Laerte Braga em foco

Quando Gilmar Mendes, ministro do STF, fala em cleptocracia, está emitindo um julgamento prévio, o que é descabido e ao mesmo tempo se defendendo, pois sabe que é parte da quadrilha e está na corte para garantir essa quadrilha. Seu estilo é o ideal para os bandidos. Ameaça, intimida, rosna e isso tanto é ataque, como defesa. Nem ACM o suportava, achava-o baixo demais para o STF. Quando há um tumor ou se extirpa e assim se vive, ou se permite a metástase e vai para o brejo. O governo tem instrumentos para mostrar ao País quem é Gilmar Mendes. Basta querer e evitar que esse mal continue se espalhando sem controle.


As declarações de Aécio Neves sobre a vitória de Dilma e o PT ("organização criminosa) servem entre outras coisas para revelar o desequilíbrio do candidato tucano derrotado. Com certeza fez tais declarações movido a poderes de pós mágicos. É o comum nele. Dentre todos os efeitos e absurdos que contêm, as declarações mostram uma espécie de algo oculto. É que o PSDB tem hoje um comandante beirando a senilidade, FHC, um candidato derrotado imerso em corrupção e ódio golpista e ele sabe, Aécio, que na disputa em 2018 não será protagonista, mas acessório de Serra e Alckmin que vão se engolir para ver quem será o candidato. O grito de "SÃO PAULO" ao final de sua fala no dia da eleição, deixou o candidato a nu diante dos mineiros, onde foi derrotado. Aliás, li que "Cruzeiro e Atlético ganham e Aécio perde, Minas está de parabéns".


As idas e vindas de Dilma Roussef, as manobras da oposição e o conflito de classes no Brasil, mesmo que encoberto pela mídia e reprimido, deixam uma certeza. A ruptura precisa ser construída do contrário seremos tragados É necessário implementar a organização popular, as bandeiras, uma agenda comum e atrevida de esquerda, pois cedo ou tarde essa ruptura se fará de tal ordem necessária, para além da luta política, mas no cerne do próprio ser humano, que é político também, existencial, devorado na crueldade desse modelo e na tibieza dos que nos governam, presos a judiciários podres, legislativos ávidos de cargos e benesses e executivo dócil, acreditando que concessões irão permitir avanços sólidos e permanentes. É o contrário.


Camille Helena Claudel a propósito da madre superiora e do câmbio - "câmbio bom é aquele que não te deixa no ponto morto".


Um canal de tevê fechada apresenta uma série, diariamente, sobre a vida de Pablo Emílio Escobar Gavíria, Pablo Escobar, considerado o maior traficante de droga de todos os tempos. Declaração de Pablo Escobar ao seu advogado durante as negociações para cumprir pena na Colômbia e não ser extraditado aos EUA, o que seria uma aberração. "Nós bandidos quando fazemos um acordo cumprimos e não assinamos nada, basta a palavra. Os políticos assinam documentos, assinam compromissos, falam e na hora mudam de idéia, não têm princípios".


Ao falar como falou em "quase ilegitimidade" da reeleição de Dilma Roussef, FHC se esquece da sua, comprada a peso de ouro. O mais grave, no entanto, é que escolheu o local, Academia Brasileira de Letras (onde está o imortal Merval Pereira, o que avacalha qualquer academia), avisou a FOLHA, jornal tucano e falou em "judicialização" do processo eleitoral. É claro que é mais uma tentativa de golpe e vem na esteira do parecer de Gilmar Mendes sobre as contas da campanha de Dilma. Com esse parecer tentar impedir a diplomação, como consequência a posse e criar um vácuo institucional, uma crise e cumprir a missão que lhe foi dada pela Fundação Ford. Na prática sabe que isso não vai funcionar, qualquer que seja o parecer de Gilmar, mas procura cada vez mais engessar o governo Dilma e atirar pedras, na expectativa que uma delas acerte. O discurso não foi um fato isolado, se deu dentro de um contexto golpista, através da figura mais traiçoeira da política no Brasil.


Há anos atrás, logo após a criação da Universidade Federal de Juiz de Fora, uma reunião de professores das várias faculdades já existentes pretendia indicar nomes para ocupar o cargo de reitor. Seria o primeiro reitor da UFJF. Um professor da faculdade de Economia, conhecido por sua cretinice, pediu a palavra, traçou o perfil do reitor ideal e ao final disse. "Esse reitor ideal sou eu". FHC é a mesma coisa. Se alguém perguntar o presidente ideal vai falar, falar, para ao final dizer que "esse presidente sou eu". O cara se remói de ódio com o prestígio internacional de Lula.


As declarações de Fernando Henrique Cardoso ao jornal FOLHA DE SÃO PAULO, sobre a "quase ilegitimidade da reeleição de Dilma Roussef" são produto da vaidade, da arrogância e do golpismo de quem comprou um segundo mandato, comprou o PMDB para impedir a candidatura Itamar Franco e complicações para sua reeleição (planejada em Washington e Wall Street) e foi vitorioso com um exíguo número de votos numa eleição que caracterizou um golpe branco. FHC é uma figura movida a rancores, ressentimentos, ódios, além da pretensão. Como dizia Millôr Fernandes, " FhC pensa que é superlativo de PhD".