AS CONTRADIÇÕES DO GOVERNO DILMA

Começam em Lula. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva criticou banqueiros em discurso na Europa, mas se esqueceu de dizer que foi em seu governo que os bancos desfrutaram de privilégios inaceitáveis e apresentaram os maiores lucros de suas histórias.

Dilma Roussef fez com que o lucro dos bancos diminuísse um pouco - só um pouco - ao obedecer à risca o receituário neoliberal, num momento de corte de gastos e conseqüência da crise que devasta a União Européia e varre os EUA (ainda que a mídia tente esconder).

À época da ditadura militar alguns esbirros do regime fizeram chegar ao papa Paulo VI a notícia que o bispo de Araguaia, D. Pedro Casaldáliga, seria preso. Ouviram do pontífice a seguinte resposta - "toquem um só fio de cabelo de Casaldáliga e estarão tocando em mim". Isso num tempo em que existiam papas.

O máximo que conseguiram em se tratando de prelados católicos foi evitar que D. Hélder Câmara recebesse o Nobel da Paz, mas isso não dependia do papa. Numa das últimas edições do prêmio até a Max Factor concorreu com a ex-senadora Ingrid Bettancourt, para mostrar a valia de seus produtos na conservação da beleza feminina, mesmo depois de anos como "prisioneira" da guerrilha na Colômbia.

É um desafio ao governo Dilma Roussef que o bispo honorário de Araguaia tenha que se refugiar a mil quilômetros do local onde mora para ser protegido das ameaças de latifundiários. Latifundiários fazem parte da base de sustentação do governo federal. São sobreviventes de um período anterior ao Neanderthal e só conhecem a lei da destruição, da morte, dos assassinatos, do trabalho escravo, além do dinheiro da MONSANTO e outras empresas ligadas ao agronegócio.

Os jornais da mídia de mercado dão conta de uma deficiência superior a 150 mil servidores nas diversas áreas do governo. É o Estado mínimo. Vem desde FHC, teve um momento em que o processo de desmanche dos serviços públicos andou a passo de cágado, no governo Lula e agora volta a toda no governo Dilma. Desmanche, arrocho salarial e efeito cascata sobre governos estaduais e municipais.

Não é demais lembrar que servidores públicos prestam serviços públicos, que, por sua vez, são direitos legítimos do cidadão consagrados na Constituição.

Se não consegue se impor aos latifundiários, a presidente cede ao Judiciário e ao Legislativo em várias pontas e se impõe apenas no que diz respeito a arrocho salarial.

O que as forças populares têm diante de si?

O desafio de constatar que não houve avanço algum nos governos Lula e Dilma. O primeiro se desmancha no grande coronel eleitoral o programa Bolsa Família e o segundo se perde por não ter sido capaz de entender ainda que biruta do Palácio indica a direção dos ventos.

Os recentes escândalos, mesmo que levantados pela Polícia Federal, o que não acontecia no governo de FHC (eram varridos para debaixo do tapete) deixam á mostra a falência do Estado instituição e apontam, sinalizam, na necessidade de reformas estruturais que deveriam ter sido feitas já no primeiro ano do governo Lula.

Como não aconteceram, optaram pelas políticas de alianças envolvendo as mais disparatadas forças do Brasil, engolem agora o espetáculo do mensalão e não têm forças para resistir. Figuras decentes como José Genoíno são arrastadas à execração pública na necessidade de apresentar culpados.

O curioso é que quando FHC falou em levar o PSDB às bases, ao "povo", a primeira ação que lhe veio à mente foi usar o apresentador de tevê Luciano Huck. O dito achou que para entrar de cabeça na política era importante dar uma de Aécio Neves. Encheu a cara, saiu dirigindo e recusou o teste do bafômetro. São amigos íntimos, aliás, formam uma dupla inseparável.

Oscar Niemeyer defendia aulas de filosofia nas escolas públicas como forma de fazer as pessoas pensarem na vida. Ou seja, nada do técnico que sabe tudo de uma só coisa e não sabe nada do resto. Doença crônica que o capitalismo espalha em seu afã predador.

Dilma tem só visão econômica. Não percebe, por exemplo, a importância da América do Sul para o Brasil e na esteira das alianças que fez prefere Moreira Franco como Secretário de Assuntos Estratégicos a Samuel Pinheiro Guimarães. Foi a uma catacumba qualquer e buscou o político do PMDB, ex-governador do Rio e posto em aposentadoria até ser ressuscitado pela atual presidente via Michel Temer.

O cerne da questão não é o Brasil e nem os brasileiros. É a governabilidade matreira das alianças espúrias que torna a presidente refém de figuras como José Sarney, uma espécie de condestável da República.

O olho está posto na Copa do Mundo de 2014, as esperanças depositadas no hexa campeonato agora a cargo de Carlos Alberto Parreira e Luís Felipe Scolari (são competentes), tudo para facilitar o caminho da reeleição.

Um arroubo de coragem padrão Cristina Kirschner para enfrentar os veículos de comunicação que acham que Niemeyer escrevia "bobagens" e montam as farsas ditadas por Carlos Cachoeira, nem de longe. Não faz parte dos planos da presidente que, a propósito, tentou até a convivência "harmoniosa", através de uma omelete no programa de Ana Maria Braga.

Imaginar que a Venezuela possa vir a enfrentar o risco de uma guerra civil dependendo da evolução da doença de Chávez, ou sua recuperação e o que isso significa para o projeto norte-americano de implantação do plano GRANDE COLÔMBIA, que reduz o Brasil a uma espécie de entreposto, isso então nem pensar.

O dilema das forças populares é retomar a caminhada da luta nas ruas, da organização e formação, na tentativa de resgatar o Brasil, de abrir oportunidades para as alternativas perdidas com Lula e Dilma e encontrar o norte na biruta que cada brasileiro vai percebendo, lentamente mas vai, no governo preferido das montadoras de automóveis.

O que Eike Batista (principal acionista da empresa RIO DE JANEIRO S/A) chama de kit felicidade.

São contradições que a presidente tem consciência, não sabe ou não quer vencê-las, enfrentá-las. Está na moita.

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