QUANDO O JUDICIÁRIO VIRA FARRA

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Os relatórios preliminares da operação que prendeu desembargadores, juízes, um procurador e alguns advogados no Espírito Santo apontam para dezessete em vinte e quatro desembargadores apoiados no mais descarado nepotismo, algo em torno de setenta e dois parentes em funções chaves no judiciário do extinto Espírito Santo. Mais de dois terços do tribunal de justiça do novo estado da Federação brasileira. O estado VALE/ARACRUZ/SAMARCO e outros menores.

E d. laurita, ministra do superior tribunal de justiça, ainda concede habeas corpus aos distintos magistrados presos alegando que os depoimentos já haviam sido prestados, não havia mais justificativa para mantê-los presos. 

Nesse meio tempo, no jogo de parecer sem ser, o presidente do antigo supremo tribunal federal, gilmar mendes, presidente hoje da dantas & dantas justiça incorporation, concede entrevista a um programa de televisão onde jornalistas não fazem outra coisa que não levantar a bola do ínclito ministro. Um monte de gols em impedimentos escandalosos e pênaltis inventados para assegurar a excelência da justiça.

A operação desfechada pela Polícia Federal no desaparecido Espírito Santo ainda acaba virando ação das FARCs (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), que segundo o senador gérson camata, atuam ali e em Minas Gerais. A inclusão de Minas nessa história se deve à estreita parceria do senador com o governador aécio neves.

O que de fato sinaliza e de forma gritante a operação da Polícia Federal é a necessidade de desmanche, isso mesmo desmanche, das quadrilhas que operam no judiciário. Em todos os estados da Federação, maiores ou menores, mas quadrilhas. 

Vendas de sentenças, nepotismo, ligações com o crime legalizado, corrupção generalizada nos vários setores do poder (poder?), uma farra em todos os sentidos. 

O estado VALE/ARACRUZ/SAMARCO – ex Espírito Santo – é a ponta visível disso que não é um iceberg, mas um poder podre, dentro de um mundo dito institucional e girando em torno de um clube de amigos e inimigos cordiais. E até para preservar o que resta de sadio dentro desse cesto que não é de maçãs, é fundamental que se vá a fundo.

Não há quem não se lembre de um escândalo envolvendo um desembargador baiano e o falecido senador antônio carlos magalhães. ACM namorava a filha do magistrado. A moça resolveu deixar o senador e casar-se. Entendia que já estava cumprida sua missão, a de conseguir que o pai escalasse os mais altos píncaros do judiciário. O fato tomou ares de escândalo e o pai, o desembargador, veio a público dizer que a filha cometera um erro ao deixar de ser amante do senador. 

E outras coisas mais. Pespegaram na moça todos os rótulos possíveis. Desde o de mulher vadia, o de mal agradecida até o de maluca.

Os desembargadores e juízes capixabas (mesmo com o novo nome do estado e novos proprietários deve prevalecer o substantivo gentílico, não tem nada a ver com eles) estão metidos numa teia que num primeiro momento não tem fim e passa por assassinatos inclusive.

O do juiz Alexandre Martins, alvo do crime legalizado (parceiro da justiça), sob a batuta do atual capataz, paulo hartung, ainda chamado inadequadamente de governador por alguns. Jogaram uma pedra em cima do caso. Há uma fita gravada e que o juiz deixou com o jornal CONGRESSO EM FOCO (http://congressoemfoco.ig.com.br/BuscaG.aspx?q=Juiz%20Alexandre%20de%20Castro%20Martins) com o relato completo de todas as trapaças e todos os crimes cometidos pelos donos, incluindo compra de votos.

Outras mortes dos que se aventuraram a atravessar nos caminhos/descaminhos, que são vários, permeiam todo o tecido público em todos os poderes e áreas, com instantes de chantagem, extorsão, escutas, gravações, numa apropriação do poder público.

Em fevereiro de 2001 uma resolução da Câmara Municipal de Vitória criou comissões parlamentares de inquérito para apurar irregularidades em diversos itens, digamos assim, da "administração" do tucano luiz paulo vellozo lucas. Gastos excessivos com varrição de ruas, fossas e galerias pluviais que até hoje provocam o alagamento das principais avenidas da capital, coleta de lixo e merenda escolar. Registre-se que a mãe do alcaide luiz paulo era a presidente do tribunal de contas do estado.

