Acidentalmente “Carinhoso”

Imprimir

 Gravada mais de 200 vezes e presença em quase todas as listas das melhores músicas brasileiras, composto por Pixinguinha há 90 anos, teve seu primeiro registro com letra há 70, e é um clássico acidental.
Com apenas 20 anos de idade, Pixinguinha não teve coragem de tornar público um choro de duas partes, pois o padrão da época eram três, e ele achava que por não tocar, não seria aceito.
“Carinhoso” passou 11 anos na gaveta até ser gravada em 1928, pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, no lado B de um 78 rotações. Na época as orquestras gravavam as músicas para serem dançadas, e não ouvidas.
Apesar de ser popular, “Carinhoso” é uma das mais complicadas músicas que existem, em especial por causa das modulações na segunda parte. Seu primeiro arranjo foi feito como exercício por Radamés Gnattali em 1929.
Em outubro de 1936, Braguinha, chamado pela atriz e cantora Heloísa Helena, escreveu a letra para o choro, que seria cantado por ela naquele mês em um espetáculo beneficente. Braguinha escutou a melodia e escreveu os versos na mesma noite, nada muito especial.
E só em maio de 1937 que o cantor Orlando, sem se empolgar, gravou oficialmente o chorinho de Pixinguinha, que até hoje já foi registrado em LP mais de 207 regravações, nas vozes de Ângela Maria, Elis Regina, Silvio Caldas, Nana Caymmi entre outros intérpretes.