Rainha de Portugal, nasceu em Turim (Itália) em 1847 e morreu em Piemonte (Itália) em 1911. Filha de Vítor Manuel, rei de Sicília e da Itália, e da arquiduquesa Maria Adelaide de Áustria, tinha 15 anos quando em 1862, casou por procuração com o rei D. Luís, tendo chegado a Lisboa um mês depois. No dia 29, embarcou no porto de Génova, a bordo da corveta Bartolomeu Dias, acompanhada pelas corvetas Estefânia e Sagres. A Itália fez-se representar por várias embarcações. No dia 5 de Outubro a esquadra chegou a Lisboa. A Rainha foi recebida por uma cidade em festa. Os elementos quiseram partilhar desta felicidade. O dia estava calmo, iluminado por um Sol radioso que tornava mais azul o céu de Lisboa.
De ânimo varonil e espírito generoso, repreendeu o Marechal Saldanha por ofensa à pessoa do rei, em 1870; salvou o infante D. Afonso, na altura com oito anos, de morrer afogado em Cascais, em 1873; desvelou-se aquando das inundações de 1876 e enfrentou violento temporal para ir socorrer as vítimas do incêndio do Teatro Baquet, no Porto, em 1888.
Fundou, na Tapada da Ajuda, a Creche Vítor Manuel, em 1878. O povo deu-lhe o título de “Anjo da Caridade”. O assassínio do seu filho D. Carlos e de seu neto D. Luís Filipe, em 1908, levaram-na à loucura.
Nunca se imiscuiu directamente na política do Reino. A excepção teve lugar em 19 de Maio de 1870 na sequência da démarche do Marechal Saldanha no cerco ao Palácio Real, exigindo ao Rei a demissão do seu arqui-inimigo Duque de Loulé. Após a conferência com o Rei, o neto do Marquês de Pombal foi apresentar, como era habitual, os seus cumprimentos à Rainha. Com a impulsividade italiana a correr-lhe nas veias a Soberana respondeu-lhe que “Se fosse o Rei mandava-o fuzilar”. Em 10 Outubro de 1889, com a morte do Rei D. Luís, passou à condição de Rainha-mãe, dedicando-se, sobretudo, aos seus netos.
Com o golpe republicano regressou a Itália, onde viria a falecer poucos meses depois, estando os seus restos mortais a repousar na Basílica de Superga.
Chegou por mar, e seria por mar, exactamente 48 anos depois, em 5 de Outubro de 1910, que regressaria à sua terra natal.
D. Maria Pia de Sabóia
Fonte: Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico
Rainha de Portugal pelo seu casamento com o rei D. Luís I.
Nasceu em Turim a 16 de Outubro de 1847, sendo filha de Victor Manuel, então príncipe do Piemonte, mas que mais tarde, em 1849, foi aclamado rei de Sardenha, e em 1867, rei da Itália.
Sua mãe era a arquiduquesa D. Maria Adelaide Francisca Reinero Elisabete Clotilde, que faleceu em 1854, deixando sua filha, a princesa senhora D. Maria Pia, apenas com 7 anos de idade, entregue aos cuidados da condessa de Vila Marina, que esmeradamente a educou. Em 1862 foi pedida em casamento, pelo rei D. Luís, indo a Turim com esse encargo, em especial missão, o visconde da Carreira, que nessa ocasião foi agraciado com o título de conde, Luís António de Abreu e Lima, camareiro-mor e oficial-mor da Casa Real. O ilustre diplomata ia também encarregado de ajustar o contrato matrimonial. Chegou a Turim a 3 de Agosto de 1862, sendo o contrato assinado no dia 9 do citado mês. O rei de Itália dava 500.000 francos de dote a sua filha, 100.000 para o enxoval, e jóias no valor de 250.000. O dote devia ser entregue ao tesouro português vencendo o juro de 5 % ao ano, pago em trimestres, ou empregado em bens de raiz, dando o rei de Portugal em hipoteca ao dote de sua esposa a parte dos rendimentos do Estado que fosse suficiente para isso.
