Ontem caminhávamos os três pelas ruas tumultuadas dessa cidade. Era noite, e procurávamos alguma coisa para fazer. Entramos em quatro cinemas e nenhum deles nos apeteceu ficar, não tinha nenhum filme interessante em cartaz.
Bem da verdade é que todos nós estávamos enlutado pela perda de mais um gênio, o que nos deixa mais pobre e menos inteligente de uma forma geral. Mas parecia que a tristeza não era só nossa, olhei por um instante pro céu e ele estava cinza, o vento não dava sinal de vida, as nuvens anunciavam que ia mandar uma chuva, e a chuva já nos previa que iria lavar nossas almas de tanta amargura.
E andando pelas ruas vimos um gato a miar, um cachorro a latir, um porco a grunhir, um bode a berrar, o boi a mugir, o canário a cantar, a cegonha a gritar, a coruja a piar, a galinha cacarejar, o galo a cantar, a hiena uiva e a pobre girafa chorar.
O que mais nos chamou atenção foi o choro da girafa, como criança quando chora sentida, estava ela se derramando em lágrimas. Andando e chorando, ia ela dizendo: - Tenho fome, tenho fome, tenho fome; e olhava para o céu como num ato de socorro. Mas lá em cima já estava decretado luto oficial de 3 dias, nada se podia fazer no caso dela.
Continuamos nossa peregrinação, e chegamos de frente com um lugar muito grande e com a faixada da frente muito bonita. A luz da entrada era meio amarelada, o caminho era meio sombrio e parecia não levar a lugar algum, eis que aparece um homem e perguntamos:
-Senhor, o que tem ai pra dentro?
-Olha, lá no fim, depois do bebedouro na sua direita tem umas salas de cinema e na esquerda está tendo uma cantoria. Fique a vontade.
-Gratidão
Seguimos em frente, e como mais uma vez não tinha nenhum filme bom, dobramos logo a esquerda e fomos acompanhar a tal cantoria.
Sentamos num banco desses tipo de praça, e ficamos ali, os três um sentado ao lado do outro sem trocar palavra nenhuma, somente ouvindo aquele som e observando tudo. A cantoria era nada mais do que uma seresta, todos sentados em forma de quase circulo, os instrumentos soavam mais alto e a pessoa que cantava tomava o cuidado de não passar o som demais, na medida em que fazia o negócio ficar mais interessante, pois de cá ficávamos tentando desvendar o que cantavam. De quando em vez cada um levantavam e puxavam uma nova canção.
O tempo foi passando e estava maravilhoso ficar sentado ali, pena que essa coisa de espaço e tempo não respeita nosso prazer. Já estava quase na hora de fechar o lugar, as pessoas foram se levantando, arrumando toda a bagunça, levando as cadeiras para seus devidos lugares, a música foi acabando e os instrumentos sendo guardados. Sensibilizado com o dia corrente, com todas as perdas e ainda pelo fim da cantoria; São Pedro chorou.

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