A loucura no espelho da serenidade

Outrora, eram as substâncias psicoativas que me condenavam. Incontestavelmente,as alterações do níveis de consciência provocados pelos elementos químicos sobre o sistema nervoso,produzem comportamentos disfuncionais  ao dependente químico. Tornamos-nos não mais agressivos,mas, assumimos a parte de agressividade que encontra-se incauta em nosso inconsciente,afinal,o rebaixamento da funções egóicas,parte essa, responsável pela mediação entre as pulsões instintivas e o super-ego tornam-se inexistentes. Eliminamos as regras, conceituações tão necessárias, cujos objetivos assentam-se na delineação dos pressupostos de convívio social. Não nascemos sob a égide dos princípios sócio-culturais,mas, vamos introjetando em nossas vidas, constituindo assim, a tríade formadora de nossas personalidades,o que somos.

A família, quando torna-se  fonte das neuroses e precursora das psicoses,necessita de um ser doente para justificar suas fragilidades.Sobre esse indivíduo, projeta o que não deseja aceitar como forma de estabelecer punição às pulsões básicas do ser humano e reprimidas em si. Aceitar o outro com seus conteúdos, torna-se o contato com aquilo que mais somos e mais tememos. Alguém, na psicodinâmica da história familiar, deverá ser a representação do condenável, como forma de ocultar os mais desejados prazeres que encontram-se nas incapacidades de vivê-los. Funda-se aí, o “LOUCO”, porém, loucura é a meta, cujas múltiplas formas de representação, apresentam-se a cada um de nós sob uma determinada ótica,sob uma determinada posição. O título de sanidade,assumido por muitos está tão  próxima a cisão com a realidade que podemos considerá-la um surto , em alguns casos, mais severos, contém aspectos episódicos de uma psicopatologia avassaladora. Aqueles condenados pelo supersego cultural(altamente psicótico com fortes componentes de egos altamente inflados e paranóicos),vitimizados pela execração , pelas constantes condenações pode ser visto apenas como o diferente e , aquele que é diferente do senso comum torna-se condenado a ser o exemplo da “crucificação e assassínio”para em seguida tornarem-se os motivos de congraçamento à estrutura punitiva do adoecer coletivo

Famílias assentam-se às mesas,reunidas como se estivessem num conselhos de sofredores e vítimas daqueles que lhes são imensamente necessários,afinal, a parte eleita como doente  fomenta a união de membros,da parentela estabelecendo a unicidade em torno de inúmeros sentimentos, entre eles,o ódio direcionado ao condenável e, por outro lado, o de “bondade e solidariedade” de uns para com os outros. “Curar” não é a meta,pois a resignificação,representa o risco de desarticulação do grupo que senta-se em uma ritualização, para poderem sover juntos o cálice de “tristezas”, enquanto canibalizam  o outro,com profunda voracidade.

Há mais de 2006 anos, esse processo é repetido continuamente. Enquanto sorvem as tristezas de um rapaz pregado na cruz,nada mais vêem, senão  as próprias dores e, para ocultar isso, tornam o processo da crucificação uma das maiores perversões já vistas,mas nunca assumidas, afinal, qual prazer encontra-se na tragicidade,na profunda contemplação de um corpo apresentado como moído , desfigurado em suas formas e,aí então, funda-se a legitimação do masoquista que desloca sua energia sexual reprimida em direção ao objeto de crucificação como forma de identificar nele, suas próprias dores e, por um determinado momento, passam a odiá-lo,mas, nos processos dos mecanismos de  defesa, especificamente, na formação reativa, apresentam-se aos outros com uma necessidade imensa de ostentar compaixão,bondade,tristeza, solidariedade a dor do Cristo, pois, nele, está a  própria face,a própria imagem e as maiores dores que buscam olhares desejosos e  compadecidos,solidários à sua “dor”. Numa Ab-Reação,o que está inconsciente submerge promove inúmeras manifestações,entre elas, a catarse,havendo a mais completa descarga do afetos,entretanto,os mesmos sempre estarão direcionados a um objeto.
Tais descargas emocionais,muitas vezes coletivas,tratando-se do processo da dinâmica familiar, produz uma sensação de prazer ao encontrar aliados que evoquem “o aniquilamento do outro”,pois,fragmentá-lo consiste na liberação do impulso de morte e no sentimento de controle sobre “o mundo”, como forma de sublimar o que mais deseja destruir: A solidão, a angústia, a anorgasmia,a inaceitação de suas orientações sexuais e a contínua castração. 

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