POETAS DO TEMPO - NILDO GAMBARRA

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Esta semana a poesia de Nildo Gambarra-PE, uma poética que aos poucos encontra uma dicção muito particular, se percebe muita oralidade e revolta nos versos desse jovem poeta, ele descreve o cotidiano sofrido da periferia, a falta de grana e a juventude que se enforca a cada geração, tudo de uma maneira coloquial, compreensível em todos os idiomas – vale a pena conferir – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
 

MINHA VÉIA

No sol seu véu
Na vida fel

Cabeça chata
Equilibra a lata

Mocotó rachado
Coração calejado

A dureza de ser mulher
Quando não há colher

O menino no quarto
A poeira na vista

Lá vai minha véia


NA CARA
O olhar
Distante

A falta
de chance

o gosto
do chão

o tudo
pro cão

desfecho
indigestual

na cara
da multidão


ÊXODO ANOREXICO
Todas as manhãs
Acontece o esperado
Um êxodo anorexico

Magrela nas costas
Engrenagens do cotidiano

Corações se misturam
Anônimos vão e vem
Como um bando

Suor no rosto
Nos buchos um osso

Duro de se roer


XERA COLA
Corpos magros
E esqueléticos
Arrastam-se como fantasmas
Na periferia

Infâncias roubadas
Infâncias perdidas
Perdidas na lata
No amarelo que mata


REMÉDIO
Febre
Fezes

Anemia
Manias

Cancro
Canto

Úlcera
Cera

Bubônica
Tônica

Malária
Dia