DE CONCESSÃO EM CONCESSÃO...

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O senador Jorge Viana, Acre, PT, advertiu que o governo não tem votos suficientes na Câmara para evitar o trator da bancada ruralista na votação do Código Florestal. O significado dessa declaração é simples. O avanço indiscriminado sobre áreas de floresta e rios no transgênico "nosso" de cada dia. O governo Dilma é um rotundo fracasso em todos os sentidos.

As alianças que "sustentam" a presidente, a tal base parlamentar, é balela, não existe. Os interesses dos principais controladores do Estado brasileiro estão se sobrepondo aos interesses do Brasil e a presidente é menor que o cargo que ocupa, dá a sensação de estar perdida em meio ao tiroteio com que latifúndio e evangélicos se apropriam de cotas do poder, na pistolagem que guarda seus propósitos.

Os erros do governo Lula, que manteve intocada a era FHC se mostram agora mais visíveis e colocam o País à beira de um precipício e em meio a um vendaval. Terminadas as eleições de outubro de 2012 o governo estará órfão do que resta da tal "sustentação parlamentar" e envolvido em grave crise econômico financeira.

O jogo se resume ao clube de amigos e inimigos cordiais, às vezes nem tanto, mas conscientes que não vão a lugar algum se rasgarem a carteirinha de sócio. Começa depois de outubro, um outro outubro, o de 2014.

O Brasil hoje é uma casa de mãe Joana onde prevalecem os grupos internacionais constantemente favorecidos pelo governo Dilma (como foram favorecidos no governo Lula), numa sensação de surrealismo ou autismo diante das necessidades reais dos brasileiros, que entre outras coisas, dizem respeito à soberania e a integridade nosso território.

A Amazônia já é um território internacionalizado e governo e forças armadas andam juntos nesse processo. É a descaracterização do Brasil como principal força da América Latina, particularmente da América do Sul, o plano Grande Colômbia em curso.

As famosas broncas de Dilma cada vez mais se parecem com as críticas de Benedito Valadares a Getúlio Vargas e que o presidente chamava de "guampada de boi manso".

A "paulistização" conservadora e retrógada que está sendo imposta ao País neste determinado momento não vai sequer encontrar amparo nos programas sociais e eleitoreiros do governo, porque o governo, desde Lula, assim o quis.

Não há Copa do Mundo que salve a ausência de poder efetivo do governo. Dilma tem o governo, a cúpula do PT controla a presidente, mas nem um e nem outro têm o poder. Artur Virgílio está sendo ressuscitado em Manaus, é só um exemplo.

Num canto desse ringue Lula à espera da volta milagrosa em 2014. A sensação que causa é que jogou Dilma às feras.

Seu partido é cada dia mais um PSDB disfarçado, longe da classe trabalhadora, distante de sua história, perto do que há de mais nocivo ao Brasil.

Somos um País manco e manco continuaremos a ser com as políticas de concessões atrás de concessões feitas pela presidente e pelo PT.

Só falta adotarem o clássico slogan tucano, "choque de gestão".

É o toque de silêncio para os trabalhadores, a redenção dos bancos, das grandes corporações e do latifúndio, com as bandeiras evangélicas espalhadas e desfraldadas por todos os lados, numa cópia barata e pré-histórica dos Estados Unidos.

A CPI do Cachoeira, uma das grandes oportunidades do governo para promover uma devassa geral, vai terminar em nada. Um dos primeiros feitos de um deputado petista integrante dessa Comissão foi tranqüilizar o governador Sérgio Cabral quanto a riscos na corrupção que varre o estado do Rio de Janeiro.

O Brasil está sendo entregue de bandeja para grupos econômicos internacionais e o maior e mais vergonhoso lance dessa entrega está na contratação do exército norte-americano para a realização das obras de transposição do Rio São Francisco.

As portas estão abertas para os novos colonizadores.

A entrega vai ser consumada no pacote de privatizações que o governo chama de concessões, que a presidente já anunciou.

O desmanche dos serviços públicos é parte desse projeto neoliberal, dessa guinada de Dilma e do PT. As pessoas se contentam com cópias quando não têm a possibilidade de ter o original. Em 2014 vão ouvir a pregação de Aécio Neves prometendo uma nova era e vão perceber que uma não difere da outra. O original tem grandes chances de prevalecer.

De retornar.

O empenho de Lula nas eleições de determinados candidatos, o ex-ministro Haddad principalmente, candidato a prefeito de São Paulo, não muda nada e não desmancha nenhum castelo FIESP/DASLU. Serra é carta fora do baralho das elites políticas e econômicas e Russomano é cooptável sem problemas.

Lula bate em teclas que não vão acrescentar nada ao que tem em mente, a disputa eleitoral de 2014. Seu próprio carisma vai sair manchado por esse tipo de atitude e o caminho se mostrar errado e perigoso.

Fica claro que sábio foi o general Golbery do Couto e Silva quando percebeu que o PT não oferecia risco aos interesses dos grandes. Que cedo ou tarde cairia, como caiu, na rede dos acionistas do Brasil S/A.

Lula e Dilma em peripécias e malabarismos nada "petistas" jogam fora a perspectiva de jogarmos nós as bengalas que carregam um País manco.

Não é uma luta, a dos trabalhadores, que vai ser ganha sem as ruas, nas ruas. No pós eleição o outro lado do perverso pacote de privatizações chamadas de concessões. A da flexibilização dos direitos trabalhistas.

Um retrocesso a mais nos tais "avanços" do "capitalismo a brasileira", a invenção de Lula e que está terminando nos braços do capitalismo internacional.