Dá para confiar nos produtores de etanol?

Nas minhas andanças no último feriado, cheguei a ver o litro de álcool combustível a R$ 1,95. Este número representa um aumento de mais de 22% em relação ao preço médio pago na cidade do Rio de Janeiro até setembro deste ano.

As explicações para esse comportamento dos preços - dada pelos produtores - é a elevação do preço do açúcar no exterior, o que leva a um desvio de parte da produção da cana-de-açúcar (matéria prima para ambos os produtos (álcool e açúcar) para a produção de açúcar, reduzindo a oferta de álcool e elevando seus preços no mercado doméstico.

Um dos motivos desta alta do preço do açúcar foi a quebra da safra de cana da Índia, que vai levar o país - que é o maior consumidor mundial do produto - a terminar o ano com um déficit de cerca até 7 milhões de toneladas desta da commodity.

Além disto, os EUA precisarão importar grandes volumes de etanol do Brasil para atender as metas de utilização de biocombustíveis avançados impostas pelo mandato criado pelo Padrão de Combustíveis Renováveis dos EUA, conhecido por RFS, da sigla em inglês. A afirmação foi feita pela analista da trading francesa Sucres et Denrees, Karim Salamon. Segundo ela, os EUA dependerão de forma expressiva do etanol brasileiro para cumprir os mandatos estabelecidos, que são de 757 milhões de litros em 2010, atingindo 15,1 bilhões de litros em 2022. Para agravar o quadro, a produção de etanol de milho – altamente subsidiada por lá - vai sofrer um sensível impacto para menos por causa dos problemas climáticos enfrentados por lá no último verão.

Após mostrar esta paisagem em torno do álcool de cana, cabe a pergunta: dá pra confiar nos produtores de álcool e açúcar dado que eles têm demonstrado sua alta capacidade de especular com os preços e a oferta em decorrência de qualquer fato inesperado em qualquer espaço do globo?

É certo que a combustão do etanol é bem menos agressiva que a da gasolina, quando se cogita da emissão de gases causadores do efeito-estufa em nossa atmosfera, especialmente o dióxido de carbono (CO2). É certo também que tanto o etanol quanto a gasolina são usados apenas para gerar energia para acionar motores de veículos de passeio, para o transporte individual e para contribuir para o congestionamento de nossas grandes cidades.

Não se pode deixar de considerar também as consequências das especulações e do aumento do preço do etanol na gestão dos negócios públicos. Ainda este mês, o governo brasileiro vai participar da Conferência do Clima a se realizar em Copenhague, na Dinamarca. Neste fórum os países vão assumir compromissos para reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento global. Um dos trunfos do Brasil é justamente o seu programa de biocombustíveis, no qual o emprego do etanol é um dos pontos fortes.

Outro ponto a lembrar é que, em função do aumento do preço do etanol no mercado interno, o governo já pensa em reduzir o conteúdo de álcool anidro na gasolina. É inegável que mesmo uma fração de álcool na gasolina já contribui efetivamente para a redução das emissões de gases causadores do efeito-estufa.

Em resumo, a produção de etanol é assunto muito sério para ficar ao bel-prazer de especuladores e gananciosos.

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