Uma aula de mecânica para mulheres, uma aula de Medicina para os leigos, uma aula de bom humor pra quem acha que “ de medico e de mecânico todos nós temos um pouco antes de entrar em pânico”
Antes de entrar no assunto propriamente dito devo lembrar que, na minha época de cursinho pré vestibular havia uma grande separação (e barreira) entre as turmas: Biomédicas, Exatas e Humanas. Lembro-me que as biomédicas eram consideradas as estrelas e se posicionavam como melhores que todos, as Exatas eram os “Caxias” o que hoje pode-se chamar de nerds e as Humanas eram os alienados, pessoal das Letras, poesias, pedagogias e afins...

Muito cedo eu comecei a invadir as áreas, de Humanas para Biomédicas e, posteriormente, para Exatas por isso, apesar da grande discriminação que sofri, eu nunca me detive a nenhuma área especifica nem me preocupei com os debochados comentários que me dirigiam do tipo “se ela diz entender de tudo, não deve entender de nada” e por ai vai... Mas eu sempre acabava provando que entendia sim e, diante da lógica das minhas publicações fui adquirindo experiências e conquistando respeito.
Foi estudando Física Quântica que entendi a Mecânica Quântica que, de forma resumida, é o que temos hoje nos computadores, celulares, etc. Bem, esta foi minha introdução à Mecânica e hoje, depois de uma maratona de três dias na oficina, entendi a grande semelhança entre o funcionamento do sistema de um automóvel e o de um corpo humano e, associando uma oficina mecânica a um hospital, aqui estou para explicar de forma simples o que para muitas mulheres (e até alguns homens) é uma grande limitação.
Tudo começou pouco antes do final do ano quando meu carro começou a dar umas “engasgadas” como se estivesse tossindo. Ele ia andando normalmente, de repente dava uns “solavancos” e parecia mesmo emitir uns “tossidos”. Ao levá-lo à oficina que estava lotada e não poderia atende-lo antes do inicio do ano, recebi a sugestão de deixar o tanque de gasolina entrar na reserva até acender a luz de advertência e, quando isso ocorresse, colocar gasolina super aditivada. E, quando chegasse novamente na reserva, colocar álcool. Isso “limparia” o sistema e resolveria o problema da “tosse” dele.
Ao ler o manual do carro percebi que indicavam o contrario, nunca deixar o carro chegar à reserva, sempre abastecer antes disso. Além disso, no manual diz que o motor aceita bem qualquer mistura de álcool com gasolina em qualquer proporção, não há necessidade de esgotar um para colocar outro tipo de combustível e o manual até se contradiz já que afirma que nunca se deve colocar aditivo de gasolina no álcool ou vice-versa. Isso é contradição já que ao misturar álcool com gasolina aditivada já estaria sendo colocado aditivo...
Apesar da contradição, resolvi seguir o que diz o manual, afinal, quem fabricou o carro deve (ou deveria) saber bem como ele funciona. Aguardei o inicio do ano, um dia mais calmo sem nenhum compromisso serio e, aproveitando o tanque que estava com ¼ de álcool mandei abastecer com a tal superaditivada... Ele respondeu bem, andou o dia todo e chegou até em casa sem nenhum problema.
No dia seguinte, arrumei-me para uma viagem, estava saindo como sempre atrasada e, ao ligar a chave, uma péssima surpresa, o carro não ligava por nada, fazia o som de injeção mas não ligava e mantinha acessa aquela luzinha amarela em forma de “chaleirinha” que, mais tarde, eu descobri que é a luz de advertência da injeção eletrônica que, quando acende ininterruptamente, significa que algo vai mal com o carro como um sintoma de febre ou tosse nos humanos, Esta foi a primeira associação que fiz entre a maquina carro e a maquina humana...
O carro teve que ir de guincho para a oficina com direito a sirene em meio a muitos comunicados e chamados de emergência de outros “doentes” no radio igualzinho a uma ambulância. Fui acompanhar o resgate dele e, conversando com o motorista, soube que atende muitos chamados diários e aumenta no inicio de semana devido ao grande fluxo de veículos (e até abusos dos motoristas) nos finais de semana... Fiquei pensando que, nos acidentes, enquanto as ambulâncias socorrem os humanos, os guinchos socorrem os carros... O motorista riu quando comentei isso mas eu estava levando a serio esta minha comparação.
Chegando na oficina, fila de espera. Coitado do meu carro, uma hora e meia aguardando socorro, juntamente com outros acidentados e doentes... Igualzinho aos pacientes em inúmeros hospitais públicos e alguns particulares também. E o que é pior, nos hospitais, a espera pode ser muito maior e alguns chegam a sofrer óbito enquanto esperam... Em outros casos, o atendimento até ocorre rápido mas é tão superficial que nem dá um diagnóstico, nem cura e nem resolve nada...
