kofi annan ONU não tenta nem mesmo uma resolução contra massacre em Gaza
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, informa ao Conselho de Segurança, no dia 10 deste mês, sobre a crise em Israel e na Faixa de Gaza. Foto: UN Photo/Evan Schneider

Nações Unidas, 22/7/2014 – A pergunta que se repete na Organização das Nações Unidas (ONU) é por que China e Rússia ainda não colocaram em marcha um rascunho de resolução para que o Conselho de Segurança condene os bombardeios aéreos sobre a população civil em Gaza, exija uma zona de exclusão aérea e acuse Israel por crimes de guerra.
Desde o começo da guerra civil na Síria, em 2011, Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, os países ocidentais no Conselho de Segurança, tentaram, sem êxito, condenar o massacre de civis, impor sanções e acusar o governo de crimes de guerra mediante quatro resoluções. Os três Estados forçaram votações sobre as quatro resoluções, apesar de China e Rússia, aliadas do presidente sírio, Bashar al Assad, ameaçarem exercer seu direito de veto. E o fizeram.
Os cinco países são membros permanentes com direito a veto do Conselho de Segurança. Oito organizações de direitos humanos condenaram o último veto de China e Rússia como um “exemplo vergonhoso do porquê a limitação voluntária no uso do veto nas situações de atrocidades em massa é essencial para que o Conselho possa cumprir a Carta da ONU”.
Uma resolução do Conselho de Segurança referente ao atual conflito em Gaza seguramente seria vetada pelo menos por uma das três potências ocidentais, bem como China e Rússia vetaram as resoluções contra a Síria. Mas nesta ocasião seriam as potências ocidentais que, na defensiva, tentariam proteger os interesses de um país acusado de crimes de guerra e de massacre de civis.
Um diplomata asiático disse à IPS que, apesar de o projeto de resolução estar condenado ao fracasso, se poderia fazer uma tentativa para expor o sentimento do Conselho de Segurança, do mesmo modo que os países ocidentais seguem acumulando resoluções contra a Síria, mesmo sabendo que serão vetadas por Rússia e China.
Stephen Zunes, professor de política e coordenador de Estudos do Oriente Médio na Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos, apontou à IPS que, assim como Rússia e China bloquearam a ação do Conselho diante dos ataques da Síria contra população civil em áreas urbanas, Washington também impediu a ação do organismo com relação aos ataques israelenses contra civis em regiões povoadas.
Embora ambas impliquem graves violações do direito internacional humanitário, os precedentes indicam que a ação da ONU diante dos ataques de Israel contra Gaza seria mais apropriada ainda, porque se trata de um conflito internacional e não de uma guerra civil, pontuou Zunes, um pesquisador sobre a política do Conselho de Segurança. “É difícil explicar por que o Conselho de Segurança não está disposto a obrigar os Estados Unidos a darem o passo embaraçoso de vetar a medida, como fez em quatro ocasiões com Rússia e China a respeito da Síria”, observou.
Ian Williams, veterano correspondente junto à ONU e analista do centro de pesquisa Foreign Policy in Focus, afirmou à IPS que o Conselho de Segurança está decidido a demonstrar que os governos não têm princípios, apenas interesses.
Após o fim da Guerra Fria, os palestinos ficaram sem um país que os patrocine.
Inclusive Rússia e China sopesam o poder do lobby israelense nos Estados Unidos, e cada vez mais na Europa, e calculam se lhes convém alienar Washington ainda mais. Veem escassos benefícios diplomáticos, econômicos ou políticos no apoio aos palestinos, e nem falar do movimento islâmico Hamas, assim, permitem que sejam cometidas atrocidades sem controle em Gaza enquanto levantam as mãos com horror diante de crimes menores em outros lugares, destacou Williams.
“E os russos teriam de explicar porque defendem Assad, que tem um comportamento semelhante contra seu próprio povo”, acrescentou Williams. Somente a indignação popular poderá forçar a mão dos governantes, e o governo francês sabe disso, por isso proibiu as manifestações pró-Palestina, ressaltou. Até o dia 21, meio milhão de palestinos teriam morrido, mais de dois mil ficaram feridos e cerca de 40 mil foram deslocados por causa dos bombardeios aéreos com caças F-16, segundo fontes de Gaza.
Riyad Mansour, observador permanente do Estado da Palestina na ONU, acusou, no dia 18, Israel de crimes de guerra, crimes contra a humanidade, terrorismo de Estado e violação sistemática dos direitos humanos, durante uma sessão do Conselho de Segurança. Mas nada mobilizou os representantes no Conselho a promover uma resolução centrada na difícil situação dos 1,7 milhão de palestinos sob ataque. Estes são defendidos pelo Hamas, acusado de disparar centenas de mísseis contra Israel. Mas, desde que começou a ofensiva militar desse país, no dia 8 deste mês, morreram apenas dois civis e 18 soldados israelenses.
A declaração final da Sexta Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no Brasil, divulgada no dia 16, mencionou Palestina e Israel em função do processo de paz no Oriente Médio, mas não assumiu uma postura direta sobre a guerra em curso, apontou Vijay Prashad, professor de estudos internacionais no Trinity College, dos Estados Unidos.
A cúpula “teria sido o lugar certo para elaborar uma resolução em solidariedade aos palestinos, junto com a intenção declarada de celebrar o Ano das Nações Unidas em Solidariedade com o Povo Palestino”, acrescentou Prashad. Para ele, isso revela algo perto da falta de confiança dos membros do Brics no Conselho de Segurança, que se sentiram traídos pela Resolução 1973 sobre a Líbia e não redigiram outra que imponha uma zona de exclusão aérea sobre Gaza com base nos princípios de responsabilidade de proteção, como fez aquela sobre a Líbia em 2011, durante a rebelião contra o regime de Muammar Gaddafi.
As potências ocidentais redigiram resoluções sobre a Síria, sabendo que Rússia e China as vetariam, como uma forma intencional de pôr seus rivais a descoberto, opinou o professor. Prashad questionou por que Rússia e China, os dois países do Brics no Conselho, não redigiram uma resolução para mostrar ao mundo que Washington está disposto a permitir o massacre calculado dos palestinos, já que pretendem definir o que é um civil e o que significa a proteção de maneira responsável.
Isso apenas demonstra que os países do Brics não desejam desafiar diretamente as potências ocidentais de uma maneira agressiva, fazendo com que estas vetem uma resolução que peça o fim do massacre em Gaza, ressaltou Prashed. O governo do Brasil, que exerce a presidência do Brics, divulgou um comunicado, no dia 18, rechaçando a atual incursão terrestre israelense em Gaza porque representa um sério revés para os esforços de paz. Envolverde/IPS
(IPS)

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