Introdução.
As informações aqui contidas foram extraídas da Escola de Quadros da Universidade Vermelha (EQ-UV) da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a corrente interna petista Esquerda Marxista (EM-PT).  A citada EQ-UV foi realizada em Joinville (SC) de 06 a 12 de janeiro de 2007, sendo a CMI uma organização política existente em mais de 35 países. Neste texto as questões abordadas são “O ‘pablismo’ gira 180 graus e acentua a descaracterização da 4ª Internacional”, “O Secretariado Unificado (SU) da 4ª Internacional” e “O impasse ‘lambertista’ após sua correta crítica ao pablismo”.
O ‘pablismo’ gira 180 graus e acentua a descaracterização da 4ª Internacional.

A partir do final dos anos 1940 a política da 4ª Internacional girou 180 graus devido ao acúmulo erros – muitos graves e prolongados até os anos 1950 – praticados pelo Secretariado Internacional (SI). Tal equivocada política foi impressionista e auto-proclamatória, nos levando constatar que o resultado não poderia ter sido outro: Desorientação, perda de militante e baixa implantação de trotskistas na classe operária. Para nós os marxistas o essencial não é o nº de erros cometidos, pois, o marxismo não é uma religião cuja “Bíblia” se baseie no pecado original. O método  do livre debate de idéias entre os militantes pode corrigir os erros – mesmo os mais graves – de uma direção.
Os dois mais brilhantes líderes revolucionários (Lênin e Trotsky) também erraram e muito! Porém, ambos – daí o brilhantismo deles – reconheceram os erros, jamais colocando seus prestígios pessoais a frente da luta socialista. Não foi isto que fizeram os dirigentes da 4ª Internacional no pós 2ª Guerra Mundial. Não fizeram balanços sobre seus sucessivos erros. A conseqüência disso foi que os erros se cristalizaram causando a tendência para a degeneração da idéia de construção do partido político revolucionário mundial, a 4ª Internacional. Então, sob as equivocadas orientações de seu dirigente mor (Pablo) a 4ª Internacional girou 180 graus, acentuando o seu processo de degeneração.
Os fatos: Depois de errarem ignorando a força do stalinismo enquanto produto histórico (consequência) da 2ª Guerra Mundial, os dirigentes do SI da 4ª Internacional passaram a orientar os trotskistas a se aproximarem das organizações de massas dirigidas pelos stalinistas. Denominamos “pablismo” esse mico, não, tática que objetivasse tirar os operários da nefasta influência de direções traidoras, que fossem conseqüentes e corrigissem a sectária orientação política anterior. Ao contrário, o “pablismo” provou ser uma política ainda mais equivocada, um mico, que acabou bombando a burocracia do Kremlin e também os ramos secundários dela, acarretando na capitulação dos trotskistas.
A origem do “pablismo”: Ocorreu na China com Mao e na então Iugoslávia com Tito, quando iniciaram uma política equidistante de Stalin. Ante o legado de Marx, Lênin e Trotsky, esses fatos nada mudaram. Isto é, a China e a Iugoslávia permaneceram estados operários burocratizados desde o nascedouro (sem democracia, sem controle dos trabalhadores sobre a produção econômica e sobre a política). Porém, para o “pablismo” e o SI da 4ª Internacional a China e a Iugoslávia são ‘estados operários relativamente sadios’ (sic). Por que a luta pela revolução política anti-burocracia então? O coerente não seria buscar apenas a reforma de ambos ‘estados operários relativamente sadios’?
O giro de 180 graus do “pablismo” significou uma capitulação à casta de dirigentes da burocracia do Kremlin tão incrível, que Pablo revelou-se perdido ao intitular “Para onde vamos” um texto que redigiu. Mas, nem por isto ele deixou de ser apoiado pela maioria – sobretudo por Ernest Mandel (1923-1995) – do SI da 4ª Internacional. Atenção aos absurdos entre aspas “Para o nosso movimento a realidade social objetiva é composta pelo regime capitalista e pelo mundo stalinista. Queiramos ou não, estes dois elementos constituem a realidade objetiva, pois, a maioria esmagadora das forças opostas ao capitalismo é atualmente dirigida ou influenciada pela burocracia soviética”.