O casamento realizou-se em Turim por procuração, em 27 de Setembro do mesmo ano de 1862, sendo o rei D. Luís representado pelo príncipe Carignan de Sabóia, lançando a bênção nupcial o arcebispo de Génova. No dia 29 embarcou a jovem rainha de Portugal, em Génova, a bordo da corveta Bartolomeu Dias, partindo para Lisboa acompanhada pelas corvetas Estefânia e Sagres, e pelas corvetas italianas Maria Adelaide, Duque de Génova, Itália, Garibaldi, e o vapor aviso Anthion. A esquadra chegou a Lisboa a 5 de Outubro, indo esperá-la fora da barra os vapores de guerra Lince e Argos, os vapores de comércio D. Antónia, D. Luís, Açoriano e Torre de Belém. A corveta Bartolomeu  Dias fundeou em frente de Belém, indo logo a bordo o rei D. Luís, o rei D. Fernando, o conselho de Estado, ministério, etc. Para o desembarque da rainha, que se efectuou no dia 6, construiu-se um rico e vistoso pavilhão no Terreiro do Paço, representando o templo do Hymineu, tendo na parte do friso as seguintes inscrições feitas por António Feliciano de Castilho: do lado do norte:
DA BELLA ITÁLIA ESTRELLA SOBERANA SEJAES BEM VINDA À PRAIA LUSITANA
do lado do sul:
FILHA DE REIS HEROES, DE REIS HEROES ORIGEM EM NOVA ITALIA OS CEUS THRONO D'AMOR TE ERIGEM
No dia 6, pelo meio-dia, embarcou o rei D. Luís no bergantim real, indo a Belém buscar a rainha. Concluída a cerimónia no Terreiro do Paço, que foi brilhante e entusiástica, dirigiu-se o grandioso cortejo para a igreja de S. Domingos, onde se procedeu à cerimónia da ratificação do casamento e se cantou um solene Te Deum, composição do maestro Manuel Inocêncio dos Santos. Em comemoração do real consórcio realizaram-se festas durante três dias, havendo brilhantes iluminações, tanto nos edifícios públicos, como em muitas casas particulares, produzindo grande efeito as do Terreiro do Paço e da praça de D. Pedro. Houve parada, fogos de artifício, récitas de gala no teatro de D. Maria, com o drama histórico em 5 actos, de Mendes Leal, Egas Moniz, e no de S. Carlos, cantando se opera Ernani, de Verdi. A rainha Senhora 
D. Maria Pia conservou-se sempre alheia aos acontecimentos políticos durante o reinado de D. Luís. Só quando se deu a revolta de 19 de Maio de 1870, à noite, indo o marechal duque de Saldanha, à frente dos revoltosos cercar o palácio da Ajuda intimando a demissão do ministério presidido pelo duque de Loulé, é que a varonil soberana afirmou notavelmente a sua energia e coragem. Mais tarde, a 2 de Outubro de 1873, achando-se a banhos em Cascais, e tendo ido passear com seus filhos ao longo da costa, até ao sitio chamado Mexilhoeiro, correu grande perigo a sua existência. Vendo uma onda arrebatar os príncipes, a heróica rainha lançou-se imediatamente ao mar para os salvar, e seria irremediavelmente vitima da sua dedicação maternal, se não viesse em seu auxilio e dos príncipes o ajudante do faroleiro da Guia, António de Almeida Neves, que conseguiu arrastar para terra a rainha e seus filhos. Por este acto foi a soberana agraciada com medalha douro concedida ao mérito, filantropia e generosidade, por carta régia de 3 de Outubro de 1873, sendo também recompensado o heróico salvador com uma condecoração e uma pensão vitalícia. 
O Inverno de 1876 foi rigorosíssimo, produzindo grandes inundações, que deram origem a enormes desgraças, ficando muitas famílias na miséria. Por iniciativa da bondosa rainha organizou-se logo uma comissão para angariar donativos, a qual se compunha dos seguintes senhores, alguns dos quais já hoje não existem: Cardeal Patriarca D. Inácio, duque de Palmela, conde de Rio Maior, Francisco de Oliveira Chamiço, Carlos Ferreira dos Santos e Silva, António José de Seixas, Flamiano Lopes dos Anjos, Pereira de Miranda, duque de Loulé, marquês de Ficalho, visconde Ribeiro da Silva, Martens Ferrão, visconde de Valmor, e as senhoras: duquesa de Ávila, condessas de Sousa Coutinho, Rio Maior e Ficalho, viscondessas da Gandarinha e Porto Covo; D. Gabriela de Sousa Coutinho, D. Maria Teresa de Assis Mascarenhas, D. Maria Palha Brandão, D. Capitolina Viana e D. Maria do Patrocínio Barros Lima Eugénio de Almeida. Os donativos recebidos ascenderam a mais de réis 200.000$000, formando a rainha um fundo especial com que depois foi socorrendo muitas famílias vítimas da dureza dos Invernos. Na sessão da câmara dos deputados de 9 de Janeiro de 1877, o deputado da oposição Osório de Vasconcelos exaltou a iniciativa da rainha, propondo o deputado Barros e Cunha que a câmara «prestando à caridosa iniciativa de que sua majestade a rainha houve por bem usar, em beneficio das vitimas das inundações, a homenagem que lhe deve em nome do povo que representa, resolve que este voto seja lançado na acta das sessões, e que uma grande deputação deponha aos pés da augusta princesa o tributo do seu reconhecimento.» A câmara dos pares votou também proposta idêntica, na sessão de 8 de Janeiro. A sociedade francesa de L'encouragement au bien conferiu à rainha senhora D. Maria Pia a grande medalha de honra, na sessão de 27 de Maio de 1877.
