2008 - 400 ANOS DO PADRE ANTONIO VIEIRA

Portugal e Brasil revêem o percurso histórico em uma arriscada expedição.

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 A serra que emocionou Vieira

Faz agora um ano e meio que o professor Abreu Freire me falou da sua intenção de refazer o percurso histórico do Padre António Vieira em um pequeno barco a velas. Embora eu soubesse que ele é um especialista no jesuíta já há bastantes anos e um navegador provado, achei aquilo na altura uma ideia suicida. Pelos riscos que a navegação oceânica impõe, pelos 64 anos do professor, pelo tamanho do barco e não só. Da minha parte pelo pouco tempo que teríamos para “produzir” a aventura. O tempo de preparação era pouco, não haveria como obtermos todos os apoios oficiais necessários, aqui, no porto de partida, Portugal. Já teríamos que começar “navegando contra corrente”, apostando que a importância do tema suplantaria as maiores dificuldades. E não estava enganada. Quanto mais importante e sensível à história é o tema, mais tempo de análise os apoios em papel (referências oficiais) necessitam. Nem 400 Anos depois Vieira é uma unanimidade. Nem sequer entrou na eleição do maior português de todos os tempos! Quem somos nós? Se os primeiros patrocinadores tivessem exigido à partida uma capacitação documentada para o mecenato, certamente teríamos que esperar para produzir um Vieira 401 ou 402. Decidimos não ir por aí, não perder mais tempo e “pescar” os apoios oficiais possíveis pelo caminho.

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Professor Abreu Freire com Ariano Suassuna no PE

A sensação de que havia me metido numa empreitada suicida, de facto, se acentuou, mal o barco passou a barra de Aveiro. A linha telefónica por satélite Iridium começou a falhar e eu fiquei exactamente quatro dias sem sinal nenhum, com Cabo Verde definido no roteiro como próxima escala e as tempestades de Inverno nas notícias dos telejornais portugueses. Eu a pesquisar Cabo Verde, a ler os jornais, a preparar a media com o apoio da Comunicação e Imagem da Universidade de Aveiro, mas com o coração na boca. Estariam mais ou menos a passar a Ilha da Madeira na altura daquelas tempestades, e foi para onde eles fugiram para se proteger. Ainda por cima tinha voltado a ler as aventuras de navegação de Geraldo Tollens Linck, o experimentado navegador que desapareceu no mar com o seu barco. Na Madeira se refugiaram, mas apanharam com outra tempestade que castigava o mar próximo da ilha. Refugiados, tiveram que remendar a vela principal. Enfim o telefone tocou e o Prof. Abreu Freire me disse: - O CHIC é uma prancha de surf, quanto mais apanha, mais “voa”… batemos com certeza um recorde entre Aveiro e Madeira! A sensação de suicídio eminente passou na hora. O barco passara no teste. No Diário de Bordo está relatado, entre outras cenas, a do assalto ao barco por piratas armados na Cidade da Praia, em Cabo Verde. Nesta altura, a adrenalina já nos patrocinava. Era remendar de novo a vela, consertar o leme quebrado, resolver as surpresas financeiras e seguir, pois dali até a próxima escala, Salvador da Bahia, seria um passeio. Quando virem o site, não deixem de ver o vídeo que mostra a passagem pela “linha” do Equador. Impagável Luís Costa, o nosso realizador português de cinema. Até uma linha ele arrumou. Bom de câmera e de leme.

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 CHIC Photo Release

Voltando ao princípio. Enquanto eu pensava no assunto, e decidia se me metia ou não ao barulho com esta expedição, o professor entrava em entendimento com o proprietário do veleiro sueco CHIC HOVICK para termos o barco sem de imediato desembolsarmos muito em cash. Mas como a preparação de uma viagem desse porte e o trabalho de investigação que o tema envolve custa sempre dinheiro, o professor resolveu pedir apoio ao futuro editor do livro da expedição, a Gráfica Coimbra 2 Publicações. Por indicação de conhecidos em comum fomos levados até esta que viria a ser, para além de editora exclusiva em língua portuguesa, o nosso principal financiador. A adesão da GC2 aconteceu quase ao mesmo tempo que a do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro, em Portugal, que se atreveu a incluir a nossa aventura em um programa de mestrado. E após muita discussão, muitas divergências entre todos, já que toda a gente pensava um pouco de tudo no início, muita pechincha nas compras estritamente obrigatórias, alguns adiamentos e muitos nervos, o barco partiu de Aveiro, no dia 17 de Março. Vejam o vídeo da partida. Eu, que era cogitada desde o início para integrar a tripulação, tendo em conta as minhas poucas e boas experiências nas viagens marítimas e nas criações para cinema e televisão… tive que ficar em terra, de BackOffice e muito, mas muito mais mesmo. Desde Março tenho sido o fio terra da história, a ligação com o editor/patrocinador, com a UA no que toca a actualização diária do site, com os prováveis patrocinadores em Portugal e no Brasil, acompanhando e apoiando a agenda durante as escalas, intervindo na divulgação e procurando responder rápido a qualquer emergência de produção. Produção. Esta nem é a minha “praia” como dizem os cariocas. Eu deveria estar no local de gravação, o barco… e na divulgação, quando muito. Mas como diz a música do Pedro Abrunhosa, eu estou aqui. E a expedição marítima comemorativa dos 400 Anos do Nascimento do Pe. António Vieira é agora um projecto de dimensão bi-nacional (Portugal/Brasil)  e está no Maranhão, onde irá registrar mais algumas referências a esta importante personagem da história dos dois países. Não entraram milhares de Euros na conta, embora ela esteja divulgada no site, nem milhares de Reais. Mas entraram apoios preciosos que em determinados momentos definiram a continuidade da viagem. O veleiro está agora em São Luís, convocando através da imprensa regional os grupos e pessoas relacionadas com o teatro, música, cinema e cultura popular local, a participar nas gravações do documentário. Neste exacto momento o veleiro está na Ponta da Areia. Bendita comunicação instantânea que Vieira não tinha, mas nós a temos.