Atenção também à repetição do equivocado prognóstico sobre a paranóia que foi a eminência da suposta eclosão da 3ª Guerra Mundial feita por Pablo, Mandel e a maioria dos dirigentes do SI da 4ª Internacional: “Empurrada pela conjuntura, a burocracia da URSS seria obrigada a realizar o socialismo à sua maneira em séculos de transição”. Ah, isto é pouca coisa... O impressionismo sofrido por Pablo, Mandel e a maioria dos dirigentes que os seguiam no SI da 4ª Internacional foi hegemônico, equivocado e absurdo. Para se ter idéia, o papel progressista por eles atribuído profeticamente à burocracia da URSS, significou que o futuro da revolução esteve nas mãos do stalinismo.  
Sem analisar a luta de classes internacional inclusa a do proletariado pela revolução política na China, no Leste Europeu e na URRS, levaram Pablo, Mandel e a maioria dos dirigentes do SI aos prognósticos resumidores da conjuntura política em apenas dois campos, o stalinista e o capitalista. Em outras palavras, o legado de Marx, Lênin e Trotsky – a luta de classes é o caminho da vitória – foi jogado no lixo pela citada camarilha do SI. Os equívocos foram tantos que acarretou no abandono deste princípio básico de fundação da 4ª internacional: “A burocracia que existiu nos Estados Operários foi uma casta de parasitas, de agentes da burguesia cumpridores do papel fundamental de fazer a contra-revolução”.
A teoria “pablista” de capitulação foi praticada de forma alucinada levando os quadros da 4ª Internacional a fazer o “entrismo sui generis”. Isto é, a entrar nos partidos políticos stalinistas, para tanto, escondendo a origem trotskista. Aqui o esclarecimento é imperativo: Não se tratou do entrismo formulado por Lênin e Trotsky em situações de exceções (não como regra geral) cujo propósito é a retirada dos operários mais conscientes das influências de direções traidoras. Tratou-se de dissoluções completas, puras e simples nos Partidos Comunistas, os PCs, por supor que estes dirigiriam revoluções socialistas. Tais gravíssimos erros políticos acabaram fragmentando a estrutura da 4ª Internacional.       
Ocorreram resistências dentro da 4ª internacional ao “pablismo”. Por exemplo, liderada por Pierre Lambert (1920-2008) a maioria de sua seção francesa se opôs ao esdrúxulo “entrismo sui generis”, que a levou a ser burocraticamente expulsa. Posteriormente, a mais numerosa seção da 4ª Internacional, a estadunidense SWP, também se opôs a Pablo e sua teoria-mico. O que causou nova cisão na 4ª. Dirigida por Nahuel Moreno (1924-1987) a corrente interna argentina da 4ª foi pelo mesmo caminho, deixando marcado o período como de implosão da organização fundada por um programa marxista em 1938.  O “pablismo” significou desmoralização trotskista só revertida com o tempo.    
Tal desmoralização trotskista foi revertida pela dura realidade dos fatos, provando que a revisão total do legado de Marx, Lênin e Trotsky praticado pelo “pablismo” serviu para ajudar a burocracia a trair e a controlar o movimento operário. Os exemplos disso dentro dos estados operários burocratizados foram esclarecedores: Em 1953, na capital alemã oriental Berlim, os operários se revoltaram e desafiaram as tropas do Kremlin, reivindicando “Eleições livres e Governo dos sindicatos”. Pablo e Mandel condenaram as manifestações, ao invés de apoiar tal movimento com característica de revolução política. Acusadas de serem manipuladas pela CIA, Pablo e Mandel apoiaram a repressão a tais manifestações.
O caô de Pablo e Mandel para tal deve ser caracterizado como egocêntrico, pois, referindo-se a si próprios eles, com toda a desfaçatez, afirmaram “nem os trotskistas defenderam tais manifestações”. Em 1956 a vez foi da Polônia onde erigiu a figura do oportunista e traidor Gomulka liderando setores da burocracia polonesa nas críticas ao sucessor de Stalin, Kruschev. Revelando todo seu mau-caratismo político, Gomulka em 1956 fingiu liderar a revolta dos trabalhadores poloneses. Posteriormente na então Tchecoslováquia, em 1968 ele traiu novamente ajudando Moscou a sufocar em sangue o levante operário tchecoslovaco na “Primavera de Praga”.  Foi a última defecada do período “pablista”.