Quando neste ano de 1877 a fome afligiu os povos do Ceará (Brasil) em consequência das grandes secas que ali houve, a bondosa soberana propôs, e foi aprovado, que do cofre dos inundados se retirasse a quantia de 36.000$000 réis, destinada a socorrer as infelizes vitimas daquela calamidade.
Foi a rainha senhora D. Maria Pia quem fundou na Tapada da Ajuda a Creche Victor Manuel, que se inaugurou em 1 de Novembro de 1878, construindo-se um edifício próprio para aquele fim. Quando circulou em Lisboa a noticia da lamentável desgraça do incêndio do teatro Baquet do Porto em Março de 1888, a rainha senhora D. Maria Pia partiu imediatamente no comboio só com seu filho numa noite de temporal, vestida de luto, porque de luto estava aquela cidade, para juntar as suas lágrimas às de tantos infelizes, e não se lembrando de que era rainha para só se lembrar de que era mulher, correu pelas vielas mais sórdidas do Porto, e becos escuros, a levar conforto a desgraçados que agonizavam, distribuindo esmolas a todos os infelizes que encontrava. Ali no Porto foi aclamada como mãe dos pobres e anjo de caridade, titulo que já de há muito tempo havia conquistado pela sua beneficência. 
Viu depois falecer seu marido, o rei D. Luís I, em 19 de Outubro de 1889, em Cascais, o que lhe causou profundíssimo desgosto, e em 1 de Fevereiro de 1908 sentiu a dolorosa perda de seu filho, o rei D. Carlos I, e de seu neto, o príncipe real D. Luís Filipe, vitimas da horrorosa tragédia, ao desembarcar em Lisboa, regressando de Vila Viçosa, onde a família real havia passado algum tempo. Sua majestade a rainha Senhora, D. Maria Pia foi regente do reino por duas vezes: a primeira, em 1902, quando o rei D. Carlos e a rainha Senhora D. Amélia foram visitar o rei de Espanha; e a segunda, em Dezembro de 1904, indo os mesmos soberanos a Inglaterra a convite do rei Eduardo VII. É grã-mestra da ordem de Santa Isabel, grã-cruz da de N. S.ª da Conceição; condecorada com a ordem das Damas Nobres de Maria Luísa, de Espanha; presidente e protectora de muitas corporações de beneficência do reino, e especialmente da Associação das Creches, etc.
Ponte de D. Maria Pia (Porto / Portugal)
A Ponte de D. Maria Pia, assim chamada em honra de Maria Pia de Sabóia, é uma obra de grande beleza arquitectónica, projectada pelo Eng.º Théophile Seyrig e construída, entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877, pela empresa de Gustave Eiffel. Foi a primeira ponte ferroviária (Linha do Norte) a unir as duas margens do rio Douro.
Estiveram em permanência 150 operários a trabalhar e utilizaram-se 1.600.000 quilos de ferro. Tendo em consideração as dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, foi o maior vão construído até essa data, aplicando-se métodos revolucionários para a época. A construção da ponte em tempo recorde, aliada à dificuldade da transposição do enorme vão, concedeu a Eiffel a fama que procurava desde 1866, altura em que fundou a sua empresa G. Eiffel et C.ie com o engenheiro Téophile Seyrig. Eiffel, para acompanhar os trabalhos de construção da ponte, instalou-se em Barcelos entre 1875 e 1877. Gustavo Eiffel publicou na "Revista de Obras Públicas e Minas" uma análise pormenorizada da construção, onde incluiu quer os projectos, quer o cálculo dos vários componentes da ponte. Adoptando o mesmo modelo, Eiffel realizou o Viaduto de Garabit (1880-1884) com 165 metros de vão, a estrutura da Estátua da Liberdade (1884-1886) e a Torre Eiffel (1889). A Ponte de D. Maria Pia teve utilização, durante mais de 100 anos, ao serviço do caminho-de-ferro.
A inauguração solene deu-se a 4 de Novembro de 1877, tendo a presença da Banda de Música da Cidade de Espinho, pelos reis D. Luís I e D. Maria Pia de quem tomou o nome. No último quartel do século XX tornou-se evidente que a velha ponte já não respondia de forma satisfatória às necessidades. Dotada de uma só linha, obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas. No entanto, a ponte esteve em serviço durante 114 anos, até à entrada em serviço da Ponte de S. João em 1991.
Ninguém tem dúvidas sobre a enorme riqueza deste património, mas tal não tem impedido que a Ponte de Dona Maria se vá degradando ano após ano, já que ainda não lhe foi atribuída uma utilização prática para o futuro.


Trabalho e Pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

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