Uma história Anonymous sobre Dílcio e Aelma

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Antes e começar a história, vamos deixar claras duas coisas
1. Esse texto não é uma tentativa de dizer "tanto faz". Estamos apenas tentando puxar a comunidade de volta pro eixo Anonymous nesse período conturbado de eleições. Quem decide se tanto faz são vocês, caso votem ou não..
2. Mais do que falar de PT e PSDB, esse texto pretende falar de política partidária e sistema eleitoral. Mas chega de observações, pra não tirar a mágica.
A história dos dois partidos nem sempre envolveu tanta rivalidade. Lutaram juntos contra a ditadura militar e pelas "Diretas Já", estiveram num mesmo palanque contra Collor durante as eleições e depois em seu impeachment. Antes do Plano Real, Tasso Jereissati, então do PSDB, estava pronto pra ser vice de Lula em uma chapa, mas Fernando Henrique conseguiu uma parceria com PFL (atual DEM) e ganhou as eleições.
Amizade desfeita, PT fez forte oposição por 8 anos, até chegar à presidência e então tivemos o PSDB nesse papel, o que para aquele momento histórico era até engraçado. Não é novidade em debates de TV a disputa sobre quem criou o plano real, os programas assistencialistas, e uma série de medidas do governo federal que, verdade seja dita, foram elaboradas em conjunto por esses partidos, que mesmo em oposição sempre souberam quando apertar as mãos caso fosse preciso. Para além dos programas, os partidos compartilham as metodologias de manutenção de poder (os "mensalões") e a estratégia de dar até as cuecas para o PMDB para garantir seu apoio nas votações. Por fim, dividem uma coisa bastante importante: financiamento de campanha. Vamos falar disso com mais calma logo mais.
São quatro os pilares que sustentam os projetos presidenciais de ambos os governos: democracia, estabilidade monetária, transferência de renda e crescimento econômico. Cada um faz do seu jeitinho, mas a cartilha é essa.
Publicamente, um defende uma democracia meritocrática, outro o diálogo com movimentos populares. Na prática, ambos servem ao corporativismo que sustenta suas campanhas políticas.
Publicamente, um defende aquecimento do mercado pela abertura internacional e outro pelo combate à desigualdade social. Na prática, ambos fazem acordos com bancos, fraudam licitações e favorecem as empreiteiras que os colocam ali.
Publicamente, um gratifica pela estrelinha de bom menino (o bônus) e outro apela para a necessidade de apoio independente do esforço para se atingir metas. Diferentes conceitos de justiça mas que, na prática, sustentam uma rede de dependências e deixam o cidadão com medo de perder suas migalhas caso o sistema mude de uma hora pra outra entre em função desses conceitos.
Publicamente, ambos querem um Brasil forte, independente, com uma indústria nacional fortalecida e grandes taxas de exportação.. Na prática, fecham seus olhos para a escravidão, para a falta de moradia, para monopólios agrários, para o desmatamento, para genocídios indígenas e na hora do aperto vão dar uma fatia para o setor privado.
Ambos inflam a bolha do setor imobiliário, se não pela permissividade com grandes empreendedores monopolistas e seus aluguéis abusivos, pela criação de moradias populares que serão construídas pelas empreiteiras amigas.
Ambos aparecem no primeiro banco dos cultos e falam o nome de Deus em seus discursos para garantir o apoio da bancada fundamentalista, cedendo um ou outro cargo aqui e ali, dando vantagens para representantes religiosos e suas instituições.
Ambos sequer fazem o esforço hipócrita de PV/REDE para defender capitalismo verde, simplesmente ignoram a questão ambiental em seus grandes projetos e na reformulação agroindustrial. Naturalmente, se rendem à força da bancada ruralista, nem fazendo questão de tentar bater de frente.
Ambos defendem os programas de transferência de renda, sempre criticando a maneira como o outro faz, mas prometendo expandir. Contudo, em já 20 anos desse modelo, não se vê resultados práticos estruturais que tornariam esses programas desnecessários. Medidas paliativas a essa altura do campeonato já deveriam dar sinais de seus fins, ou ao menos da redução de sua necessidade, não aumento.
Ambos estão presos a esses programas porque seus modelos econômicos baseados em commodities (indústria metal-mecânica, depredação ambiental, grandes monoculturas) resultam em concentração de lucros, não distribuição de renda.
Ambos usam de milícias em processos "pacificadores" para garantir interesses com expansão de comércio, expansão imobiliária ou projetos como estádios que nada mais são que a união dos dois.
Ambos usam dinheiro público para conferir bolsas para que a população tenha acesso a serviços privados, no lugar de investir na estrutura pública, para favorecer as redes de ensino privado e convênios médicos que apoiam suas campanhas.
Ambos querem um banco central "autônomo", mas "não independente", mas nenhum dos dois questiona as contradições de sua existência ou sua natureza.
Ambos falam em investir em transporte público sobre trilhos, mas não apresentam metas claras nem programas sólidos. E não precisamos dizer pra nenhum de vocês como o transporte público no Brasil é vergonhoso, já talvez em contradição com o direito fundamental de ir e vir.