Todo imbróglio ocorrido durante o “pablismo” ilustrou bem que, ao contrário de Lênin e Trotsky, a exacerbada vaidade egocêntrica de Pablo e Mandel quando capitanearam o Secretariado Internacional (SI) da 4ª fizeram deles figuras representativas e bem saudadas pelos burocratas. Haja vista, uma pérola esculpida por Pablo e Mandel quando certa vez, em tom uníssono, ambos disseram referindo-se ao mencionado grupos de trabalhadores poloneses traídos por Gomulka “A tendência por ele (Gomulka) liderada pode ser considerada como um núcleo da direção revolucionária do proletariado em formação”. Parafraseando o bom humor de um falecido humorista televisivo “fala sério”.  
O Secretariado Unificado (SU) da 4ª internacional.
Em 1962 ocorreu um fato que chamou atenção dos trotskistas no mundo, uma vez tratar-se de mudança nos quadros dirigentes do Secretariado Internacional (SI) da 4ª, tendo Mandel passado a ser o líder. Tal mudança aparentou que as crescentes crises, desorientações e a conseqüente desmoralização do movimento trotskista internacional que acarretaram em cisões, rachas e fragmentações da 4ª Internacional tinham enfim cessado. Com Mandel líder o SI se reunificou na volta da mais numerosa seção da 4ª Internacional, o estadunidense SWP. Outras correntes trotskistas como a do argentino Nahuel Moreno juntou-se ao reagrupamento, dando origem ao Secretariado Unificado (SU) da 4ª.
Todos os adeptos do legado de Marx, Lênin e Trotsky estariam felizes se tal reagrupamento tivesse sido uma fusão real de forças, um genuíno reforço do partido político internacional do proletariado. Infelizmente, a base para o reagrupamento da 4ª Internacional através do SU, não poderia ter sido essa. Porque foi uma unificação sem princípios. Mais uma vez, por não ter sido realizado um balanço político, novos erros ocorreram causando mais crises. Basta lembrar o fato histórico de que foi o caráter da Revolução Cubana de 1959 a base do acordo para a constituição do SU da 4ª Internacional. Aliás, foi correto considerar que em Cuba tinha se constituído um Estado Operário.
Ao buscar marcar posição diferente ante os gravíssimos erros anteriores cometidos pelo SI sobre o papel da burocracia, os dirigentes do SU da 4ª Internacional exageram na dose. Explicando: Tal qual o SI, o SU cometeu dois graves erros em relação à Revolução Cubana e a Fidel Castro. Foi contraditório, porém, correto o SU ter considerado Fidel nacionalista pequeno-burguês e a partir da Revolução Cubana ter formulado “Castro empurrado pela Revolução se confrontou com o capital estadunidense em Cuba, o expropriando, mudando o caráter do Estado”. Ocorre que em seguida o SU cometeu dois terríveis erros. Primeiro passou a considerar Fidel “um trotskista inconsciente”.
Em 2º lugar, por causa desse suposto trotskismo inconsciente o SU pisou na bola “Não é necessária uma seção da 4ª Internacional em Cuba”. A Revolução Cubana fez  gol de placa quando desafiou o imperialismo estadunidense. Isso deve ser enaltecido por todos os socialistas até hoje. Mas, não fazer como o SU que exaltou Fidel como herói, deixando de debater os limites do Estado constituído pela Revolução Cubana. Tais graves erros foram crimes políticos cometidos pelo SU. Aliás, já mostrados pelas formulações de Mandel de buscar substituir a independência de classe do proletariado. Que, só não chegou ao absurdo da política anterior, ou seja, a do ‘pablismo’ no SI.
Tudo, porque os sucessores de Stalin, Krushev e Brejnev, deixaram claro como o dia que jamais quiseram fazer a revolução socialista. Porém, os dirigentes do SU nesse dia claro não viram o sol: É o proletariado tanto dos países ricos inclusos os Estados Unidos quanto dos países pobres que sempre tiveram o verdadeiro potencial revolucionário. Cegos pela luz do dia Mandel e os dirigentes do SU, depois de glorificarem Fidel, buscaram novos “faróis” do socialismo. Isto é, apoiaram os movimentos de libertação colonial dos países pobres e as “novas vanguardas”. Ou seja, os movimentos estudantis como o francês de 1968 em Paris, as guerrilhas na América Latina e a intelectualidade.
