Pobreza, falsidade e mistificação

Uma avaliação simples das campanhas dos candidatos mais cotados à presidência da República indica a pobreza, a mistificação e a falsidade do discurso de cada um deles.

A candidata do atual governo promete aprofundar os avanços realizados nos últimos sete anos e meio, privilegiando os ganhos sociais. A pobreza desse discurso fica evidente quando temos consciência de que qualquer avanço que porventura tenha havido em qualquer área faz parte de obrigação de qualquer governo.

Para isto seus funcionários são pagos, especialmente o (a) presidente da República, com nosso dinheiro. O (a) presidente da República, ao ser empossado, (a) passa a morar num palácio, tem um avião de grande porte privativo e tem asseguradas segurança pessoal e uma aposentadoria vitalícias.

A carga tributária no Brasil é das mais altas do mundo o que deveria implicar em termos os melhores serviços públicos do planeta e não temos. A Constituição Federal é bastante clara em seu artigo 6º que estabelece: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Portanto, os governantes nada mais fazem do que sua obrigação ao fazerem cumprir o mandamento constitucional. Do modo como as coisas são colocadas na propaganda dos candidatos fica a impressão, para os menos avisados, de que tal ou qual candidato está, no fim das contas, fazendo um favor à sociedade ao cumprir o mandamento constitucional.

O outro candidato falseia os fatos, pois, apesar de já ter sido ministro da saúde, prefeito da maior cidade do país e governador do mais rico estado brasileiro ficou bastante aquém do cumprimento do mandamento constitucional acima citado.

Se nos aprofundarmos ainda mais no texto constitucional, observaremos, em seu artigo 206 o seguinte mandamento: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios – inciso IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Inciso VII - garantia de padrão de qualidade”. Quem conhece São Paulo sabe muito bem que o ex-governador do Estado não atendeu este mandamento da Carta Magna. Pela falta de qualidade do ensino público paulista, as famílias de classe média têm sido forçadas a matricular seus filhos em estabelecimentos de ensino privados.

Ultimamente, o candidato da oposição tem dito nas suas aparições na mídia que vai criar o ministério da segurança pública. Ora, o estado que ele administrou tem uma das áreas mais violentas do país – a Grande São Paulo – sem que ele tivesse feito nada para resolver a situação na sua gestão.

Mesmo que faça isto caso eleito, vale repetir: será feito com nosso dinheiro e ele apenas cumprirá sua obrigação ao atender o mandamento constitucional fixado no artigo 6º de nossa Carta Magna tão vilipendiada pela classe política. Em resumo: no Brasil governante algum faz favores à sociedade ao exercer seu papel. Operários fazem seu trabalho e, para tanto, são remunerados; engenheiros fazer seu trabalho e, para tanto são remunerados; políticos, nem sempre fazem seu trabalho, mas, mesmo assim, são regiamente remunerados.

A sociedade brasileira precisa alterar esse quadro rejeitando esses políticos que ora se apresentam com esse discurso pobre, falso e mistificado.

"O Brasil não passa de um imenso Paraguai" - A.Pertence