Editorial - PT se afunda no “toma lá, dá cá” de Dilma

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Com pelo menos três espadas suspensas sobre sua cabeça, Dilma Rousseff tenta segurar a mão dos urubus que as empunham se afundando na barganha. A velha política conhecida como “oração de São Francisco” (a qual reza que é dando que se recebe) pode ser considerada como uma das marcas desta república de fancaria. Só para lembrar alguns mestres desta oração podemos citar Getúlio, Ademar de Barros, Sarney, FHC, Luiz Inácio e, superando todos os concorrentes, Dilma Rousseff, que caminha célere para proclamar: “minha vida por um mandato”. Dormindo ou acordada, ela vê os fantasmas do Tribunal de Contas da União (TCU), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Operação Lava Jato a lhe perseguir, acompanhados por uma nuvem de aves carniceiras ávidas por devorarem suas entranhas aos nacos.

Afinal, o que custa entregar o Ministério da Saúde a Eduardo Cunha se o Ministério da Fazenda já foi entregue ao FMI, via Bradesco, e se o seu gerenciamento todo está submetido à política imperialista da subjugação nacional aprofundada desde que Luiz Inácio pôs os pés no Planalto?

Não resta a menor dúvida de que destes acordos de entrega de ministérios à sua podre base aliada é que sairão os futuros escândalos de corrupção. Não importa que estejam em cursos apurações como Lava Jato ou outras do gênero, pois, sendo da natureza desta canalha, nada a intimida. O problema é que, sendo insaciável receber mais um ministério, só aumenta a voracidade. Chegará o momento que Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros interrogarão: se temos quase tudo, porque não termos tudo? E aí, Dilma já era.

E por que o PT só vê o caminho do apaziguamento? Porque se propôs a subir ao carro das classes exploradoras e empoleirar-se no topo do seu velho Estado. E nisto muito cedo perdeu a moral e o respeito diante da avidez com que foi aos cargos e, nos cargos, se comportou abaixo do limite da decência, se é que nesta seara existe decência alguma. Ora, construído sob o apanágio da demagogia e do engodo, desde os seus fundamentos, ao descer ao pântano, sem que tivesse a sagacidade de seus velhos habitantes, passou a tomar rasteiras e a afundar cada vez mais. E quem irá lhe dar a mão?

Se o povo já lhe virou as costas, resta apenas às organizações chapa branca vender-lhe a solidariedade em manifestações regadas a chope e churrasco, lembrando mais os rituais interioranos de “beber o morto” em seu velório. Querer abrir uma firma nova com o nome de “Frente Brasil Popular”, como ocorreu em Belo Horizonte no último dia 5 de setembro (e como sempre em clima de “baile da ilha fiscal”), é apenas mais uma investida para enganar incautos. Não vingará.

Enquanto isso a situação revolucionária em desenvolvimento vai tomando contornos mais claros. Seja pelo aspecto objetivo com a opressão sobre as massas ampliando-se de forma exponencial — veja o exemplo dos assassinatos de crianças nas favelas do Rio de Janeiro —, seja pelas demonstrações de rebeldia das massas declarando não se sujeitar mais a viver sob tamanhas opressão e exploração. Os índices do próprio governo, via IBGE, apontam a elevação dos índices de inflação, de desemprego, de falta de moradia, para não se falar do aumento do preço do dólar e das taxas de juros. Só para ficar na sua lorota burguesa de “fundamentos macroeconômicos sólidos”.

Os de cima engalfinham-se em pugnas e conluios. Pugna para, através da partilha do velho Estado, puxarem mais brasas para sua sardinha, já que “farinha pouca, meu pirão primeiro”. E conluio para arrancar ao proletariado e demais classes oprimidas da sociedade os poucos direitos que ainda lhe restam.

O PT, com ou sem Dilma, afundará definitivamente. Mas como força política oportunista já calejada não desaparecerá. Depois de doze anos e meio de serviços prestados às classes dominantes locais e ao imperialismo, sucumbirá desmoralizado e sem honra alguma. As próximas eleições municipais serão o atestado de óbito de seu gerenciamento de turno. E não adiantará dizer que morreu vítima de um golpe. De suicídio, sim, pois como alertamos na primeira edição do AND depois das últimas eleições: “PT RESSUSCITA A MÚMIA PSDB”.