Onipotência Juvenil

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Na flor da idade
Hormônios a mil por hora
Nada será ou foi – tudo é
Não há perigo na insensatez
Não há razão que preceda a impulsão
Usar droga só uma vez
E outra e outra à exaustão

A imaginação é fértil e heróica
Manipula o conhecimento a bel prazer
Não há horas ou minutos – só infinitos segundos
Mais de meia hora não dura a onda
Mas que importa a racionalização?!
Se face à realidade que o ronda
Cuidados sociais não é preocupação?

Brincar com a lógica é divertido
Pular o muro do sentido
Inundar o cérebro de veneno
A neurotransmissão parece ‘encantamento’

A morte torna-se vida
A vida torna-se morte
Até que o jovem escolhe a saída:
- Sofrer maduro ou destruir a própria vida?

Velho demais para ignorar o mal da coisa
Jovem demais para ignorar a tentação de desafiá-lo
Dilema face ao deus Cronos:
- É tempo de parar? É tempo de matar?
É tempo de escutar? É tempo de chorar?

Os gritos surdos atormentam
Consciência moral, superego social
Desesperança, culpa, falta
As bases do destino alimentam-se
- O que estou a fazer?
- O que está a me acontecer?

O fato perde o significado
A cultura cobra o resultado
O jovem entrega-se, assustado
Diz adeus ao poderio
Colhe os frutos que produziu
E o bode expiatório vai pro mundo
Nunca mais se o viu...



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Tania Montandon
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