o apoia. Ao decidir deixar sob a terra os 846 milhões de barris de petróleo do parque amazônico Yasuni, este pequeno país andino está convencido a mostrar o caminho em matéria de luta contra o aquecimento climático e a proteção da biodiversidade.
A título de compensação, Quito está exigindo 3,6 bilhões de dólares (2,7 bilhões de euros) da comunidade internacional. Nesta terça-feira, 3 de agosto, deverá ser assinado um acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a criação do Fundo Yasuni ITT, de acordo com o nome de três áreas petrolíferas: Ishpingo, Tiputini e Tambococha.
Administrado pelo PNUD sob controle equatoriano, o Fundo será usado para gerir os aportes dos países, das empresas e de indivíduos que concordarem em apoiar este projeto inovador. A Alemanha, a Espanha, a Bélgica, a França e a Suécia já anunciaram claramente seu apoio. Quito permanece calada sobre os valores negociados.
“A ideia inicial é simples, mas a montagem do esquema financeiro tem sido extremamente complexa” explica a ministra do patrimônio, Maria Fernanda Espinosa. O parque Yasuni, que se estende por 950.000 hectares de selva no sudeste do país, se constitui em uma das reservas da biodiversidade mais ricas do mundo.
Dois povos indígenas isolados e nômades ainda vivem nele. “A biodiversidade não nos pertence mais, ela pertence ao mundo inteiro. Todavia, não explorar as bacias petrolíferas do Yasuni implica em perder algo importante para nosso país. Elas representam 20% do total de nossas reservas certificadas de petróleo”, lembra a Sra. Espinosa.
UMA ECONOMIA DE 407 MILHÕES DE TONELADAS DE CO2
“O Protocolo de Kioto recompensa a redução das emissões de carbono e nós pretendemos evitá-las”, explica Roque Sevilla, um dos autores da iniciativa Yasuni e seu primeiro diretor. A não-exploração das bacias ITT representa, para o planeta, uma economia de 407 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o equivalente às emissões anuais de um país como a França.
Com base no preço da tonelada de carbono no mercado dos “direitos de poluir”, Quito avalia em cerca de 7 bilhões de dólares o valor da não-emissão do carbono resultante da não-exploração do petróleo. O Equador exige que a comunidade internacional assuma a metade desse valor, a ser paga em doze anos.
Na Cúpula de Copenhague, em dezembro de 2009, a administradora do PNUD, Helen Clark, não hesitou em classificar de “fantástica” a iniciativa Yasuni. Entretanto, a assinatura do acordo para a constituição do Fundo teve de ser cancelada na última hora. Rafael Correa pareceu então ter dado marcha-a-ré. Economista de esquerda tardiamente convertido à defesa do meio ambiente, o presidente equatoriano fustigou algumas semanas mais tarde o “ecologismo infantil”.
O acordo e os documentos anexos formam um total de 200 páginas. Energia renovável, reflorestamento, reservas naturais, desenvolvimento social da Amazônia, ciência e tecnologia: cinco áreas prioritárias de investimento que foram definidas para a utilização do Fundo.
Na opinião de Roque Sevilla, “a criação do Fundo e sua gestão pelo PNUD institucionalizam o projeto e criam uma blindagem contra as incertezas políticas”.
Se o Estado equatoriano optar um dia pela exploração das áreas do Yasuni, ele deverá reembolsar os países doadores e outros participantes as quantias comprometidas. “A melhor garantia da viabilidade do projeto é o apoio da população”, observa Sevilla. De acordo com recente pesquisa, 76% dos equatorianos apoiam a não-exploração do petróleo do Yasuni, um recorde nesse país tão pouco afeito ao consenso.
Porém, algumas vozes discordantes se fazem ouvir. José Luis Zirit, presidente da Associação das Indústrias de Hidrocarbonetos, qualifica a iniciativa Yasuni ITT de “absurda” e “irrealista”. Ele lembra que o desenvolvimento do país e o nível de vida dos equatorianos dependem do petróleo. “Ademais, as técnicas de extração fizeram imensos progressos, e agora é possível explorar o petróleo sem prejudicar a floresta”, afirma Zirit.
“O drama da BP no Golfo do México demonstra que a tecnologia mais aperfeiçoada não elimina o perigo potencial de exploração petrolífera”, responde a Sra. Espinosa. De fato, o governo de Barack Obama manifestou recentemente seu interesse pela iniciativa Yasuni. Diversos países – Indonésia, Vietnam, Guatemala – pretendem seguir o exemplo do Equador. E “yasunizar” alguns de seus recursos não renováveis.
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