"CHÁVEZ É O FUTURO"

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"O povo da Venezuela seguirá marcando a pauta desta revolução mesmo que percamos uma liderança". A frase é de Miguel, porta-voz de um dos conselhos comunitários do bairro de 23 de Janeiro, reduto do "chavismo" em Caracas. Foi dita a jornalistas da agência France Press e seguida de uma conclusão simples - "Chávez é o futuro".

O presidente reeleito da Venezuela está em coma induzido num Hospital de Havana, onde tenta recuperar-se de uma cirurgia para extrair um tumor maligno e recidivo na pélvis. Seu estado é considerado grave e os venezuelanos, pela primeira vez, admitem discutir o futuro da Venezuela sem Chávez, mas não o futuro da revolução bolivariana desfechada pelo presidente.

Desde a renúncia de Fidel Castro ao governo de Cuba que Chávez é o líder popular latino americano da maior importância. Supera de longe Dilma Roussef do Brasil que, naturalmente, teria essa liderança e a própria figura do ex-presidente Lula metido em trapalhadas várias e caçado pela mídia brasileira como se fosse um Fernando Henrique da vida.

Não há como mensurar a importância de Chávez no processo político venezuelano (levado ao caos pelos partidos tradicionais desde a última presidência da massa falida, Rafael Caldera) e muito menos na América Latina. Vai se somar a Fidel, a Chê e a tantos outros lutadores populares.

Há revoluções em curso na América Latina, notadamente na América do Sul. Com mais clareza na Bolívia com Evo Morales, no Equador com Rafael Caldera, no próprio Uruguai com José Pepe Mujica, mesmo na Argentina com Cristina Kirschner que decidiu enfrentar o monopólio da mídia de mercado, despertando a ira e a fúria de um dos maiores e mais ferozes dragões da mentira capitalista. O grupo CLARIN, um similar do grupo GLOBO no Brasil.

A Venezuela hoje é um país livre do analfabetismo, vivendo um processo de reforma agrária, um projeto público de saúde que contempla toda a população, um sistema revolucionário de educação e uma forte organização popular em torno do presidente Hugo Chávez. Foi o recurso que encontrou para superar a oposição das elites, inclusive o golpe fracassado de 2002, montado pela mídia e pelo governo dos EUA, como sempre com a cumplicidade das elites econômicas de seu país (elites econômicas são banqueiros, grandes empresários, latifundiários, algo como o lixo do ser humano por si e no todo, mas governam o mundo).

É pouco provável que Chávez consiga sobreviver (não é impossível) e assumir o seu novo mandato, conferido por mais da metade dos venezuelanos. Mas é quase certo que o chavismo permanecerá no governo e aí, sem Chávez, reside o problema. Apetites insaciáveis dos grandes e dos EUA tentarão submeter o país a regimes como o processo iniciado com a deposição do general fascista Pérez Jimenez, a presidência de Rômulo Betancourt, até uma espécie de transição com Caldera, já velho e sem condições de recompor as forças do poder econômico carcomido pela corrupção e pelo atraso (elites na Venezuela descobriram faz pouco tempo, como a brasileira, o uso do garfo e da faca. Registre-se que Kátia Abreu ainda não apresentada a esses instrumentos, digamos assim).

É só olhar Kátia Abreu, senadora e líder dos latifundiários, ou qualquer desses Eikes que pululam de "ferraris" matando inocentes. Nem falo de trabalhadores, como os que são submetidos a condições de trabalho escravo em Belo Monte, nos tais milagres de Lula e seu "capitalismo a brasileira".

Ou da entrega da regiões Norte e Nordeste ao poder da VALE, solo e subsolo.

A Venezuela de Chávez anda por suas próprias pernas ao contrário do Brasil, um país manco.

Chávez buscou o povo, a organização popular. Lula, a quem, em tese, caberia esse papel, cercou-se de Abílio Diniz e outros.

Hugo Rafael Chávez Frias transcende a Venezuela. Sua coragem e determinação, que a mídia tentou transformar em algo histriônico, são apenas a simplicidade de um homem do povo.

No ano três mil as pessoas não terão a menor idéia de quem foi William Bonner a chamá-lo de "ditador", ou William Waack, ou ainda os patéticos do Manhatan Collection - agora acrescidos de FHC.

Hugo Chávez estará nas páginas da história como alguém que como diria Glauber Rocha enfrentou o "dragão da maldade" na viola de sete cordas da música de Sérgio Ricardo, uma delas propositadamente desafinada, pois essa é a linguagem do ser humano que pulsa e vive a liberdade.

Afinada na consciência do diamante no fundo do abismo.

Vida longa ao comandante Chávez é isso. "Chávez é o futuro" é isso.

História.