PARA ONDE VAI DILMA?

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A sensação que a presidente Dilma Roussef passa é a de quem vive colada ao celular perguntando a Lula o que fazer e quando não consegue localizar o ex-presidente não faz nada, ou faz tudo ao contrário do que deve ser feito.

Pior, que vive num Brasil diferente daquele percebido pela maioria dos brasileiros. Enxerga os painéis, não vê o que está por trás deles.

Crucificá-la sem retornar a uma análise do governo Lula seria um ato covarde. Lula foi o presidente do foi, mas não foi. Equilibrista. Eleito em 2002 com amplo respaldo popular e um repúdio do mesmo tamanho ao período de FHC, não mudou uma só linha do governo do tucano. Tentou puxar o novelo para uma espécie de “capitalismo a brasileira” e hoje somos um País com influência reduzida em nosso próprio ambiente, a América Latina, enfrentamos a perspectiva de uma crise econômica semelhante a que enfrenta a União Européia, mas Dilma acha que a saída são medidas econômicas que garantam os privilégios de setores como bancos, indústria automotiva, financiamento a privatizações chamadas de concessões e aposta na Copa do Mundo para vencer todos os obstáculos que possam impedir sua reeleição em 2014.

Aposta que se escora na candidatura de Lula ao governo de São Paulo e a perspectiva de um candidato a governador de Minas que possa enfrentar e derrotar Aécio Neves em seu feudo.

Se não achar o rumo certo vai tomar uma trombada sem tamanho que nem Bolsa Família segura. Aquele tipo de nocaute que o lutador cai para a frente. É o momento que o médico nem espera o juiz chamar, pula logo dentro do ringue.

Todo o modelo desenhado e imposto no governo FHC está intacto. A PETROBRAS hoje corre riscos maiores que corria no governo tucano, conseqüência, lógico, da quebra do monopólio estatal do petróleo pelo tucano, mas da incapacidade de Lula e Dilma de reagirem.

Seria como deficiência de povo, conduzido como gado exclusivamente para o processo eleitoral e da falência do PT como partido de massas. Essa parte que se julgava diferenciada da outra, é parte do clube de amigos e inimigos cordiais que detém o controle acionário do Brasil.

De tudo isso sobra que a perspectiva em 2014 é entre Aécio e suas alianças que envolvem Eduardo Campos, Sérgio Cabral, entre tantos outros mágicos e a atual presidente.

O que isso significa? Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Responsabilidade de quem? Das forças de esquerda que lutam por mudanças estruturais que Lula poderia ter encaminhado? Não. Dos acordos e alianças que fazem com que bancada evangélica e bancada ruralista se regalem no Congresso Nacional em marcha acelerada para o retrocesso.

A presidente comete gafe num encontro de pessoas portadoras de deficiências e o seu ministro da Justiça numa operação que contou com participação (ajuda) da CIA, não sabe se a biruta está mostrando o norte ou o sul, tenta consertar o inconsertável.

A condenação dos réus do processo do mensalão foi uma clara provocação ao governo, uma demonstração de força dos inimigos do governo, muitas vezes assentados à mesa de almoço ou jantar de Dilma e ávidos de financiamentos do BNDES e nem se entra no mérito do processo, conseqüência da desastrada assinatura que Lula apôs na tal carta de intenções de FHC com o FMI, em plena campanha, para se mostrar “maduro” e “responsável”.

Apodreceu, passou do tempo e a responsabilidade sumiu nas alianças com gente como Maluf.

Há uma grave situação na Argentina, a reação dos grupos econômicos da comunicação (detêm o monopólio da informação), há riscos de um novo golpe branco num país latino-americano e qual vai ser a reação de Dilma?

O desastre de um chanceler que beira o patético tal e qual aconteceu no Paraguai? Ou na RIO+20?

Essa encruzilhada não se resume à sucessão de Dilma. É muito mais que isso.

O caos que se percebe na falta de ação do governo Dilma, até agora ainda com altos índices de popularidade (efeito residual), vai permitir, a continuar, que os setores mais retrógrados e atrasados do País transformem o Brasil, definitivamente, num entreposto do capital internacional. Ou um shopping para fim de semana do capitalismo internacional.

Deve ter sido por isso que até Silvéster Stalone, que beira a imbecilidade consciente, disse que “os caras são ótimos, fazem tudo o que a gente quer”

O rumo de Dilma, até agora, está sem rumo. Nem cirurgia plástica dá jeito.