Ambos defendem concessões de estradas, portos e aeroportos à iniciativa privada e até financiam esse processo, seja pelo BNDES ou investidores privados.
Ambos defendiam reformas tributárias, mas aumentaram a quantidade de tributos.
De cada 100 reais investidos em campanha política para esses candidatos, 91 partiram de empresas, 6 de financiamento público e 3 de pessoas físicas. Então se você ainda tem dúvidas de para quem eles vão governar, aqui vão mais algumas semelhanças:
- Ambos receberem 5 milhões para campanha da JBS Friboi, que é da holding J&F, conhecida da nossa lista de milionários brasileiros. Foi protagonista em um escândalo em que serviu carne estraga aos próprios funcionários. Já foi condenada por desrespeitar direitos trabalhistas, normas de seguraça, expor trabalhadores a contaminação por amônia, danos morais coletivos, entre outros (google it).
- Ambos também receberam dinheiro da CRBS (da Ambev, já multada em mais de 350 milhões por irregularidade pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica e é uma das que mais responde a processos trabalhistas segundo o Ministério Público do Trabalho).
- Ambos receberam dinheiro da OAS (condenada por trabalho escravo em 2013).
- Ambos receberam dinheiro do banco Safra, condenado por imposição de venda, fraude contratual, indenização por assédios, humilhar funcionários, camuflar verbas salariais, entre outros.
- Ambos receberam dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, já condenada por danos morais coletivos, e também por jornada excessiva de trabalho em três países africanos.
A maximização de lucros que resulta no dumping social é o modelo dessas empresas que se reflete no programa de governo dos dois partidos.
É verdade sim que o atual governo acelerou o processo do Marco Civil da internet, que nós, ao contrário da "legião AnonHueBR" (conglomerado da AnonymousBr4sil, AnonymousBR e suas células vassalas) acreditamos que tenha sido uma medida positiva. Mas certamente não o fez pelo povo, e sim para a segurança do próprio programa de manutenção de poder, que é ameaçado pelas telecoms que sempre defenderam a oposição.
É verdade que por esse mesmo motivo defendem democratização das mídias, que em nosso entendimento também seria algo muito bom, mas não acreditamos que para interesse do povo. O eixo IMIL - IMB sempre apoiou mais os candidatos que fazem a linha liberal EUA/UE, e também ameaçam a estrutura de poder desse governo. Nunca te explicaram porque esse processo é importante, como ocorreu na Argentina, onde apesar da pressão internacional e da condenação ampla pela mídia (inclusive a brasileira) houve apoio popular.
É verdade também que este governo vem defendendo reforma política e já até por decreto quis estimular uma suposta participação popular na política através de conselhos, mas toda a paranoia de que esse espaço viria a ser ocupado por grupos aliados tem fundamento, pois a sociedade civil não foi consultada e muito menos esclarecida sobre esse processo (e nem será). Não vimos esse diálogo acontecendo durante os protestos de junho de 2013, independente de suas inerentes contradições, e vimos ainda menos durante os jogos da Copa.
É verdade, por fim, que o PSDB tem um histórico de censura e perseguição bastante extenso de seus "livres opositores" nas mídias alternativas, independentes e/ou de pequeno porte. Mas enquanto as polícias militar e civil caçavam nossos irmãos e aprendiam seus equipamentos entre o ano passado e este ano, o PT fez a maior vista grossa para o problema até então, sendo claramente conivente para manter estável a imagem de seu governo.
Ah, sim. Esquecemos uma última semelhança: Nenhum dos dois programas têm propostas para a democracia participativa, nossa maior ambição.
Talvez a maior e mais real diferença para os programas presidenciais seja se nos próximos quatro anos estaremos mais dispostos a participar do banco azul (Mundial) ou do banco vermelho (dos BRICS). Seu voto poderá escolher abraçar o imperialismo estadunidense ou o autoritarismo russo. Ainda não temos nas urnas a opção de não estar submetido a um banco.
Se já se sente confortável pra votar, o faça. Mas se não sentir, não tenha vergonha ou medo de não fazer. A multa é de apenas R$3,51 e você ainda tem dois meses para justificar sem pagar a taxa. Se algum desses programas te representa, se faça representar por seu voto. Do contrário, seja honesto consigo e não faça. Na democracia representativa, se você não se sente representado, o mais coerente é não escolher ninguém. E se o candidato "mais pior" for eleito a culpa não será sua, como algumas pessoas tentarão dizer. A culpa será, no máximo, de quem votou nele. Mas essa responsabilidade dividida (termo mais apropriado que culpa) ainda estará mais nas mãos daquelas empresas que concederam os 91% de dinheiro das campanhas.
Não poderíamos encerrar essa publicação sem agradecer às críticas de nossa comunidade, sobretudo daqueles(as) que nos acompanham desde o princípio e nos ajudam a manter os eixos em tempos difíceis.
Somos um!

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