Viva o dinossauro (II)

Meu primeiro artigo de 2007 para esta coluna procurou fazer um balanço das descobertas paleontológicas recentes sobre os dinossauros, ainda os animais extintos mais populares do público leigo. Terminei-o prometendo continuação na semana seguinte, mas as chuvas no Norte e Noroeste Fluminenses desviaram minha atenção para questões mais próximas. Vamos ver se eu cumpro a promessa agora.

No primeiro artigo, abordei a descoberta de novas espécies da família dos titanossauros, do grupo dos saurópodes e da ordem dos saurísquios, os maiores animais que já habitaram a Terra, todos eles herbívoros. Na ordem dos saurísquios incluem-se também os dinossauros carnívoros, tema deste artigo. Os dinossauros imperaram por mais de 140 milhões de anos, entre os períodos Triássico Médio e Cretáceo Superior. Presume-se que a origem da ordem esteja na África, embora o assunto continue cercado de polêmicas, a meu ver ligeiramente contaminadas pelo nacionalismo dos cientistas.

Uma equipe de pesquisadores da Itália, dos EUA e da França, sob coordenação de Cristiano dal Sasso, descobriu, no norte da África, fósseis de um dino carnívoro maior que o Tiranossaurus rex, o Spinosaurus aegyptiacus, com idade de 100 milhões de anos. O argentino Gigantosaurus, do Cretáceo (entre 135 e 65 milhões de anos), é o segundo maior. No sul da Alemanha, foram encontrados fósseis de um dino batizado como Juravenator starki, um carnívoro ágil de apenas 80 cm de comprimento. Ele foi descrito por Luis Chiappe e Ursula Gödlich. É extremamente parecido com o Sinosauropteryx, da China, que tinha boa parte do corpo coberta com penas primitivas. Os paleontólogos supunham que a presença de alguma forma de pena era característica comum aos celurossauros, um grande grupo de dinos carnívoros que inclui o Juravenator, o Velociraptor e o Tyrannosaurus. Nos dinossauros com penas, a cobertura está presente em todo o corpo. Com a descoberta do Juravenator, será necessário repensar esta particularidade.

Na América do Sul, a Patagônia Argentina é um dos sítios mais ricos em se tratando de fósseis de animais pré-históricos, mais talvez pela intensidade das pesquisas do que pela concentração de testemunhos. Restos encontrados lá foram descritos por Rodolfo Coria e Phillip Currie, caracterizando uma nova espécie, o Mapusaurio rosae, com idade calculada em 100 milhões de anos. Ossos achados em conjunto sugerem que o animal caçava em grupo para capturar grandes herbívoros. Tinha 30 cm a mais que o Gigantosaurus, também encontrado na Patagônia.

No Brasil, a descoberta de uma garra fossilizada, em Peirópolis, Minas Gerais, remete à existência de um dinossauro emplumado que não conseguia voar, mas era capaz de destroçar suas presas com facilidade. Viveu há 70 milhões de anos. Tinha no máximo dois metros de comprimento, 60 centímetros de altura e 80 quilos. Era bípede e carnívoro, segundo Luiz Carlos Borges Ribeiro, um dos autores do estudo, e pertence ao grupo dos maniraptores, intermediário entre os dinossauros e as aves. Nada de semelhante a esta garra foi descoberto na América do Sul, o que pode apontar para um novo grupo de dinos, ainda desconhecido. Também assinam o estudo Ismar de Souza Carvalho, da UFRJ, e Fernando Emiliano Novas, do Museu Argentino de Ciências Naturais. As penas aparecem bem antes que os primeiros dinossauros voadores, como elemento de regulação térmica. A rigor, as aves são consideradas membros desse grupo. Os autores da descrição crêem que o fóssil tem relações mais próximas com os oviraptossauros, dinossauros ladrões de ovos, comuns na Mongólia. A presença de uma quilha cortante na ponta da garra e de uma articulação em forma de oito entre a unha e a mão tornariam o animal único entre os dinos conhecidos.

Neste ponto, merece menção um pterossauro, embora pertencente a um grupo não incluído entre os dinossauros. Trata-se do Thalassodromeus sethi, pterossauro de crista espetacular, descrito em 2002, e que mereceu da imprensa o predicado de monstro. É como chamar a baleia, o elefante e o rinoceronte de monstros. David Martill e Darren Naish, da Universidade de Portsmouth, dizem ser um exemplar da espécie Tupuxuara longicristatus, em fase adulta. Alexander Kellner, do Museu Nacional (UFRJ), e Diógenes Campos, do DNPM, sustentam ser espécie distinta.

Entre os carnívoros, cabe referência ao antigo Staurikosaurus princei, que viveu há 225 milhões de anos, no Rio Grande do Sul, e ao Irritator challengeri, que viveu há 110 milhões de anos. Como se vê, a paleontologia está merecendo cada vez mais destaque na América do Sul.

 

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