O tempo se esgota para o petróleo

As reservas mundiais provadas de petróleo alcançam hoje cerca de 1,18 trilhão de barris, de acordo com a revista especializada Oil & Gas Journal. Reservas provadas são aquelas quantidades de petróleo que, nas atuais condições de tecnologia e custo, podem ser extraídas dos reservatórios. Considerando a atual taxa de consumo global – 82 milhões de barris por dia - este volume seria suficiente para suprir a demanda mundial até cerca de 2050.

    Todavia, os cientistas têm reclamado por uma revisão da quantidade das reservas provadas de petróleo, já que, segundo eles, o fim das reservas poderá ocorrer antes do que os governos e as empresas têm admitido, dado que estes e estas têm uma tendência já conhecida para inflar os números.
    Os pesquisadores do Centro de Análises sobre a Queda da Produção de Petróleo, baseado em Londres, informam que o pico da produção de petróleo ocorrerá entre 2007 e 2011 antes que esta entre num declínio inexorável, produzindo grandes impactos na economia mundial e no nosso modo de vida.
    Segundo a “teoria do pico de produção de petróleo”, o consumo global vai alcançar a taxa de novas descobertas, logo depois vai ultrapassá-la e então passará a reduzir o volume de reservas conhecidas.
    De acordo com as pesquisas do Centro de Análises britânico, o pico de produção do chamado “óleo convencional” – aquele cujos custos de descoberta e produção são baixos – ocorreu em 2005. Mesmo quando se levam em conta as novas fronteiras do negócio - o óleo a ser extraído das areias betuminosas, de águas profundas, das regiões polares e da liquefação de frações do gás natural - o pico ocorrerá em 2011, segundo o Centro.
    Afora este quadro, há ainda uma outra questão também crucial: nosso planeta será capaz de suportar as consequências, em termos de agressão e degradação ambientais, resultantes do consumo de todo este petróleo ainda por ser produzido? Já hoje, há claros sinais de que a deterioração das condições climáticas – frutos da poluição atmosférica provocada pela maciça queima de derivados de petróleo – especialmente o “efeito estufa”, responsável pela elevação da temperatura global e todos os seus impactos, muitos dos quais ainda desconhecidos, sobre a s condições de sustentabilidade da vida na Terra.
    Assim, pelas duas razões aqui expostas – o esgotamento do petróleo e a agressão ambiental – já passamos do momento de ter em mente, minimamente, um projeto alternativo para geração de energia.
    Cerca de 88% da energia que o mundo consome atualmente vem das fontes chamadas “sujas” (petróleo, gás natural e carvão mineral). O esgotamento das reservas de petróleo e gás em meados deste século, assim como a redução de seu uso como fonte de energia primária em função da necessidade de preservação ambiental, abrirá espaço para alternativas mais limpas – biocombustíveis, solar, eólica, das marés, etc. – somadas a uma mudança no modo de vida ocidental, baseado no uso excessivo de energia fóssil. Infelizmente, as reservas de carvão mineral terão sobrevida mais longa, tendo na China, Rússia e EUA seus maiores consumidores.
    Tomando estes dados como bússola e norma para construir um plano de vôo responsável, a humanidade terá dado passos seguros no sentido de lançar as bases para uma vida melhor, mais segura e tranqüila para a geração que está nascendo agora.