Amor na era da Internet

Tentar entender a mágica que faz com que as pessoas gostem desse ou daquele indivíduo, o que faz as pessoas se unirem, sempre foi um mistério atraente para artistas e cientistas; para homens e mulheres; para apaixonados e abandonados.

O casamento e o vínculo afetivo entre duas pessoas nem sempre foi vivido na forma com que o conhecemos atualmente. A idéia de casamento por amor e do amor romântico é relativamente recente na história humana. A idéia do amor romântico surgiu na época medieval, associada ao amor platônico e de forma não vinculada ao casamento. Essa forma de união estável, monogâmica e eterna, associado ao amor, nos remete ao século passado. Mas, devido às diferenças de poder existente na época, entre os gêneros masculino e feminino, fica difícil imaginar que as escolhas fossem realmente livres.

Hoje, a idéia da escolha por amor alcança seu auge. O sonho da "metade da laranja", da "tampa da panela", das "almas gêmeas" - ainda que muitos afirmem que já não acreditam mais em tal encontro - ainda permeia nossa busca pelo parceiro. Isso pode parecer estranho, quando constatamos que a quantidade de separações também parece ser maior que em outras épocas. É inevitável a pergunta: por que será que, no momento em que temos maior liberdade de fazer escolhas guiadas por nossos sentimentos, os casamentos parecem durar tão pouco? Será que existe mesmo esse amor tão buscado?

Ocorre, no entanto, que além da idéia de amor romântico, um outro ideal é colocado para nós nos dias atuais: o individualismo. Além de nos "cobrar" que encontremos, em algum lugar deste planeta, alguém que irá nos satisfazer por completo, a sociedade quase nos compele a sermos ricos, profissionalmente bem colocados, pessoalmente "resolvidos", bonitos, eficazes, entre muitas outras difíceis atribuições para "pobres mortais".

Esses dois ideais - que podem parecer antagônicos (romantismo e individualismo) - presentes quando falamos da escolha amorosa, estão muito próximos, pois tangem no seguinte ponto: colocam o outro no papel daquele que existe para nos fazer feliz, como aquele que só deve nos dar satisfação. O namoro, o casamento, ou qualquer vínculo amoroso mais próximo recebe o difícil papel de ser perfeito: ou porque completa (então não há lugar para a falha), ou porque ninguém precisa dele ("se for para dar trabalho, melhor ficar só").

Vocês devem estar se perguntando: o que todas essas compreensões psicológicas e contextualizações históricas estão fazendo em uma coluna sobre cyberpsicologia?

Começar um relacionamento pela Internet pode dar certo?

É inegável o importante papel que os sites de encontros, os chat's, os email's, bem como todas as outras formas de comunicação entre as pessoas via Internet, vêm tendo sobre essa busca do parceiro amoroso. Todos os dias, milhares de pessoas se comunicam via Internet na intenção de encontrar alguém que corresponda às expectativas de completude e, ao mesmo tempo, de liberdade. Alguns desses encontros "dão certo", outros não. Como sempre foi e, talvez, sempre será. Porém a Internet, possibilita um elemento que parece fundamental nesse primeiro momento da conquista, mas que pode ser uma arma a favor ou contra o seu sucesso: a possibilidade das pessoas se refugiarem na fantasia. Para corresponder a esse ideal de não frustração, as pessoas também devem se mostrar perfeitas.

Nesse ponto, o espaço virtual da rede facilita o campo para a expressão das fantasias e idealizações, que podem ser muito sedutores no início de uma relação, mas que trazem em seu bojo o risco de aumentar as frustrações no desenrolar do contato.

Algumas características do contato via Internet (o anonimato, a possibilidade de experimentarmos outras facetas de nossa personalidade, o descompromisso), facilitam algum "disfarce" das nossas fragilidades e dificuldades, que não são vistas com bons olhos, nos dias de hoje. Tentamos parecer perfeitos e o outro também se mostra assim. Desse modo, a idealização, que em certa medida sempre está presente no vínculo amoroso, pode impedir que essa relação sobreviva a um contato presencial.

O que fazer, então? Como sempre, não há "receitas", ou modelos prontos de solução! Porém, podemos propor, como alternativa para este difícil momento de transição, que tentemos nos mostrar por inteiro (seja na net, num bar, num cinema ou numa "balada"), com nossas imperfeições e potencialidades. E, ao mesmo tempo, termos em mente que ali na nossa frente, existe uma outra pessoa que, como nós, está também ao mesmo tempo assustada e encantada com a possibilidade de um novo encontro amoroso; ou, quem sabe, daquele encontro que será o definitivo e pleno!

Por Juliana Zacharias- Psicóloga componente da equipe do NPPI

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