Inovação aumenta produtividade da mandioca

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Agricultores na República Democrática do Congo adotam uma nova variedade de mandioca. Foto: André Thiel/Flickr.

Kikwit, República Democrática Congo, 30/4/2012 – Agricultores da República Democrática do Congo (RDC) adotaram uma nova variedade de mandioca que cultivam com inovadoras técnicas agrícolas, o que permite aumentar facilmente a produção deste alimento. A mandioca é um alimento básico em muitas partes do país. Os agricultores, decepcionados com as colheitas da popular variedade F100, que se mostrou vulnerável a uma doença nas plantas chamada mosaico, começaram a utilizar uma nova cepa que deu resultado.

“Produzimos 58 toneladas de mandioca TME 419 em um terreno de dois hectares em 2011”, afirmou Romain Twarita, de 27 anos. “É um rendimento de 29 toneladas por hectare, enquanto a F100 que colhemos em 2010 deu entre dez e 12 toneladas”, acrescentou. Twarita é coordenador da Ação de Jovens para o Desenvolvimento de Nkara (AJDN), uma associação de 22 agricultores dessa localidade, a 90 quilômetros de Kikwit, capital da província de Bandundu.
A colheita rendeu mais de US$ 250 mil à AJDN em 2011, quando no ano anterior foram obtidos US$ 10 mil e apenas US$ 3 mil em 2009, quando foi criada a associação, informou Twarita. A AJDN adotou o “rebinado”, método que consiste em remexer a terra três vezes e que maximiza os benefícios da irrigação, “equivale a regar duas vezes”, explicou Twarita. Dessa forma se rompe a superfície do solo, o que permite maior absorção da água da chuva.
Os jovens agricultores também empregam compostagem e esterco para enriquecer a terra com elementos orgânicos e minerais. “O grande problema é a falta de instrumentos agrícolas e de compreensão dos proprietários que querem vender um terreno por US$ 40 a US$ 50 o hectare, em média, conforme a localização”, disse à IPS. “Os comerciantes compram a mandioca e depois a levam para Kinshasa, onde a vendem rapidamente”, disse Jacques Mitini, presidente da rede provincial de organizações de pequenos agricultores de Bandundu, que inclui 255 associações, quase um terço delas representando jovens entre 21 e 33 anos.
Na província de Bas-Congo, o Comitê de Desenvolvimento de Kakongo planta árvores para formar uma barreira contra o vento e manter a umidade do solo para aumentar a produção de outros cultivos em um terreno de três hectares.
“Intercalamos cultivos, por isso temos essas árvores de moringa contra o vento, que também fertilizam a terra sem termos de usar fertilizantes químicos. Também é importante a irrigação”, contou Espérance Nzuzi, a presidente da Força Camponesa de Bas-Congo, uma rede de 264 organizações de pequenos agricultores, 87 delas criadas por jovens. “As 84 toneladas de mandioca TME 419 nos renderam US$ 39,96 mil, bem mais do que os US$ 6,16 mil deixados pelas 14 toneladas de F100 colhidas em 2010”, acrescentou.
Em dois hectares nos arredores de Kinshasa a organização Jovens Dinâmicos de Malulku também obteve bons resultados com as mesmas técnicas de cultivo. “Utilizamos o rebinado desde que começamos come esta empresa, em 2010”, disse a presidente da associação, Anne Mburabata, de 32 anos. “Este ano produzimos 15 toneladas da variedade TME 419 em um só hectare, mas em 2011 colhemos 28 toneladas em um hectare e meio, com pouco uso de fertilizante químico”, detalhou.
“Antes de popularizar a mandioca TME 419, a testamos com cuidado”, afirmou Didier Mboma, que dirige o serviço de inovação técnica da Impresa Sercizi Coordinati, uma organização italiana que realiza testes grátis da nova variedade disponível para os agricultores. “Desde os testes em 2008, plantamos três mil mudas e colhemos 30 mil”, destacou.
“Os jovens agricultores devem se profissionalizar e assumir o controle de toda a cadeia de valor: da produção ao processamento e à comercialização”, disse Christophe Mampuya, do Ministério de Agricultura, Pesca e Pecuária. “A variedade TME 419 tem grande rendimento. Também é das melhores que estão sendo promovidas”, afirmou. A “TME 419 é mais popular no oeste do que no leste da RDC, mas pouco a pouco se espalhará por todo o país”, disse Paliku Mivimba, presidente da Confederação Nacional de Produtores Agrícolas do Congo. Envolverde/IPS
(IPS)