O Petróleo tem que ser nosso; com essa Petrobrás?

Nada mais equivocado do que, como brasileiros, apoiarmos a Petrobrás dos dias de hoje para liderar nossos negócios com o petróleo.

A Petrobrás de hoje está muitos anos-luz afastada da empresa criada por Getúlio Vargas em 1953, a partir da Lei nº 2004, de 3 de outubro daquele ano, após intensa campanha de mobilização de massas que varreu nosso país e que, por décadas, constituiu-se no orgulho de nossa gente por suas conquistas no campo das atividades petrolíferas, no desenvolvimento tecnológico, na qualificação de seu quadro de empregados e pela total reaplicação de seus lucros em nosso país.

A Petrobrás de hoje, ao contrário, é exemplo da precarização das relações trabalhistas, já que cerca de 70% de sua mão-de-obra é terceirizada. A terceirização de atividades tem como razão de ser a redução do custo de mão-de-obra.  Ora, é mais do que evidente que trabalhadores mal remunerados apresentam baixa qualificação. Neste campo, a Petrobrás de hoje deixa de lado uma de suas principais características ao longo do tempo: a segurança de seus empregados e de suas instalações intrinsecamente conectadas com a qualificação de seu pessoal.

A Petrobrás dos dias de hoje age como uma multinacional qualquer ao explorar mão-de-obra barata nos seus negócios no Brasil, Angola, Nigéria, Benin, Gabão, Namíbia, Tanzânia, Bolívia e Golfo do México.

Na Petrobrás dos dias de hoje, o estado brasileiro tem apenas controle formal do capital. Uma pequena maioria das ações ordinárias – com direito a voto - ainda está em poder do estado brasileiro ou de seus representantes. As demais estão em mãos de acionistas privados, até mesmo estrangeiros, já que a partir da vigência da Lei nº 9478, de 6 de agosto de 1997,  iniciou-se a negociação de ações da empresa em bolsas de valores estrangeiras, especialmente na Bolsa de Nova York.

Das ações preferenciais, significativa participação está em mãos privadas, incluindo aí também pessoas físicas e jurídicas estrangeiras.

Portanto, a Petrobrás de hoje é veículo de importante remessa de lucros para o exterior, fato até a pouco impensável e ainda hoje desconhecido da maioria dos brasileiros.

Está muito claro a partir desses fatos que a Petrobrás de hoje é muito diferente da empresa que nos trouxe orgulho e dignidade. A Petrobrás de hoje não seria merecedora nosso apoio e empenho para ser a executora do monopólio estatal do petróleo ao tempo em que este vigorou.

O inútil patriotismo típico dos hinos nacionais de países periféricos recusa-se a perceber esses fatos. Ou o que é pior: alguns continuam usando a Petrobrás dos dias de hoje, sem modificar seu rumo, como tema de suas campanhas eleitoreiras.

Portanto, antes de defender a Petrobrás como empresa brasileira, é preciso defender uma radical alteração nos seus rumos. A Petrobrás de hoje se vulgarizou no mundo do capital e, por conseguinte, tornou-se indefensável.

Para que o petróleo volte a ser nosso, necessitamos de uma empresa à altura dessa empreitada. A Petrobrás de hoje não preenche este requisito.