O GOLPE BRANCO CONTRA BENTO XVI

Se golpe branco no Vaticano é santo ou é só golpe mesmo não sei. Quem quer que tenha o mínimo de conhecimento ou informações sobre a Igreja Católica sabe que Bento XVI forçou sua eleição para papa na esteira da popularidade (construída por marketing) de João Paulo II e jamais foi engolido pelo colégio de cardeais, principalmente os italianos, que se consideram proprietários da Igreja.

A Igreja Católica Apostólica Romana vive hoje uma de suas piores crises, Política, financeira que se reflete nos espaços perdidos inclusive em países de maioria católica, caso do Brasil. Na Europa, por exemplo, o número de muçulmanos cresce de forma a assustar governos brancos e na África os neopentecostais avançam com a voracidade (e o dinheiro de bancos e grandes empresas) que lhe é peculiar. Em Jerusalém, terra santa das três principais religiões monoteístas do mundo (islâmicos, judeus e cristãos) só 2% da população hoje é cristã.

O Brasil, considerado o maior país católico do mundo é hoje uma espécie de feira religiosa, onde você encontra desde tijolos para construir casas no céu, a travesseiros ungidos por Cristo, ou perfumes e sabonetes que trazem o cheiro do mesmo Cristo. Nada disso é católico. A violência com que João Paulo II se atirou contra a Teologia da Libertação dizimou boa parte da igreja no País e abriu espaços para um braço neopentecostal dentro do catolicismo, jogada de marketing, a chamada Renovação Carismática..Beira a mesma histeria dos cultos de um pastor Malafia, ou de um bispo Edir Macedo, ou do matador de tubarões, o que vende tijolos divinos, o pastor Valdemiro. Não foi o Brasil, lógico, o principal responsável pela “renúncia” de Bento XVI. O estado pré-falimentar do Banco do Vaticano, que vem desde as fraudes praticadas pelo cardeal Marcinkus (teve a prisão decretada pela justiça italiana e ficou impedido de sair do Vaticano até que um acordo permitiu sua volta aos EUA, onde morreu), foi o fator preponderante. O Brasil até hoje é visto pelo Vaticano como uma possessão, onde deitam e rolam. A morte de Hélder Câmara, os privilégios concedidos ao cardeal Eugenio Salles, condutor da inquisição no período de João Paulo II transformou a igreja católica num apêndice das práticas religiosas inquisitórias em nosso País, sem falar nas posições retrógradas e impositivas de velhos senhores cheirando a bolor medieval.

Bento XVI foi vítima da sua própria dimensão, nunca a de um papa, jamais conseguiu cumprir o papel de grande vendedor de fé como o fez João Paulo II, não era estimado pela Cúria Romana e se imaginava à frente das legiões da juventude htitlerista à qual pertenceu quando jovem e onde se formou ideologicamente. A velha frase “quando Roma fala, o mundo se cala”, foi para as calendas.

A decisão de afastá-lo num golpe branco foi tomada em Roma na concepção pura e simples que ou era isso, ou a vaca ia para o brejo sem a perspectiva de saída. E tanto é assim que arcebispos e cardeais brasileiros foram pegos de surpresa, não tinham a menor ideia do que estava acontecendo e procuraram transformar o gesto, no duro mesmo o golpe, numa atitude de “grandeza”. A única grandeza de Bento VXI era a soberba, a vaidade extrema e a crueldade com que lidava com adversários. A isso se soma a recente acusação de novas fraudes no Banco do Vaticano.

Como a OPUS DEI, organização terrorista que controlou João Paulo II e controlava Bento XVI vai reagir é uma incógnita. Nesses dois últimos períodos papais o grupo aumentou suas forças, controla setores importantes da igreja e não vai querer abrir mão do poder.

Essa história começa com a eleição de Karol Wojtila, João Paulo II, logo após a morte de Paulo VI (o cardeal Giuseppe Montini). O brasileiro Aloiísio Lorscheider era o favorito, vinha vencendo os sucessivos escrutínios sem alcançar a maioria necessária e o temor que fosse eleito um papa latino e progressista, levou o cardeal norte-americano Marcinkus a um acordo típico de políticos brasileiros. A igreja norte-americana injetaria o dinheiro necessário para salvar o Vaticano da débâcle e um papa fantoche seria eleito, evitando que a Teologia da Libertação (opção preferencial pelos pobres do papa João XXIII) se propagasse pelo mundo católico, criando problemas aos EUA.

Foi o que aconteceu. Pesou mais o balanço do Banco do Vaticano no voto dos cardeais e Wojtila, polonês, dentro do esquema político de Reagan, foi eleito papa. A OPUS DEI assenhorou-se da Igreja e varreu com as principais decisões do Concílio convocado por João XXIII. Em uma de suas encíclicas, o papa Roncali, João XXIII, afirmava claramente que esgotados os recursos pacíficos para a conquista dos direitos mínimos, a luta armada era válida. Inaceitável para os norte-americanos. João Paulo II saiu-se melhor que a encomenda. Bento XVI imaginou que poderia continuar o processo de liquidação da igreja e o abandono aos pobres, mas mostrou-se menor que as exigências, ainda estava e está achando que vivemos o mundo da juventude hitlerista. O papa não renunciou. Foi instado a renunciar para evitar constrangimentos maiores e a ruína efetiva da Igreja Católica Apostólica Romana.

Os olhos da igreja não estão postos sobre a Europa, ou a América do Norte (campeãs em casos de pedofilia nos últimos anos), mas sobre os movimentos sociais na América Latina, o crescimento da China na Ásia, a situação no Oriente Médio (são aliados por incrível que pareça dos sionistas que massacram palestinos) e na tentativa de varrer raízes da cultura africana, um continente hoje dizimado pela fome, por guerras civis e intervenções estrangeiras, tudo com as bênçãos do Vaticano.E lógico, o espantoso crescimento do Islã.

O que querem agora é recuperar o terreno perdido para os neopentecostais nessas bandas do mundo e coroar um novo Napoleão, que tanto pode ser Obama, como qualquer Bush da vida (aliás, Napoleão tomou a coroa das mãos do papa e coroou-se a si mesmo). Isso hoje tanto faz, o que conta, neste momento, é o balanço do Banco do Vaticano. O resto vem como consequência. Se vão conseguir ou não é outra história, mas o golpe é por aí.

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