O povo rechaça o massacre olímpico e a farsa eleitoral

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Em 21 de agosto de 2016 terminaram os jogos olímpicos Rio 2016 marcando o início dos jogos paralímpicos, que encerrarão um ciclo de quase dez anos de megaeventos no Rio de Janeiro e no Brasil.

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Jogos Pan-Americanos, Copa das Confederações, Copa da Fifa e, por último, o massacre olímpico foram fartamente utilizados para incrementar as políticas fascistas do velho Estado de remoções de comunidades inteiras, repressão, assassinatos das massas nas favelas e periferias, arrocho e ataques aos direitos do povo, perseguições e repressão contra ativistas e movimentos populares. Massacre continuado a que as massas rechaçaram com a brava resistência e ao qual opuseram suas barricadas em chamas e combativos protestos populares. À essas revoltas na cidade, somam-se as lutas dos povos indígenas, remanescentes quilombolas e camponeses por terras e território, contra o genocídio e as campanhas de criminalização, contra os ataques de bandos de pistoleiros e das forças de repressão. Os camponeses têm resistido na primeira linha contra o fascismo em nosso país, vertendo seu valoroso sangue para destruir o latifúndio, por terra para quem nela vive e trabalha.

Se fosse em outros tempos, a politicalha da semicolônia Brasil estaria se vangloriando pelo “grande feito” olímpico. Os monopólios não se cansaram de exaltar como “o Brasil soube organizar uma grande festa”. Sabujos e entreguistas prepararam uma festa apoteótica no estilo global como embrulho de presente para as transnacionais que exploram e lucram bilhões com o suor e sangue derramados pelo povo.

As velhas raposas do Partido Único tiveram que passar longe, fechar o bico ou piar baixinho nas cerimônias. E receberam estrondosas vaias do público. Para os monopólios que detêm os direitos de venda e lucro com os megaeventos, pouco importa quem ocupe o posto de gerente federal da semicolônia, contanto que este ou esta sirva aos seus interesses.

E se as imagens transmitidas de dentro dos estádios e dependências olímpicas mostravam um ambiente de confraternização (e veremos mais abaixo que também não foi bem assim), as massas combateram o massacre olímpico nas ruas, favelas, e seguem resistindo.

Durante os jogos, sinistras operações policiais foram realizadas em diversas áreas do Rio de Janeiro. Acari, Cidade de Deus, Borel, Manguinhos, Alemão, Maré, Del Castilho e Cantagalo foram invadidos pelas forças de repressão e pelo menos oito pessoas foram assassinadas nas operações policiais (três em Del Castilho, quatro na Maré e uma no Cantagalo); nas favelas de Acari e Manguinhos também há informações sobre mortos durante operações.

Em Del Castilho, o sangue dos três jovens assassinados formou um verdadeiro rio de sangue numa viela. O crime olímpico que foi criminosamente silenciado pelos monopólios é o retrato do massacre continuado dos pobres no Rio de Janeiro e em todo o país. Moradores dessas áreas também relataram outras atrocidades policiais como invasões de domicílio, ameaças diretas e agressões físicas e verbais por parte da polícia.

Ademais de todo esse massacre e subjugação nacional, o megaevento,  realizado sob um monstruoso aparato de guerra, cumpriu o papel de legitimar o Estado policial com a ocupação militar ostensiva de diversas áreas da cidade, além da conferir ares de legalidade a todos os tipos de abusos de autoridade. Situação comprovada com a prisão de 12 “suspeitos” pela operação hashtag, enviados para uma penitenciária de segurança máxima no Mato Grosso do Sul, conforme denunciamos no editorial da edição nº 174. E, apesar de nenhum dos “suspeitos” ter sido oficialmente indiciado em algum crime, na noite de 18 de agosto (e com a proximidade do início dos jogos paralímpicos), o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba (PR), renovou a prisão temporária de todos por mais 30 dias.

EXPLORAÇÃO E ABUSOS

E engana-se quem acha que os abusos se voltaram somente contra os que estavam “de fora”. Segundo o site The Independent, cerca de 30% dos “voluntários” das Olimpíadas abandonaram seus postos durante os jogos. Entre as denúncias feitas por eles estavam os horários abusivos para o exercício de suas funções, a má qualidade da comida oferecida ou o oferecimento de um “lanche leve” para pessoas que eram orientadas a trabalhar por 9 horas (e de graça!). O comitê olímpico Rio 2016 também recebeu multas por descumprir a CLT e obrigar funcionários a cumprir jornadas desumanas de trabalho.

Os crimes contra os trabalhadores não se limitaram somente ao período olímpico oficial. Segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro, as obras olímpicas, somente na cidade do Rio, registraram a morte de pelo menos 11 operários, número superior ao das obras da Copa da Fifa realizadas em todo território nacional. Somam-se a esses números os assassinatos disfarçados de “acidentes de trabalho” nas obras da Copa, os operários mutilados e submetidos a condição de “trabalho escravo”.

ABAIXO A FARSA ELEITORAL!

Nem bem terminou o megaevento olímpico e a politicalha das diferentes siglas do Partido Único se lançam ávidos para mais uma farsa eleitoral que, na cidade do Rio, será realizada também sob intervenção militar das forças armadas, tamanho o pavor que os gerentes de turno e as classes dominantes têm dos atos de revolta das massas. O anúncio foi feito no dia 22 de agosto, um dia após o encerramento oficial dos jogos, pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.

O monopólio da imprensa já iniciou seus degradantes debates e a nojenta propaganda eleitoral do Partido Único tomou espaço no rádio, televisão e nas ruas da cidade.

No Rio de Janeiro, cidade em que o boicote derrotou o desmoralizado governador “eleito”, assim como em todo o país, o rechaço das massas só cresceu, se elevou com as labaredas das jornadas da juventude combatente em junho/julho de 2013 e seguiu inflamado nas massas mais profundas nas vielas, nas favelas e periferias, em meio a juventude e as classes trabalhadoras que bradam: Fora UPP! Cadê o corpo do Amarildo! Liberdade para Rafael Braga! Preparar a Greve Geral! A justa revolta popular se desenvolve nas greves dos garis, trabalhadores em educação, na luta da juventude contra o aumento das passagens e pelo passe livre, nas ocupações de escolas e universidades, nas lutas das massas por saúde, educação etc. As massas já preparam novo massivo boicote erguendo suas bandeiras de luta contra toda essa farra de grandes burgueses e latifundiários e seu podre sistema corrupto.