Sol e chuva

Em toda a superfície da Terra, os fenômenos climáticos vêm batendo recordes e causando catástrofes. Desde que começaram os registros de temperaturas, de secas e de enchentes, os anos recentes têm se revelado os mais cruciais: furacões, tornados e ciclones no hemisfério norte e até no sul. Chuvas copiosas em vários lugares do mundo, causando desastres incalculáveis em termos de mortes e de prejuízos econômicos. Secas inclementes, que assolam economias tradicionais e populações pobres. Na Inglaterra, a maior enchente; no Rio de Janeiro, o dia mais quente do ano; no hemisfério norte, as temperaturas mais baixas, desde que começaram os registros, ocorreram em 2012.

Embora eu não seja climatologista, acompanho as pesquisas sobre mudanças climáticas e já estou suficientemente convencido de que elas são verdadeiras. Amplio o leque dos problemas ambientais que assolam a Terra na época holocênica, o que agrava mais ainda a crise ambiental da atualidade. A tendência parece apontar para a alternância de chuvas e de estiagens imprevisíveis e atípicas. Nenhum esforço de pessoas e de grupos isolados poderá reverter tais fenômenos. Só mesmo a ação coordenada dos governos, principalmente nas grandes potências econômicas já consolidadas e emergentes, o que inclui a China, a Índia e o Brasil.

Por tudo que acumulei em termos de informações e de experiências, o futuro próximo será marcado por desastres climáticos, por destruição em larga escala e por doenças transmissíveis. Talvez nem mesmo uma ação concertada das potências poderá evitar os dias (e as noites) sombrios que se avizinham.

Diante de previsões tão pessimistas, não seria melhor eu calar a boca e cruzar os braços? Se eu tivesse certeza de que tudo está perdido, sim. Mas não tenho. Por isso, continuo escrevendo e atuando. Além do mais, algum fator aleatório pode entrar em cena e mudar o panorama.

No que concerne às regiões norte e noroeste do Estado do Rio e a região sul capixaba, que reúno, para fins de estudo, no que denomino Ecorregião de São Tomé, incluindo ainda a Zona Serrana fluminense e a Zona da Mata, o que se pode fazer para mitigar as catástrofes causadas por mudanças climáticas? Relaciono algumas medidas pelo menos paliativas.

1- Trabalhar sempre com o cenário de que a humanidade construiu, coletivamente, uma civilização capaz de alterar os equilíbrios ambientais básicos estabilizados nos últimos dez mil anos. Assim como tais equilíbrios começaram a ser rompidos nos últimos quinhentos anos, não podemos restabelecê-los no curso de uma geração. Qualquer esforço para evitar totalmente catástrofes climáticas sem considerar a perspectiva de grandes mudanças ecológicas só criará profundos sentimentos de culpa individuais e coletivos. Por outro lado, deve-se evitar o outro extremo: já que nada pode ser feito, a melhor postura é a do imobilismo cínico.

2- Promover programas sérios de reflorestamento, com espécies nativas de cada ecossistema, nas áreas frágeis e vulneráveis. Infelizmente, a bancada ruralista no Congresso Nacional se empenhou em transformar o Código Florestal num Código Rural. Esta visão imediatista se assemelha a um efeito bumerangue, pois as atividades rurais serão profundamente afetadas pelos fenômenos climáticos extremos. Entre nós, a devastação florestal da Zona da Mata, do Noroeste Fluminense e do Sul Capixaba só contribui para agravar as enchentes e as secas, na medida em que não há matas para conter água de chuva e proteger os pontos de recarga de aquíferos.

3- Recuperar os reservatórios naturais de água, tanto para reduzir o impacto das enchentes quanto para suprir as necessidades de água nas estiagens. Tomemos o caso do estirão final dos Rios Paraíba do Sul e Muriaé. Se algumas lagoas estratégicas fossem restauradas em suas margens, elas se tornariam áreas de escape e bacias de reservação gratuitas e contribuiriam para aplacar as enchentes e disponibilizar água para as atividades rurais nas secas. Quando examinamos os pequenos cursos d'água do sul capixaba e do Município de São Francisco de Itabapoana, verificamos que eles foram barrados por proprietários em benefício próprio, impedindo que mantenham seus desaguadouros abertos. O correto é conservá-los íntegros da nascente à foz, com suas margens reflorestadas. O que se pode fazer é construir lagoas marginais que possam acumular a água excedente em período de chuvas, reduzindo a força devastadora das cheias, para serem usadas durante das estiagens.

4- Impedir a ocupação de áreas sujeitas a enchentes por núcleos urbanos e transferir as pessoas de baixa renda para lugares seguros sem ônus para elas.

Perfurar poços e bombear água do Rio Paraíba do Sul e da Lagoa Feia, como de quaisquer outros rios e lagoas, conforme preconizam o INEA e as prefeituras, serão sempre medidas emergenciais e paliativas.

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