Mas voltando ao carro, finalmente foi atendido e começou o impasse. O pessoal da oficina afirmava que o erro estava no fato de ter injetado gasolina super aditivada com o tanque contendo álcool, deveria ter esvaziado o álcool e so então colocar a aditivada, eu insistia que o manual manda que se misture os combustíveis em qualquer quantidade e nunca deixe chegar à reserva para abastecer. Esta discussão me lembrou muitas cenas que presenciei em hospitais. O paciente contorcendo-se de dor ou apresentando sintomas diversos e médicos(as), enfermeiros(as) e parentes discutindo quem errou sem chegarem a um acordo e sem medicarem o paciente...
O diagnostico do carro foi que ele estava com as sondas travadas por causa de um combustível muito forte ou um choque entre álcool e gasolina super aditivada. Igualzinho a um dependente químico que teve overdose. Havia duas possibilidades, trocar as duas sondas caríssimas por sinal ou tentar retirar todo o combustível, esvaziando o tanque e injetando um novo combustível mais compatível com ele. Seria semelhante a uma transfusão de sangue ou, mais precisamente, uma espécie de “troca de sangue” que, apesar de controvérsias até pode ser utilizada em casos de icterícia de bebês por exemplo para eliminar o excesso de bilirrubina do sangue do bebê.
Resolvi tentar esta segunda sugestão antes de trocar as sondas. Seria mais barato e mais inteligente.
Então, foi feito o procedimento. Ele foi “reanimado” e começou a funcionar mas a luz de advertência continuava acesa. Nova discussão se deveriam ser trocadas as sondas e um mecânico resolveu fazer um procedimento, colocou no carro um aparelho chamado scaner, ao ser acoplado ao automóvel com injeção eletrônica identifica , localiza falhas no sistema gerenciado eletronicamente e, pelo que entendi, ele também “apaga“ a memória do veiculo. No caso do meu carro, ele apagou a memória que fazia acender a luz de advertência e pronto, o carro estava são novamente.
Mas detalhe, eu deveria andar 15 quilômetros sem desligá-lo para ele reconhecer bem o combustível e não parar mais depois disso. Ao sair alguém me lembrou que eu deveria trocar o óleo dele mas eu disse que estava tudo bem. Ainda tive que ligar para a oficina e confirmar se deveria rodar 15 minutos ou 15 quilômetros com ele... Eram 15 quilômetros e eu, com fome, cansada e querendo ir pra casa ainda tive que passear pela cidade com meu “filhinho” recém-nascido ou melhor, com meu carro recém programado...
Ao chegar em casa notei que ele estava mesmo com o óleo vencido. Deveria ter trocado seis mil quilômetros antes e, no dia seguinte, cedinho, lá fui eu para a oficina novamente. O óleo foi trocado e eu achei melhor fazer uma revisão nele, aproveitando que eu já estava voltando pela terceira vez na oficina...
Ugh, o que dá ser desatenta: precisava trocar filtro de combustível, pastilha de freio, disco de freio, filtro de ar, velas e mais uns itens... Tudo vencido e gasto... Ainda devo agradecer ao Eterno por não ter acontecido nada grave com meu carro nem comigo diante do meu desleixo em cuidar dele... Bem, autorizei o serviço apesar da conta que já estava bem alta mas o pessoal é bom de negocio e acabou parcelando...
Bem, aproveitei para assistir os procedimentos e fazer perguntas para entender melhor como funcionam os carros e ai tive certeza da grande semelhança entre as “maquinas”. So para resumir, o cérebro do carro é a Central Eletrônica também conhecida como Centralina ou Modulo de injeção eletrônica: É um processador de dados que gerencia o funcionamento do motor, possui um chip, onde armazena todas as informações sobre o funcionamento do motor, de acordo com os dados previamente estabelecidos pelo fabricante e está ligado a vários sensores espalhados pelo carro. Igual ao nosso cérebro, a diferença teoricamente é que nosso cérebro não pode ser programado por um programador porém levando-se em conta a grande quantidade de telespectadores de programas altamente corrosivos como BBB e derivados, é preciso repensar esta impossibilidade de se programar cérebros humanos.
Para bom entendedor, meia palavra basta, não é? Humanos, cuidado com seus cérebros sendo programados pela televisão....
