Bizarra sessão do congresso expõe projeto de despolitização em curso

Quando enfim for rendido por outra fração do Partido Único, entre os maiores “legados” que o gerenciamento PT-pecedobê deixará para o vasto rol de bizarrices políticas, certamente estará a cena em que distinto senador da República, Ronaldo Caiado, ex-presidente da UDR, a nefasta associação de ruralistas escravocratas acusada de ser a responsável pelos assassinatos de centenas de camponeses, foi até as galerias do senado defender com as próprias mãos, ante a truculência da polícia do congresso, o “povo” que protestava contra a iminente aprovação de uma medida cara ao “governo” Dilma.

Explica-se o contexto da patuscada: no último dia 2 de dezembro o gerenciamento Dilma fez sua quarta tentativa de aprovar no congresso uma proposta que desobriga o Executivo de cumprir a meta fiscal de 2014. A sessão foi tumultuada por duas dúzias de “manifestantes”, aparentemente a soldo da “oposição”, protestar contra a manobra. Remunerada ou não, trata-se de gente que dificilmente será vista ao lado do povo nas ruas, nos protestos consequentes e classistas; trata-se de gente que, no máximo, engaja-se na tal “luta institucional”, ou seja, em defesa das instituições de um Estado burguês-latifundiário.

Após um tumulto ainda maior gerado pela tentativa da polícia do congresso de esvaziar as galerias da casa, a sessão acabou cancelada e remarcada para a manhã do dia seguinte, com galerias fechadas, quando afinal o gerenciamento Dilma conseguiu aprovar o que queria.

Além do arroubo “democrático”, por assim dizer, de Ronaldo Caiado, aquele dia teve ainda uma dobradinha entre o “presidente” do senado, a velha raposa Renan Calheiros, e a senadora revisionista Jandira Feghali: ela se manifestando profundamente escandalizada com um xingamento vindo das galerias a uma colega de pecedobê, a deputada Vanessa Grazziotin, e ele aproveitando a deixa para mandar a polícia do congresso expulsar na marra as “26 pessoas assalariadas” que bagunçavam a sessão.

Ainda naquele dia o candidato do PSDB derrotado na última farsa eleitoral, Aécio Neves, que após as eleições reassumiu sua cadeira de senador, foi outro representante das fileiras da velha direita a tentar posar de “progressista” no esteio da podridão generalizada e da falência total até mesmo do mero discurso “à esquerda” de Dilma, além do monstrengo reacionário que é a sua “base de apoio” renan-pecedobista, por assim dizer. Diante das cenas de seguranças engravatando velhas dondocas e tacando choque em jovens e frágeis professores de História “sem estrutura física” — e que nas redes sociais pedem punições para quem pegou em armas contra o gerenciamento militar —, Aécio não perdeu a oportunidade de cacarejar que impediram “o povo brasileiro” de participar daquela sessão e que faltou “respeito à democracia”.

Para completar o circo dos horrores, no dia seguinte, à hora da sessão remarcada para a votação, eis que surge o cantor Lobão na porta do congresso nacional gritando que “é imoral impedir o povo de entrar na casa do povo”... Ele, que anda liderando “manifestações” de meia-dúzia de fascistas mais alvoroçados que pretendem a deposição do gerenciamento petista em prol de um “governo”, digamos, sem ex-operários e ex-guerrilheiros.

Tudo isto, ou seja, todo este cenário em que alguns dos maiores e mais notórios membros da velha direita e ingratas revelações das fileiras do fascismo se sentem à vontade para posarem de defensores do povo e da liberdade de manifestação, e sem que sejam constrangidos, é fruto de uma mixórdia de equívocos envolvendo a pequena política e conceitos políticos mais amplos, onde tudo se confunde, inverte-se, mistifica-se sob a égide do grande esforço de despolitização das massas promovido pelo PT-pecedobê.

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