A PRIVATIZAÇÃO COME SOLTA NO GOVERNO PETISTA

Um dos gurus do petismo afirmou que a presidente Dilma Roussef não privatizou os aeroportos de Cumbica, Guarulhos, Viracopos e o de Brasília. Segundo o dito cujo o que houve foi uma concessão. Ou seja, permissão para que os serviços desses quatro aeroportos sejam explorados pela iniciativa privada durante um determinado período.

Imagino qual seria a reação desse guru petista se isso tivesse acontecido no governo FHC.

O comentário foi feito numa das inúmeras listas de discussões das redes sociais e de forma furiosa com as críticas feitas ao governo Dilma, ao processo de privatização dos aeroportos e ao partido.

Soa mais ou menos como aquela história boba do cara que dá um tiro no outro e na Polícia se declara inocente afirmando “atirar eu atirei, mas quem tirou a vida foi Deus, só ele pode fazer isso”.

Dilma está aquém das expectativas. O seu governo soa como miscelânea, um doce comum no sul de Minas, mistura de goiabada com marmelada, pessegada, figada, mangada, etc, que no final não é nada e segundo os que usam dentaduras, hoje chamadas de prótese, impossível de ser comido. O “destronca dentadura”.

Se em Cuba faz uma declaração pertinente sobre direitos humanos, no Brasil reza pela cartilha neoliberal sem qualquer preocupação de ser diferente. Transforma políticas sociais em assistencialistas e eleitoreiras, com a preocupação única e exclusiva de ganhar eleições. Pior, alia-se a partidos e políticos da pior espécie.

O governo Lula construiu um aparato populista que o levou aos píncaros em matéria de popularidade. A idéia de transformações profundas na sociedade brasileira, desigual e perversa, naufragou no modelo inventado, “o capitalismo a brasileira”. Definição pronta e acabada de Ivan Pinheiro, secretário geral do PCB (o partido político mais antigo do Brasil, faz noventa anos agora).

Não houve nenhuma mudança substancial naquilo que foi feito nos oito anos de governo de FHC. Lutou por dentro para ganhar espaço e por pouco não dança na armação do então deputado Roberto Jeferson, bode expiatório consciente da direita mais podre (se é que possível uma ser mais podre que a outra) do Brasil.

A alegação que o governo federal arrecadou mais de 24 bilhões de reais com as privatizações, ou concessões de serviço público, mero eufemismo para disfarçar o fato, não vale.

O BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – vai financiar com longos prazos, juros baixos e carência as empresas aquinhoadas com os aeroportos. Ou seja. As tais obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo serão feitas em boa parte com dinheiro público.

No todo o PT vai se transformando num PSDB com camisa de cor diferente, mas ambos disputando o mesmo campeonato, sob as mesmas regras e aceitando todo o pilar neoliberal que sustenta o sistema político e econômico brasileiro.

A disputa é só de poder. A chave do cofre, a caneta que nomeia e demite.

E pelo que vejo, querem militantes subordinados a essa nova ordem petista de chamar privatização de concessão. É daí, de parte da militância, que vem a frustração e a resistência.

O que é um entreposto do capital estrangeiro?

Nicolas Duran de Villegagnon um vice-almirante francês, convenceu o soberano de país a buscar uma colônia permanente na América do Sul. Havia estado no Brasil, na região de Cabo Frio (hoje chamada Região dos Lagos) e em 1554, sob ordens do ministro Gaspard de Coligny, uma expedição naval para esse objetivo foi montada. Villegagnon percorreu várias prisões na França prometendo liberdade àqueles criminosos que se incorporassem ao projeto França Antártica. Acabou, enquanto durou, servindo de refúgio para protestantes franceses, já que à época do cisma na Igreja Católica Romana.

Foram derrotados pelos portugueses, a história se estuda nos primeiros livros do antigo ginásio.

No mundo contemporâneo o conceito de nação some num processo maior, o de globalização. Essas deixam de existir e surge o mundo das corporações. Financeiras, empresariais, o velho latifúndio em países como o nosso e mantidas pela “ordem democrática” enquanto se lhes servir, pelas baionetas, hoje balas de urânio empobrecido e bombardeios aéreos despejando toneladas de bombas, como na Líbia, no Iraque, etc, quando a “democracia” não for suficiente.

Numa Europa falida e transformada em base de operações desse modelo, desse sistema, o Brasil vira o paraíso para as grandes organizações financeiras, empresariais, esse complexo que gera o terrorismo de Estado a partir das grandes potências. Os altos lucros do Itaú, já associado a grupos estrangeiros significam, entre outras coisas, outras perversidades, quatro mil funcionários demitidos.

Lula, por exemplo, não reverteu a quebra do monopólio estatal do petróleo. Tão somente equilibrou-se num nacionalismo tacanho para inglês ver e tentou comer o mingau pelas beiradas. Dilma nem isso.

Não tem a menor idéia do que ocorre à sua volta. Parece imersa ou num deslumbramento por conta de ser a presidente da República, o poste transformado em chefe de governo, ou na debilidade política, a figura menor que o cargo que ocupa.

Naufraga a olhos vistos. Popularidade alta não significa que o Brasil não esteja sendo abocanhado por esse complexo de corporações financeiras, industriais e o latifúndio por aqui esteja deixando as terras escoarem para grandes organizações internacionais, ainda mais em época de transgênico e vastas áreas transformadas em cana/etanol (já sob controle dessas empresas).

O caso do nióbio é um exemplo. Existem outros tantos. A indústria bélica sob controle de empresas e governo de Israel, numa das mais sérias derrapadas do governo Lula, o tratado de livre comércio com o governo terrorista de Tel Aviv. O milagre de uma vela a Deus e outra ao diabo.

Nesse cenário o governo Dilma Roussef rui sem começar.

Breve, já existem, praias particulares para turistas estrangeiros se sentirem em segurança. Só falta recebê-los com colar e lindas jovens a moda do Hawai. Ainda mais agora com os aeroportos privatizados.

A integração latino-americana vai gradativamente para o brejo. Não é um abandono desse projeto pura e simplesmente, é um ato deliberado.

Os acordos com Cuba são acordos em moldes capitalistas. É sub-imperialismo.

É o deus mercado estendendo definitivamente seu manto e cetro sobre o Brasil, é a percepção clara que somos um entreposto do capital internacional.

Vale dizer que o sistema não tem nada a ver nem com o Brasil e nem com os brasileiros, por mais que nos chamem de potência mundial.

Os números da economia dizem isso. Mas e daí? Qual a perspectiva futura?

O que sei é que o BNDES financia todo esse modelo e o dinheiro do BNDES sai do bolso do trabalhador brasileiro.

A privataria petista é tão perversa como a privataria tucana porque é igual. Só a cor da camisa é diferente.

Os cavalos de Tróia entram disfarçados de progresso e geração de empregos. Carregamos os baús e chamamos esses senhores de bwana.

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