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 CHIC no Equador

O CHIC HOWICK, de 14 metros, largou de Portugal em Março, fez escala técnica na ilha da Madeira, ficou 15 dias em Cabo Verde, fez breve escala em Fernando de Noronha, chegou a Salvador onde permaneceu por quase três meses, esteve três semanas em Recife, quase duas no Ceará, chegou a São Luís do Maranhão e de lá irá ao Pará e ao Tocantins. O percurso brasileiro durará até ao final de Setembro, antes do retorno a Portugal, pelos Açores ou pelas Caraíbas a depender do tempo. Depois virá a etapa conclusiva, Itália, França e Holanda. No site www.ua.pt/vieira2008 indo para o link Cruzeiro Histórico, estão todas as informações sobre o Roteiro Marítimo, Diário de Bordo, Notícias que saíram na imprensa, Vídeos e Fotografias, assim como todas as explicações sobre o tema e o funcionamento da expedição, para quem quiser acompanhar diariamente, de qualquer lugar do planeta e apoiar o projecto. O site oficial, hospedado no portal da Universidade de Aveiro (Portugal) bate recordes de visitação diária pelos internautas que acompanham a aventura. O livro terá uma edição especial para o Brasil, com destaque para cada etapa do roteiro. O resultado desta expedição, entre outros, será editado em livro e DVD, em exposições itinerantes, palestras, e já se fala na edição de um livro em quadradinhos (banda desenhada) sobre o Pe. António Vieira, produzido como apoio da tripulação do Cruzeiro Histórico. A tripulação é formada por um professor universitário português (Prof. Abreu Freire, pesquisador e comandante), um engenheiro sueco e dois cineastas. E mais pessoas que são convidadas a embarcar durante a viagem e que se revezam. Por onde vai, a tripulação contacta empresas e instituições portuguesas com interesses e representação locais, assim como as instituições ligadas aos governos e a cultura local, tanto no sentido obter apoio para a viagem como de realizar intercâmbio informativo sobre o tema. O documentário e o livro deverão estar prontos no início de 2008.

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 Salão do CHIC

Em Salvador, onde o Padre António Vieira viveu 42 anos e onde a expedição fez a escala mais demorada, obtivemos o apoio da Câmara Portuguesa de Comércio do Brasil – Bahia, que se desdobrou em outros apoios importantes, e que trarão outros mais até ao final de Outubro. O intitulado Cruzeiro Histórico Identidade e Cidadania partiu de Portugal com o incentivo inicial do proprietário do veleiro sueco e do Prof. Abreu Freire, com o apoio tecnológico e científico da Universidade de Aveiro, recursos técnicos audiovisuais do Cineclube de Avanca e o incentivo financeiro dos futuros editores do livro, a Gráfica de Coimbra 2 Publicações. Trata-se portanto de um projecto de baixo orçamento, que necessita ainda do apoio e participação dos admiradores do Padre António Vieira em todo o mundo. A partir do Maranhão, iniciamos uma mini campanha para obter um patrocínio extraordinário: UMA VELA NOVA PARA VIEIRA. Isto visando a travessia de retorno à Europa, que é muito mais difícil e demorada que a ida para o Brasil, e sem muitas possibilidades de escala. No site oficial, através do link www.ua.pt/vieira2008/PageImage.aspx?id=5631 já se pode ver quem apoia esta expedição no Brasil e em Portugal, assim como os contactos para todos os assuntos relacionados com o projecto. O e-mail de bordo é o: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e o telefone por satélite 0088 1631543734.

 

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