AVANTE HOMEM

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       O que está havendo com a humanidade? Onde estão os sentimentos? Não há razão para a nossa existência? Para que existimos? Essas e muitas outras indagações me deixam sem resposta diante do atual comportamento da sociedade.
       Ao sermos abordados por uma criança sem tratos, prontamente optamos por pensar que diante de nós está um delinqüente ou, no mínimo, um menor infrator do qual logo nos afastamos. Por que não nos toma naquele momento, um sentimento piedoso? A paciência para escutá-la? Vontade para lhe estender as mãos?
       Dir-me-ão os estudiosos e conhecedores dos meandros da sociedade, que são reflexos naturais de uma conjuntura atual de violência e insegurança. Pergunto? Quem criou esta conjuntura, senão nós mesmos? Como se formar uma mentalidade sadia na cabeça da criança que, desde a mais tenra infância, carece do amor dos pais, sendo atirada, sem dó, às sarjetas sob vistas grossas de governos corruptos? Imaginemo-nos nessa situação... Há de se debruçar sobre este fato para que num futuro, muito próximo, não tenhamos uma situação insustentável pela ausência de sentimentos, incomunicabilidade entre gerações, desrespeitos entre os cidadãos e um retrocesso das conquistas sociais e trabalhistas, arduamente conquistadas pela nossa sociedade.
       No Brasil, aonde a dádiva onipotente fez sua morada, nos proporcionando cinco regiões geográficas tropicais com riquezas as mais variadas como as matas, os mananciais hídricos, o urânio, o ferro, o ouro, as pedras preciosas e etc... Como justificar essa pobreza extrema, capaz de matar de fome ou causar sérias conseqüências as nossas crianças? É evidente a irresponsável concentração de rendas em mãos insensíveis. A grande parte de nossa sociedade sem direito à saúde, moradia, alimentação e cultura, é uma prova evidente da incapacidade ou irresponsabilidade daqueles que deveriam evitá-las. Enfrentar esses fatos contemporâneos é nosso dever e temos que fazê-lo, caso contrário levaremos sobre os ombros o irresistível peso da omissão. Não é mais possível estabelecer normas comportamentais numa sociedade carente de infraestrutura e deficiente. Se fomos distinguidos com a razão, devemos usá-la na busca de melhores condições de vida e de equilíbrio biológico. Cabe à humanidade interagir com tudo e com todos, jamais vê-los como concorrentes ou competidores desleais. Todos merecem seu espaço nesse mundo, criado como desafio à racionalidade, por Deus, e que sabiamente reservou para o homem, ciente de que ele seria capaz de entender a vida, respeitar os demais seres e encontrar o equilíbrio capaz de permitir a paz para todas as comunidades e o prazer de, por aqui passarem, sem queixas ou lamúrias.     
       Ou vamos à luta e enfrentamos os problemas sem medo, ou acabaremos entre as reminiscências de um passado sem glória ou história. Não defender nossos filhos da saga dos interesses capitalistas e de forças estrangeiras que nos introduzem hábitos e costumes sem a mínima ligação com nossa história ou folclore, é transformá-los em usuários de drogas, agentes de atos irresponsáveis ou novos omissos, diante do nosso espelho.
       Escritores, em seus temas poéticos, prosas, trovas e demais estilos, não deixem de lado as feridas que hoje afloram na epiderme de nossa sociedade.