Os grãos petistas estão fortemente empenhados em desqualificar os brasileiros que torcerão (e protestarão) contra nossa seleção durante o Mundial da Fifa. Consequentemente, instalou-se nas redes propagandísticas do partido um clima tão rancoroso e histérico como eu nunca esperava presenciar de novo, o de ame-o ou deixe-o!. Lá no inferno o ditador Médici e o torturador Fleury devem estar eufóricos, convencidos de que riram por último.

Não levo a sério o blablablá daqueles que jamais deram a mínima para o futebol e agora desandam a escrever besteiras patrioteiras, na suposição de que uma Copa do Mundo bem sucedida, culminando no hexa, contribuirão fortemente para a reeleição de Dilma Rousseff; nem as daqueles que sonham com um fracasso do oficialismo em julho e outubro. 

Vejo com muita simpatia uma nova geração começando a protestar contra as mazelas nacionais. Quem tem alma de revolucionário não pode, JAMAIS!, se colocar contra algo tão auspicioso (a voz das ruas não era ouvida desde o Fora Collor! de 1992) em função de mesquinhos cálculos eleitoreiros e da defesa incondicional de um governo que está apenas aumentando um pouco a quantidade de migalhas da mesa dos poderosos que é atirada aos miseráveis.

#NãoVaiTerCopa, contudo, me parece um exagero. Apesar das mil e uma maracutaias por ela propiciadas; da opção velhaca por 12 sedes quando a Fifa só exigia oito; dos investimentos que não foram feitos em saúde, educação, transporte coletivo, geração de energia e abastecimento de água; da arriscadíssima possibilidade de as Forças Armadas serem incumbidas de tarefas que não lhes são afins, receita certa de massacres; da indizível vergonha que todos os brasileiros dignos deste nome sentiremos quando um filhote da ditadura estiver exibindo-se ao mundo como dirigente máximo do nosso futebol; apesar de tudo isso, os protestos deveriam voltar-se contra os culpados por tais descalabros e não contra a realização do Mundial em si.

Mas, mesmo atendo-me aos fatores estritamente futebolísticos, meu coração balança.

Passei a meninice inteira escutando os relatos do meu pai sobre a frustração que se abateu sobre os brasileiros quando do maracanazo, "a principal avenida do bairro deserta como um cemitério, em plena noite de domingo", etc. Não desejo isto para o nosso povo.

Só que também não desejo um triunfo conquistado da pior maneira possível, com a cartilha bisonha e tacanha do técnico Felipão, que sempre encarou o futebol como guerra e não como esporte.

Os 3x0 sobre a Espanha, na final da Copa das Confederações, teriam sido verdadeiramente gloriosos se o escrete não houvesse passado a partida inteira tolhendo o jogo dos adversários com faltas e mais faltas --sem violência, mas com premeditação. 

A deslealdade não pode virar a nossa marca registrada, depois de termos deslumbrado o mundo com a beleza pura que se irradiava das chuteiras imortais. Terão brotado ervas daninhas à sua sombra (*)?

No último sábado, o treinador fez soar novamente os tambores tribais, ao cobrar dos seus comandados que fizessem mais faltas --com a maior sem-cerimônia, como se este fosse um recurso normal, admissível e desejável. 

Consequentemente, contra o patético selecionado do Panamá os brasileiros cometeram O DOBRO de faltas dos adversários, sem a mínima necessidade, pois não encontraram resistência nenhuma. Quantas cometerão ao enfrentarem a Alemanha ou a Argentina? Uma por minuto?!

Quanta pequenez! Que terrível estreiteza mental! De que adiantou livrarmo-nos do discípulo Dunga, se o seu substituto acabou sendo o mestre Felipão? O primeiro, pelo menos, nunca gritou "Pega! Pega! Pega!", mandando seus jogadores agredirem covardemente um adversário, como o segundo fez numa final de Paulistão (o obediente Paulo Nunes cumpriu a ordem, escoiceando Edílson pelas costas).

Infelizmente, um fracasso reforçará nosso complexo de vira-latas; e um triunfo, a síndrome de pitbulls. Qual é pior?

Meu coração balança.

* alusões ao livro À sombra das chuteiras imortais, uma coletânea de crônicas de Nelson Rodrigues.

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