Novos desastres políticos ocorreram na 4ª Internacional causados pelo SU liderado por Mandel ao usurpar o legado de Marx, Lênin e Trotsky. Isto é, através do desprezo ao proletariado dos países ricos que o SU mandelista absurdamente considerou aburguesado (sic) e acomodado. Os mandelistas do SU confundiram a mal-denominada e pequena aristocracia operária com a classe operária. Ou seja, não enxergaram (ou não quiseram fazê-lo) que na França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos enfim mundo afora o proletariado prosseguiu lutando, fazendo greves, etc. A seguir, o SU acertou ao apoiar os movimentos de libertação nacional, porém se subordinou às suas direções burguesas.
Por um lado foi correto o SU mandelista fazer frentes únicas (contra os colonizadores do imperialismo) com as burguesias de cada país em movimento de libertação. Mas, para completar o acerto disso teria sido imprescindível compreender o princípio da independência de classe do proletariado. Isto é, ter compreendido que a já debilitada burguesia de cada país ante o medo de perder seus privilégios, não atenderia as mais elementares reivindicações nacionais e democráticas. O que só ocorreria através da já explicada tese marxista da ditadura do proletariado. Ou seja, ter independência ante aos nacionalistas burgueses. Conforme a Revolução Permanente ensinada por Trotsky desde 1928, assinalada entre aspas:
Sem a aliança entre o proletariado e o campesinato (nos chamados países atrasados) os propósitos da revolução democrática não podem ser resolvidos, sequer levados a sério. Esta aliança entre duas classes sociais do proletariado só poderá ser realizada através de uma luta implacável contra a influência nacionalista liberal”. Conclusão: Ao praticar uma política que mais atrapalhou que ajudou o SU da 4ª Internacional não tinha condição de ajudar os povos dos países oprimidos em suas verdadeiras libertações. Que, só pode ocorrer se estiver combinada com a luta pelo socialismo. A seguir, estimulado pelo aliado Fidel Castro o SU errou desastrosamente ao apoiar as guerrilhas latino-americanas.
O povo trabalhador em muitos países latino-americanos sofreu com ditaduras militar-fascistas. Pior: Não obtiveram apoio dos stalinistas dos Partidos Comunistas (PCs) para uma política de contestação ao regime. Daí, milhares de militantes (na maioria jovens corajozíssimos e abnegados) buscaram na guerrilha suas alternativas de resistências). No entanto, o fizeram apartados das massas, ou seja, do movimento real da classe trabalhadora. O que os levou a ser brutalmente reprimidos. As enormes qualidades revolucionárias de Che Guevara – por exemplo – são patrimônio para autênticos socialistas. Porém, os graves equívocos do guerrilheirismo estimulado por Che devem servir de lição.
Lição a ser aprendida causticamente pela destruição física (torturas, desaparecimentos e mortes) de toda uma geração de valorosos militantes socialistas, que causou o recrudescimento da sanguinária repressão político-militar praticadas pelas forças armadas das burguesias latino-americanas. Os anos 1970 e 1980 ficaram marcados por novas crises no SU da 4ª Internacional causadas pela usurpação do legado trotskista por parte de seus dirigentes mandelistas. O que levou a saírem do SU o estadunidense SWP e os morenistas (seguidores do trotskista argentino Nahuel Moreno) que vão ser especificamente abordados. No entanto, o SU continuou a ser reivindicado pelos mandelistas.
Os quais, no final dos anos 1980, acabaram sofrendo o constrangimento causado pelo vergonhoso apoio que deram à burocracia da URSS no desmantelamento do já degenerado Estado Operário, ao ser impulsionado pela Glasnost (abertura política) e pela Perestroika (abertura econômica). A despeito de tudo isso os mandelistas permanecem até hoje reivindicando o SU da 4ª Internacional. Contudo, por causa do fracasso das equivocadas e já mencionadas “novas vanguardas” os mandelistas adotaram um discurso híbrido. Isto é, algumas vezes são esquerdistas, muitas são oportunistas. Como, por exemplo, na aliança feita com ONGs na busca de “dar face humana à globalização”.
Nesse caso, o fato é que os mandelistas recebem milhões em dinheiro de governos e de grandes empresas privadas. As justificativas para tais gastos é a proliferação de mandelistas nas áreas do antigo serviço público (por “mera” coincidência) onde as privatizações deixaram terríveis vácuos. Os mandelistas confundem os militantes do movimento operário que querem conhecer o combate do verdadeiro trotskismo. O honesto e o coerente seria que os mandelistas deixassem de falar em nome da 4ª Internacional. Afinal, os mandelistas retiraram formalmente de seus estatutos a correta luta pela já pedagogicamente explicada tese marxista da ditadura do proletariado.                           
Em outras palavras, os mandelistas apesar de prosseguirem reivindicando o Secretariado Unificado (SU) da 4ª Internacional decidiram abandonar aquilo pelo qual não lutavam há muito tempo. Que é a expropriação da burguesia com a conseqüente socialização dos meios de produção, acarretando na consolidação do poder nas mãos do proletariado. No Brasil, dos dois agrupamentos reconhecidos como ligados ao SU, um a tendência interna petista Democracia Socialista (DS) acabou recentemente sendo desligada. O outro agrupamento encontra-se filiado ao PSOL tendo como figura pública a ex-candidata a presidenta e ex-senadora pelo Estado de Alagoas, Heloisa Helena.       
O ‘lambertismo’ fica no impasse depois de formular correta crítica ao ‘pablismo’.
Entre os anos de 1951 e 1952 a maioria da seção francesa da 4ª Internacional - o Partido Comunista Internacionalista (PCI) – resistiu às aberrações políticas cometidas pelo ‘pablismo’. No entanto, essa maioria tampouco se revelou à altura de constituir um organismo central consistente para a reconstrução da 4ª Internacional. Haja vista o marketing brandido mundo afora “A 4ª Internacional reproclamada”. Que, por sinal, tem sido a propaganda usada – a despeito dos méritos passados – para encobrir a crescente crise que tem causado a decomposição política da corrente interna da 4ª Internacional denominada ‘lambertista’ uma vez que seu principal dirigente foi o francês Pierre Lambert (1920-2008).
A recomposição de forças para a constituição do SU da 4ª Internacional não contou com as participações do Socialist Labour League (SLL) liderado por Gerry Healy e a corrente ‘lambertista’. Nem sempre o posicionamento político oposto a outro significa que isso seja correto. Quando se opuseram à equivocada frase “Fidel Castro é um trotskista inconsciente” os lambertistas negaram a evidência de que Cuba tinha de fato constituído um Estado Operário apesar de burocratizado. Isso foi dito no início dos anos 1970 no texto “Defesa do trotskismo” redigido pelo lambertista Stéphane Just assinalado entre aspas: “O aparelho do estado continua de natureza social burguesa, embora tenha sido muito alterado”. Segue.
O proletariado pelo enquadramento do Partido unido da revolução socialista, que integrou ao movimento do 26 de Julho, o Partido Comunista Cubano (PCC), pela integração dos sindicatos ao Estado, é subordinado ao Estado. A amplitude das nacionalizações e o ‘plano’ não alteraram a natureza e a origem social do Estado”. Com exceção de Just e Lambert, todos consideraram – ainda que sem democracia operária e agravada pela submissão à burocracia soviética – ter sido criado um Estado Operário em Cuba. Afinal, as evidências revolucionárias tinham sido claras devido às expropriações e nacionalizações. Porém, só no final dos anos 1970 a corrente lambertista fez uma revisão. A seguir.
Isso foi feito pelo texto de Just intitulado “A revolução proletária e os estados operários burocratizados”. Que é emblemático. Porém, se trata de apenas um característico exemplo da prática política dos lambertistas até os dias atuais. Apesar de a crítica ser justa, denunciar desvairadamente o SU da 4ª Internacional sempre foi linha mestra na política lambertista. Esclareça-se que tais duras críticas são exigências impostas pela fraude do SU falar em nome da 4ª Internacional. O que, por si só, não basta para sua reconstrução. Quer dizer, embora tenha agido politicamente correto durante os anos 1950, Lambert não compreendeu que deveria ter mudado o enredo do samba, repetindo-o sempre.