A bomba de combustível desloca o combustível que está no tanque para o sistema de alimentação do motor, suprindo, assim, todas as suas condições de trabalho, como carga, rotação e temperatura. Seria como um coração bombeando sangue ao corpo humano. O filtro como o nome já diz, filtra o combustível e impede que as impurezas danifiquem o bico injetor há o coletor de admissão que transporta a mistura do corpo de borboleta até o cilindro e o corpo de borboleta que suporta bico e outros elementos. Há uma válvula reguladora de pressão. E todo este sistema lembra o corpo humano sendo que o coração é um órgão (uma verdadeira bomba) dotado de músculos muito fortes e que tem a função de bombear sangue (sob grande pressão) para o corpo por intermédio das artérias (tubos) que, durante o percurso vão ramificando-se e tornando-se cada vez mais finas até ter a espessura de um fio de cabelo, por isso passam a ser chamadas capilares. O sangue que passa pelas artérias transporta oxigênio e nutrientes para todas as partes do organismo. Na seqüencia os capilares vão se reunindo em pequenas vênulas, até formarem tubos maiores chamados veias, que tem a função de retornar o sangue para o coração.
Ainda na semelhança entre carros e humanos encontramos o coletor de admissão que leva ar, ou mistura de ar/combustível, à entrada dos cilindros dos motores, o filtro de ar que é o “pulmão do carro” e assim por diante, não me estenderei a detalhes pois não sou grande entendida de mecânica e a intenção é so uma comparação básica.
Quanto aos equipamentos utilizados em oficinas há também grande semelhança com hospitais, há o estetoscópio (que escuta os barulhos do motor e do carro em geral), o scaner que pode funcionar como um detector como uma ressonância magnética, há o desfibrilador que é usado para dar choque na bateria e ressuscitá-la como a desfibrilação em humanos que é a aplicação de uma corrente elétrica em um paciente, através de um desfibrilador, (equipamento eletrônico que tem função de reverter um quadro de fibrilação auricular/ventricular. A cardioversão (reversão) ocorre mediante a aplicação de descargas elétricas no paciente, que são graduadas de acordo com a necessidade. Ou seja igualzinho a descargas na bateria do automóvel.
E, segundo me informaram, já há até um aparelho que faz uma endoscopia com uma mangueirinha introduzida que grava tudo, detectando as falhas que ao automóvel apresenta. O nome correto do equipamento é vídeo endoscopia (automotiva). Que é composta por uma micro câmera e com iluminação própria regulável. Ela é conectada a um computador ou notebook, e possíbilita a visualização na tela da imagem capturada pela câmera, nos mais difíceis acessos, seja na parte interna do motor, como pistão, camisa, válvulas e etc, como qualquer outro local. Verifica ainda parte interna do tanque de combustível, e cilindro e até o retorno do óleo do servo-freio.
Eu até comentei que tanto os carros como os equipamentos que os regulam estão mais avançados do que os humanos e seus recursos hospitalares. Ai podem dizer “mas carros não falam” e eu devo responder, levando-se em conta que nós humanos não temos um aparelho especificamente fonador e diante de pessoas que são capazes de usar a fala para ofender, xingar, humilhar os semelhantes e alguns espécimes mais ignorantes ainda conseguem falar bobagens em diversos idiomas, é questionável que os carros não falem... Eles sabem informar os sintomas de suas doenças acendendo luzes, emitindo sons estranhos e, como os animais, respondem com bom desempenho e até carinho os bons tratos que recebem... já os humanos...
OBS: Explicando, para emitir som e falar, nós humanos utilizamos parte dos aparelhos digestivo e respiratório. Há classificações que definem a emissão de som utilizando o aparelho respiratório, a laringe, as cavidades de ressonância e os articuladores. Outras definições citam pulmões, traquéia, laringe (cordas vocais e glote) dentes, lábios, palato duro, palato mole, alvéolos, parede rinofaríngea, ápice da língua, raiz da língua...

Lou de Olivier - Psicopedagoga, Psicoterapeuta, especialista em Medicina Comportamental. É também dramaturga e Escritora (diversos gêneros)
Agradecimentos especiais aos mecânicos: Celso, Gelsimar e Marcos, ao gerente Plínio, ao senhor Roberto e ao orçamentista Pedro Henrique. Todos da RBA Centro Automotivo - São Paulo - SP - Brasil.
Lou de Olivier - Psicopedagoga, Psicoterapeuta, Especialista em Medicina Comportamental, Precursora da Multiterapia e Criadora do Método Terapia do Equilíbrio Total/Universal. É membro da Comissão de Saúde Brasil-Canadá e associada a ABPp e ABRAP. É também Dramaturga e Escritora (vários gêneros) -
Site terapêutico:
www.multiplasterapias.com Site pessoal: www.loudeolivier.com
Blog: Noticias/newsletters de Lou de Olivier http://noticiasdalou.wordpress.com/

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