OS "NEGÓCIOS" DO ESPORTE

Carlos Alberto Nuzman começou sua ascensão no esporte após ser eleito presidente da Confederação Brasileira de Vôlei. Tinha laços e apoio no Fluminense – chegou a ser lembrado para presidente do clube – e idéias de profissionalização do vôlei no Brasil. A CBV, como muitas entidades esportivas, vivia em mãos pelegas. A primeira tentativa de derrubar o peleguismo foi feita com o jornalista Canôr Simões Coelho, mas sem êxito.

Nuzman chegou lá na segunda.

Promoveu, de fato, uma revolução no vôlei do Brasil e foi essa credencial que o levou à presidência do COB – Comitê Olímpico Brasileiro -, até então em mãos de um major posto por lá desde os tempos da ditadura.

Negar que Nuzman tenha conseguido avanços seria negar o óbvio, mas dizer que tais avanços tenham transformado o Brasil em uma potência esportiva ou que haja uma política de esportes capaz de promover essa revolução, seria forçar a barra.

Nuzman pelegou. A indicação do Brasil para sede das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de Janeiro não foi uma vitória do COB e nem de Nuzman. Foi um trabalho paciente construído por Celso Amorim, a diplomacia brasileira, o presidente Lula, João Havelange (que é ligado a Nuzman e ao Fluminense) e todo um processo desfechado a partir da primeira tentativa de trazer os jogos olímpicos para o Brasil.

Trabalho político, de bastidores, lentamente desenvolvido na obstinação do presidente da República de conquistar a vitória para o Rio, como de fato conquistou.

Carlos Alberto Nuzman é que eu chamo de categoria sub-Guinle, ou seja, se tomarmos os Guinles como topo da burguesia carioca em tempos idos, Nuzman está um degrau abaixo. Educado, mas vaidoso, arrogante no jeito aparentemente democrático de ser, quer transformar os jogos olímpicos de 2016 em propriedade privada.

O dono da bola. Nuzman não acredita nesse história de construção coletiva. Nem sabe o que é isso, está acostumado a salões dourados e pensa que a vida toda passa por salões dourados.

A ex-jogadora de vôlei, excepcional, Isabel, logo após o término das Olimpíadas de Los Angeles em 1984, disse a jornalistas que os norte-americanos haviam organizado um evento espetaculoso para ganhar e que os soviéticos, em 1980, haviam organizado uma Olimpíada com todo o espírito olímpico.

Há sérias suspeitas sobre as contas dos Jogos Pan-americanos no Rio. Nuzman tem explicações a dar, ainda, sobre o uso indevido de verbas municipais, estaduais e federais. Foi um dos que, aliado a César Maia, orquestrou as vaias ao presidente Lula na solenidade de abertura dos jogos.

Sem ser nenhum Guinle, ou sub-Guinle, Lula retribuiu fechando o esquema para as Olimpíadas de 2016 no Rio.

Não existe na história dos jogos olímpicos um único que tenha sido organizado a partir da iniciativa privada. Iniciativa privada no esporte, de um modo geral, ou é para lavar dinheiro, ou é por vaidade de um ou outro empresário (muitos), ou são cotas de patrocínio que ajudam, é lógico, mas no modelo atual as verbas públicas, a participação do poder público é decisiva. E inclusive nos EUA, meca do deus mercado, aquele que quando sente a barra pesada corre atrás exatamente das verbas públicas. 

Os jogos olímpicos de 2016 não serão organizados a partir da vontade de Carlos Alberto Nuzman, dos seus parceiros da iniciativa privada e nem podem ser fonte de lucro para “negócios” tão comuns nos esportes. É uma oportunidade de afirmação do País. Não tem nada a ver com marca de cerveja, mesmo que marca de cerveja seja importante, seja parte do processo.

Nuzman sugeriu ao Congresso Nacional que as expressões “Olimpíadas” e “Olímpicos” sejam propriedade do COB – Comitê Olímpico Brasileiro – e o seu uso gere roialties. Desconfio que tem um trem qualquer da GLOBO aí. GLOBO e VOCÊ tem tudo a ver com Nuzman.

Os caras estão de olho na fábula de dinheiro que corre nos afluentes do rio olímpico.

Parece até o Celso de Barros, presidente da UNIMED e que resolveu ter como objetivo principal acabar com o Fluminense, mas de uma forma curiosa, patrocinando. A demissão do técnico Cuca, independente de ter sido um ato desonesto, desleal, típico de empresário desse porte, foi um de uma burrice sem tamanho.

Megalomania de quem não ganhou nada até hoje se levar em conta o tempo que lá está – patrocinando diz ele –. Uma Taça Brasil e um campeonato carioca.

Para determinados dirigentes o importante no esporte, seja ele qual for, o que conta não é ganhar. É a vaidade e o que entra.

Veja o caso do Flamengo. Bastou um técnico negro, de características e origem humildes, mas competente e íntegro, caso de Andrade, acertar o time que logo um branco mau caráter, Zico, começou a trabalhar por dentro para tomar o lugar dele, por incrível que pareça, antigo companheiro de equipe.

Para ganhar alguma coisa? Claro que não. Puro show e com ingressos cobrados a preço do antigo Copa nos tempos dos Guinles. Ganhar é detalhe.

Se a organização das Olimpíadas ficar a cargo de Nuzman a vaca vai para o brejo.

Parece até a equipe do Arruda Serra copiando, como bem lembrou o amigo Vinnicius, o slogan do Obama – Yes, we can –. No caso do Brasil, o Departamento de Estado recomendou a Arruda Serra, “o Brasil pode mais”.

O tal negócio de “podemos”. Só não explicam o que. Não têm como fazê-lo. Ou são – se acham – semideuses em pedestal de barro, ou simplesmente são corruptos.  

Devem estar querendo importar o modelo inglês de futebol, onde milionários russos lavam fortunas e emires de potentados de petróleo fazem o mesmo.

O problema é que essas fortunas chegam sempre sujas, manchadas do sangue do trabalhador.

Querer ser dono das expressões “olímpico” e “Olimpíadas” é coisa de chamar um psiquiatra e constatar se o caso é de senilidade, ou de megalomania mesmo.

E interditar, antes que o cuspe à distância seja incluído nos jogos como modalidade olímpica.
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