DIA DA LUTA ANTIMANICOMIAL

Outrora, na idade média, os leprosários foram esvaziados, a dor física e as conseqüências inerentes à hanseníase deveriam ser apresentadas como resultado da "desobediência", do "pecado",como se fossem “emblema do mal”, estando os portadores, lançados às ruas, pois, ali,estavam visíveis e expostos a imposição do pavor instituído pelas doutrinas que asseguravam estabilidade às estruturas frágeis do poder, afinal, o mesmo só é poder, em virtude de sua baixa resistência às diferenças, fortalecendo-se, por detrás, de armaduras de cristal.

Os novos proscritos tornaram-se todos aqueles que expusessem publicamente seus desejos e suas personalidades complexas, esses, deveriam ser enviados ao isolamento nos antigos leprosários, submetidos à condenação, pois, apresentavam o discurso que abalava a "razão" e a limítrofe consciência, que, próxima ao inconsciente, pode ser observada como uma pequena gota de orvalho em meio a um oceano. A razão, "tem seus donos", que se tornam algozes e  pretensos "titulares" da dor do outro por não suportarem enxergarem-se nos mesmos.

As “Stultifera Navis”, “Nau dos loucos”, percorriam as águas do Reno e dos mares, embarcando aqueles que represavam todo conteúdo dos que ficaram firmados no discurso da razão condenatória, muitos deles, choravam em decorrência da saudade daquele que encontra-se nessa Nau ,pois, esse outro, levava consigo um tanto de sua história que, mascarada,acrescida da submissão à existência, em confronto quanto a ética e a moral, eram ,mecanismos constituídos objetivando castrar a investigação da subjetividade, sendo esse, constituinte de cada um de nós , coagindo assim, possibilidades em conhecermos aquilo que tanto somos.Nós mesmos.

As “Stultifera Navis”, ainda hoje, estão lotadas, não mais percorrem as águas levando centenas de “segregados”, mas, ancoraram-se , sendo transformadas em “centros manicomiais”. Nas “navis”, da idade média, os passageiros ficavam à disposição dos marinheiros, hoje, estão disponíveis ao conteúdo narcísico perverso de alguns “profissionais” que adotam o “poderoso discurso” da farsa empírica, do conhecimento dissimulado e permeado de mecanismos de defesa cujo objetivo consiste em afugentar , afastar e lançar a plenitude dos fenômenos  que ,por si só, constituem a sabedoria não “decifrada”, não mensurada, promovendo a autoritária intenção  aos maravilhosos conteúdos descomprometidos com o fleumático discurso da “razão”, sendo essa inebriante fala composta pela sedução aos leigos que amparam-se suas punições nos modelos classificatórios de diagnósticos e nas práticas atuais de contenção química  e condenatória  aos “reféns” lançados , muitas vezes, ou melhor, na maioria das mesmas ao internamento” que promove a punição e vingança a quem deixa de ter seus direitos quanto suas vidas, tornando-se complacentes ao ritual condenatório que concebe a “loucura” não como diferença, lançando-a, nos últimos planos da possibilidade, quanto a compreensão do maravilhoso universo compreendido por poucos. Por pouquíssimos, tais como, Erasmo de Rotterdan , Sigmund Freud, Lacan, Michel Foucault, Carl Gustav Jung, Bleuler, Kreapling, , Machado de Assis , Juliano Moreira, Nilse da Silveira, Hélio Seixo de Britto, Jurandir Freire, Contardo Caligari que inspiram uma nova geração constituída por maravilhosos pensadores libertários. Amílcar Vidica Barcelos, Eli Cury , Marcelo Caixeta ,Augusto Jorge Cury, Eli Cury, Cecília Araújo, Júlia Braz.Esses nomes formam uma base flexível e confiável, afinal , constituímos intimidade, através das minúcias que se revelam por detrás de cada letra, cada palavra,cada frase.              

Os “tempos da sobriedade punitiva”( M.Foucault) estabelecendo o algoz, a deformidade de seu prazer imbuído de conteúdos perversos, está estabelecida na cultural neo-liberal, portanto, no dia de hoje, DIA DA LUTA ANTIMANICOMIAL, prestemos homenagens  àqueles que sobreviveram a brutalidade de  internações “manipuladas” por aqueles que não suportam verem-se nesses heróis anônimos , bem como , nossos PROTESTOS por todos que não resistiram, vitimados foram, pelo desatino da razão condenatória  

Penso que, à "loucura", encontram-se reservados, prazeres, aos quais os neuróticos sequer conseguirão compreender.Ela, “a Loucura”, não se corrompe frente aos seus desejos,mas transpõem os desejos daqueles que corrompem as suas dores.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior
Psicólogo - GO - SP

 

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS