Pensando o Pré-sal com ideias alheias (com algumas correções)

Ainda sobre o Pré-sal. Há muita gente em nosso defasado país que acredita que a produção de petróleo a partir de reservatórios do Pré-sal será nossa redenção.

É claro que esta crença envolve certo grau de vaidade patriótica e só. A descoberta de petróleo a esta altura da história é tardia. Cada vez mais a energia gerada a partir das “fontes sujas” – petróleo, carvão e gás natural – é vista com mais antipatia por gente responsável e inteligente.

É necessário raciocinar de modo autônomo. Pessoas comuns transferem seu direito de pensar livremente para a grande mídia ou outras fontes, em geral, corporativas. Neste caso, a fonte corporativa das informações é a Petrobrás, atualmente uma multinacional como outra qualquer. Desde os anos 90, a Petrobrás tem acionistas estrangeiros de peso. Embora ainda minoritários, esses acionistas conseguem se impor pela experiência nos negócios.

Pessoas comuns raciocinam de modo linear, sob a influência das campanhas publicitárias das empresas na grande mídia. Essa gente não consegue enxergar nada do que há por trás dos grandes negócios feitos entre corporações.

70% do petróleo refinado no mundo tem como objeto alimentar os ineficientes motores de combustão interna para veículos cada vez mais imobilizados pelo excesso de veículos e pela falta de espaço para sua circulação nas cidades.

Outro dia me disseram: “se o Pré-sal fosse um mau negócio não viriam a Shell, a Total e duas estatais chinesas investir”. Este é simplesmente um raciocínio linear e simplório. Estas empresas já são ou estão prestes a ser parceiras das montadoras de veículos movidos a gasolina ou óleo diesel com seus motores burros e cujo rendimento não passa de 25 a 30%. Elas precisam mostrar ao Brasil e ao mundo que os veículos que suas parceiras produzem devem ser consumidos.

Ao longo dos últimos 100 anos esteve clara para todos a nociva parceria entre a indústria petrolífera e a indústria automobilística. Quem não se lembra das famosas “banheiras” movidas a gasolina produzidas em Detroit, EUA, até os anos 1970? Com o primeiro choque do petróleo, os americanos tiveram que abrir mão daquele desperdício.

Ainda hoje se usa demais esses veículos. Há um crescimento de doenças cardíacas, da hipertensão e da obesidade em consequência da vida sedentária, sendo boa parte dela passada dentro desses veículos em congestionamentos urbanos. Já há alguns movimentos na direção do uso das bicicletas e das caminhadas. Os médicos recomendam enfaticamente as caminhadas e os exercícios.

Vivemos, cada vez mais, o momento de buscar e implantar fontes de energia mais inteligentes. As fontes de energia “sujas” e seus produtores tornam-se cada vez mais antipáticos ante a população em geral. Não faz, portanto, sentido estar vaidoso com a descoberta e produção de petróleo e gás no Pré-sal.