Algumas distorções da matriz energética mundial

Neste momento de crise, em que ninguém ainda tem uma noção exata de para onde ela nos vai conduzir, cabe mais um pouco de reflexão acerca da produção, uso e custos da energia.

A matriz energética global está baseada, desde a Revolução Industrial do século XVIII, em fontes de energia de origem fóssil (petróleo, carvão mineral e gás natural). Nestes mais de dois séculos, muito pouca coisa mudou em termos qualitativos, ao passo que em termos quantitativos, os volumes demandados sofreram estrondoso crescimento. Com efeito, mais de 80% da energia que o mundo consome atualmente é de origem fóssil (ver tabela a seguir).

Fonte
Participação (%)
Petróleo
34,3
Carvão mineral 25,1
Gás natural 20,9
Energias renováveis 10,6
Nuclear 6,5
Hidráulica
2,2
Outras
0,4

De fato, a sociedade atual, em especial a do chamado Primeiro Mundo – EUA, Europa Ocidental e Japão – habituaram-se a um nível de consumo energético incompatível com o espaço em que vivem. Assim é que, de uns tempos para cá, tornou-se rotina que indústrias dos países centrais, intensivamente consumidoras de energia, transferissem suas unidades mais poluidoras – siderúrgicas, químicas e petroquímicas - para países periféricos, onde as restrições ambientais são ainda bastante frouxas. Curiosamente, os países que recebem esse tipo de investimento ficam felizes da vida com o que acreditam ser um gesto de boa-vontade dos investidores ricos do norte desenvolvido. Aproveitando-se do clima de festa que a inauguração de uma dessas plantas traz, os políticos populistas das sociedades mais atrasadas declaram-se responsáveis pelo progresso que este fato trará à região.

A conseqüência desta migração é que, em breve, grandes áreas dos países mais pobres vão usufruir de um modelo híbrido e perverso: degradação ambiental e empobrecimento. A pobreza será decorrente da lógica do modelo econômico que rege este fenômeno, a saber:

1.    Os lucros do negócio são remetidos para os países de origem das empresas;
2.    Os países-anfitriões concedem generosos benefícios tributários para a atração dessas empresas e;
3.    A geração de empregos, embora real, limita-se à mão-de-obra de baixa qualificação e remuneração, a fim de viabilizar a rentabilidade do negócio.

Em resumo, as três vias que poderiam gerar algum benefício para os países mais pobres neste processo simplesmente não existem ou são bastante minimizadas – reinvestimento de lucros, pagamento de tributos e salários.

Enquanto viver o capitalismo, dificilmente esta lógica vai ser alterada. A questão posta é que, nos países periféricos, políticos de pouca envergadura usam um discurso sem nexo e sem sustentação na realidade. É comum ouvi-los pregando aos quatro ventos que nossos países vão alcançar um padrão de consumo de energia similar ao dos EUA, Europa e Japão. Isto é inviável nos moldes vigentes. Nosso planeta é finito e não suportaria tamanha agressão. Cabe propor alternativas e onde ainda existe espaço de manobra para as sociedades mais desfavorecidas é a sua matriz energética. Países como a China, a Índia, Brasil, Egito, México e outros devem usar sua criatividade para conter a crescente agressão ao meio-ambiente.

O desenvolvimento de outras fontes de energia e o aumento da eficiência energética das máquinas e equipamentos precisam ser enfrentados com vontade e seriedade. Já chegou até mesmo a hora de começarmos a planejar uma sociedade menos consumidora de energia, menos comodista e, portanto, e mais saudável.

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