Da concepção ao nascimento

Os pequenos comentários e questionamentos, às vezes nos fazem pensar por  horas sobre um determinado assunto. Recebi uma mensagem de um cliente que ao adquirir um trabalho meu fez uma pergunta que me deixou meio inquieta e pensativa.  Ele me questionou em relação ao que eu sentia ao vender uma obra: _” Como é que isso fica na cabeça do artista? Deixar partir uma parte de si? Poxa! Mesmo sem cultuar posses, penso que seja difícil.” 
Acredito que tenha sido a maneira direta de sua pergunta que me fez refletir, por vezes achamos que o mundo gira em torno de nossos umbigos, me refiro a nós “artistas” não de uma maneira negativa, mas possessiva. Quando entramos em um processo criativo, isso é basicamente uma concepção, são os momentos mais prazerosos, em que a idéia vem a nossa mente como o êxtase chega ao nosso corpo, depois vem o período da execução da obra, a qual  classificamos como gestação. Passamos então a construir a idéia concebida, alimentamos essa idéia com as cores de nossos sentimentos, traçamos e delineamos formas como se fossemos criança, assim, consideramos nosso trabalho uma verdadeira obra de criação. Como não poderia ser diferente, o nascimento desta obra se dá envolto a uma imensa alegria, porém de forma dolorosa, ao mesmo tempo em que vemos finalmente o fruto concebido, sabemos que o cordão que nos une a ele se romperá  assim que assinarmos nossos nomes no seu rodapé.
Mais um filho que veio ao mundo, e agora esta pronto para bater suas asas e ir embora, assim como os nossos filhos de verdade uma obra de arte também se vai... e, acho que o sentimento que fica é exatamente o mesmo que meu amigo citou, quando fala em “cultuar posses”.
Somos mesmo como as mães, jamais deixaremos de nos sentir donos daquele filho, mesmo estando ele distante, acho que por isso fazemos questão de manter um histórico das pessoas que compram os nossos trabalhos, é uma forma de estarmos seguros quanto aos seus destinos...
Torna-se hilário às vezes a maneira como isso se repete em todas as obras que executamos.
Tenho observado que temos sempre os filhos preferidos, e nem nos damos conta disso. Olho agora ao meu redor, nas paredes do ateliê e vejo esta predileção de maneira bastante explícita. Alguns dos trabalhos que estão aqui, já são bem antigos, mas nunca os tiro de perto de mim, enquanto que nos outros ambientes estou sempre trocando os quadros de lugar. É interessante notar que no ambiente dos filhos preferidos,  tudo se mantém estático, como se houvesse um encanto que não possa ser quebrado, uma magia que me envolve, uma energia positiva que faz com que as coisas aconteçam neste mundo imaginário onde olho pro meu umbigo todos os dias e vejo a barriga crescer...

 

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