A decadência da Petrobrás

É triste ver a Petrobrás ocupar a manchete dos jornais por causa de deficiências na segurança e na qualidade de seus equipamentos instalados em plataformas offshore. São fotos e relatos contundentes sobre a queda dos padrões de segurança e qualidade de algumas de suas instalações no mar.

Alguns poderão alegar que se trata de campanha orquestrada por grandes órgãos da mídia visando comprometer a eleição da candidata governista e beneficiar seu principal opositor, o neoliberal José Serra.

Poderia até ser válido esse argumento não fora a origem das informações divulgadas anteriormente às publicadas pela grande mídia. Quem primeiro noticiou os problemas foi o informativo da federação dos petroleiros – a FUP - ligada à CUT que, todos sabemos, é uma central com feições claramente governistas.

Este é apenas um aspecto da decadência da maior empresa brasileira. Outra questão a ressaltar é a sua relação com seus empregados ativos e ex-empregados aposentados. Desde a promulgação da Lei nº 9478, é muito evidente a queda dos padrões de relacionamento da empresa com seus empregados.

Foi nos anos 70 do século passado que a Petrobrás passou a co-patrocinar, junto com seus empregados, um fundo de pensão cujo objetivo era possibilitar uma vida financeiramente equilibrada durante suas aposentadorias. Reside justamente nesta questão uma das evidências da deterioração de seu relacionamento com seus empregados. No final da década de 90 do século passado, a Petrobrás, então por força do governo neoliberal da época, propôs a seus empregados ativos aquilo que foi chamado de “repactuação” das condições e compromissos do fundo de pensão. O fundo deixava de ser um fundo de “benefício definido”, onde o empregado sabia de antemão quanto iria receber após aposentado para se tornar um fundo de “contribuição definida” onde o empregado apenas passou a conhecer apenas com quanto vai participar enquanto contribuinte, ao passo que seu benefício pós-aposentadoria ficaria entregue ao sabor das oscilações do “mercado”.

Em resumo, a Petrobrás transfere as incertezas da especulação financeira para seus empregados e preserva o lucro de seus acionistas. Esta visão é a que predomina hoje em dia entre as grandes corporações. Antes dessa deterioração, os custos das empresas com fundos de pensão eram encarados como investimento para ter empregados mais satisfeitos, motivados e produtivos.

Outro ponto em que a relação da Petrobrás com seus empregados tem se deteriorado refere-se à questão da assistência médica. Antes do governo neoliberal do PSDB (1995 – 2002), a Petrobrás propiciava um plano de assistência médica de elevado padrão de qualidade a seus empregados. Até então, também este plano era encarado como investimento para ter empregados mais satisfeitos, motivados e produtivos. Outra vez, percebe-se claramente uma redução na qualidade no atendimento e na abrangência desse plano de saúde. Por força da lógica do capital e do lucro, a empresa passou a considerar seus custos com o plano de assistência médica como despesa e que, como tal, interferem no lucro de seus acionistas.

É bastante lamentável notar a decadência da Petrobrás, mormente em alguns setores. O que causa mais preocupação é perceber que a empresa está agindo exatamente como as multinacionais o fazem: consideram os empregados como material de consumo pronto para ser substituído. Todavia, não podemos parar por aqui. Em setembro próximo a Petrobrás vai fazer uma nova chamada de capital. Na certa, mais investidores de Wall Street preparam-se para se tornarem acionistas da empresa. Para os empregados, é muito provável que  o clima vai se tornar pior.
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