Isso acabou impedindo a formulação de crítica fundamentada ao SU. Tanto que, por ocasião da malfadada reproclamação da 4ª Internacional lambertista em 1993, houve a falsa interpretação de que o SU seria varrido do mapa devido ao seu vergonhoso apoio à Glasnost e à Perestroika. Nos últimos anos, o lambertismo de um giro de 180° e fez esta quase-inacreditável afirmação absurda: “Até a queda do Muro de Berlin o papel contra-revolucionário praticado pelo stalinismo foi substituído pelo SU da 4ª Internacional”. Ressalte-se este esclarecimento: De fato, historicamente o SU teve peso político, porém, compará-lo ao stalinismo é o mesmo que comparar um quilo com uma tonelada.
A característica de fazer crítica não-fundamentada ao SU revelou-se conseqüência da falta de uma política de implantação do lambertismo na classe operária, agravada pela ausência de uma política que buscasse o caminho das massas. Isto tem levado os lambertistas da corrente interna petista O Trabalho a desenvolver sua política em um trânsito engarrafado. Isto é, a ficar refém dos aparelhos tendo oscilações entre o sectarismo e o oportunismo. Como os exemplos são muitos, comecemos pelo dos anos 1970 quando o fracasso do então Comitê Internacional (CI) da 4ª que tinha sido constituído junto com o inglês Healy, levou o francês Lambert a compor outro, o Comitê pela Reconstrução da 4ª (CORQUI).
Fizeram parte do CORQUI o velho PCI francês de Lambert rebatizado como Organização Comunista Internacionalista (OCI), o grupo argentino Política Obrera o atual Partido Obrero (PO) e o boliviano Partido Operário Revolucionário (POR) de Guillermo Lora. Nas situações revolucionárias ocorridas na Bolívia em 1952 e em 1971 o POR teve importante participação. Entretanto, o CORQUI implodiu no final dos anos 1970 devido às causas esdrúxulas (seus integrantes não tiveram perspectiva concreta de construção, o lambertismo não fez crítica fundamentada em um balanço do SU e a polêmica da OCI francesa com a argentina PO sobre que ação sindical seria coerente com o trotskismo).
Para se ter idéia, os franceses criticaram os argentinos por estes terem atuado em sindicatos controlados pelo estado, propondo os franceses que os portenhos criassem sindicatos livres. O mérito desta polêmica não será analisado porque se alongaria excessivamente, porém é espantoso o autoritarismo na solução da divergência uma vez que os lambertistas da francesa OCI expulsaram os argentinos do PO e distribuíram texto tachando os portenhos de “cães de Videla”. Quer dizer, a estapafúrdia acusação ocorreu quando o argentino PO atuou na clandestinidade, tendo muitos de seus militantes presos, exilados e ou/mortos pela sangrenta ditadura militar-fascista comandada pelo general Rafael Videla.              
Enfim, mesmo que o PO estivesse equivocado na ação sindical, seus integrantes jamais poderiam ser caluniados de agentes da ditadura fascista que os reprimiu. Ademais, o POR tinha ajudado na reproclamação da 4ª Internacional. Daí porque não foi nada estranho que o boliviano Guillermo Lora tenha sido solidário, saindo do CORQUI, que acabou implodindo. A propósito, o sectarismo causador disso conforme veremos daqui adiante se tornou marca registrada do francês Pierre Lambert. Que, repetiu os métodos ditatoriais do então presidente da 3ª Internacional o stalinista russo Zinoviev (1883-1936) um contumaz autoritário para com as direções da 3ª. Lambert se caracterizou por explícito “zinovievismo”.   
Nos próximos textos, as questões a ser abordadas são: A adaptação do ‘lambertismo’ aos aparelhos, O ‘lambertismo’ adota a linha da democracia,  A expulsão da maioria na corrente interna petista O Trabalho leva à organização da Esquerda Marxista (EM-PT) a seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) que terá quatro itens (A calúnia da subordinação ao presidente venezuelano Chávez, A mentira da suposta ação em nome do MERCOSUL, Fábricas Ocupadas são impulsionadas pela EM-PT e a inverdade da suposta infiltração da CMI na EM-PT,  Os fracassos do PSOL, PSTU e PCO-LBI depois deixaram o PT e A reconstrução da 4ª Internacional.
*jornalista – militante da seção brasileira da CMI a corrente interna petista EM-PT no qual é membro do diretório municipal em Macaé (RJ).

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