Um juiz, com poder de vida e morte, atendendo a pedido do prefeito tucano, determinou que todas as CPIs fossem trancadas e eximiu o prefeito de responder a qualquer pedido de informações sobre o assunto. A lei orgânica da cidade deve ser única no mundo. Só permite a cassação do capo em flagrante delito. Logo...

No curto período que funcionaram, as CPIs encontraram um superfaturamento de 442% no preço da limpeza de fossas e galerias, falsificações em contratos de quatro milhões e seiscentos mil e um aumento superior a 40% nos valores do lixo coletado em Vitória. E haja fôlego. Sob o apanágio do poder judiciário foram escondidas ilegalidades na área de educação, publicidade contratada de forma fraudulenta, danos ambientais em poda de árvores e conservação de vias públicas. Um pagamento de três e meio milhões de reais a mais pela limpeza de ruas, isso num período de oito meses.   

O juiz que suspendeu as CPIs e proibiu os pedidos de informações sobre o assunto através de vereadores ao prefeito, arvorou-se em senhor absoluto de tudo e todos, pois suspendeu a vigência de um direito constitucional e uma competência específica de vereadores.

É outro pálido exemplo do que ocorre no antigo Espírito Santo. 

Há uma ação orquestrada e organizada desde o governo gerson camata, a rigor desde datas imemoriais, para a conquista e dominação do antigo Espírito Santo. Como informa o jornal eletrônico www.seculodiario.com.br o governo concedeu autorização a uma empresa FLEXIBRAS TUBOS FLEXÍVEIS LTDA para operar seu projeto de expansão. A licença ambiental foi concedida pelo Instituto Estadual de Meio-ambiente e Recursos Hídricos, deixando de lado o aterro de 23 mil metros quadrados da baía de Vitória. 

Era comum ver golfinhos nadando nessa baía e não faz tanto tempo que isso acontecia, informa aquele jornal.

Como toda e qualquer quadrilha o complexo que opera o crime no extinto Espírito Santo tem no dinheiro o seu mais precioso agente para limpar estradas e trilhas que possam impedir ou significar eventuais obstáculos ao que chamam de progresso, mas, no duro mesmo, o deles.

O orçamento do poder dito judiciário era da ordem de oitenta e seis milhões em 2003, pulou para 517 milhões neste ano de 2008 e vai ser da ordem de seiscentos e onze no ano de 2009. Dinheiro para desembargador nenhum colocar defeito. O do Ministério Público pulou de oitenta e três milhões em 2003 para duzentos e três milhões de reais em 2008 e agora vai ser arredondado para duzentos e dez milhões em 2009.

As excelências vão poder distribuir justiça a torto e a direito. A si próprias e apaniguados e parentes que exercem sacrificantes funções no que chamam de judiciário e no que gravita à sua volta, o ministério público.

As prisões, todo o levantamento feito pela Polícia Federal no ex-Espírito Santo tanto pode servir de base para uma operação maior, que chegue a todos os cantos de todos os estados da Federação e ao próprio poder judiciário federal (alvo de denúncias de juízes íntegros constrangidos com figuras como gilmar mendes), como pode em breve ser esquecida, jogada num escaninho qualquer para juntar poeira e vir a ser refeito noutros moldes, com outras figuras, tudo dentro do modelo democrático, cristão e ocidental que gera progresso, empregos e faz a economia andar.

Se depender da mídia chamada grande fica por isso mesmo, vira monte de poeira. A GLOBO está preocupada com os "sacoleiros" que vão comprar cositas no Paraguai. Desembargadores, Daniel Dantas, Ermírio de Moraes, esse tipo de gente neca de pitibiriba. Só faz de conta. É parte do esquema, esse maior ainda. 

Vai depender de mobilização popular, de percepção que por trás de todos esses pacotes de desenvolvimento, etc, estão figuras fétidas como o tal desembargador pimentel. O que passou mal.

Passar mal, passa todos os dias o trabalhador brasileiro.  

Essa conversa fiada de desenvolvimento, progresso, emprego, futuro, virou fachada para as quadrilhas do crime legalizado. É diferente do crime organizado. A própria expressão define. Têm amparo e proteção em tribunais em tese encarregados de fazer justiça e impedir esse tipo de trem como dizem os mineiros.