O ministério da Educação retirou o livro Geder Haya dos currículos do liceu. As vendas dispararam


Dorit Rabinyan, de 43 anos, é uma escritora israelita de origem inglesa, GIL COHEN-MAGEN/AFP

Um livro sobre uma história de amor entre uma israelita e um palestiniano tornou-se um sucesso de vendas inesperado em Israel depois de ter sido retirado dos programas curriculares dos liceus israelitas.
Numa semana, o romance Geder Haya não só fez a sua aparição na lista dos livros de ficção mais vendidos no país, como também ocupa o primeiro lugar na lista dos livros da semana do suplemento literário do jornal Haaretz.
O livro, de 344 páginas, escrito por Dorit Rabinyan e publicado em 2014 foi retirado no dia 31 de Dezembro pelo ministério da Educação da lista dos livros que devem ser estudados para o exame final das cadeiras de literatura do liceu.
O motivo evocado pela responsável do ministério que tomou a decisão, apesar de uma forte procura do livro por parte dos professores, foi o risco da obra ser vista como um encorajamento das relações íntimas entre israelitas e palestinianos.
O romance, parcialmente autobiográfico, conta a história de Liat, uma tradutora israelita, e Hilmi, um artista palestiniano, que se apaixonam em Nova Iorque e depois se separam, ela para regressar a Tel Aviv, ele a Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
A revelação de que o livro tinha sido colocado numa lista negra do Ministério da Educação na semana passada indignou a elite cultural israelita, que tem entrado em diversos conflitos com um dos governos mais à direita da história de Israel.
Por que não, então, proibir o estudo da Bíblia, já que se trata de censurar relações sexuais entre judeus e não-judeus?, ironizou Amos Oz, um dos mais importantes nomes da literatura israelita.
O rastilho estava aceso e os stocks do livro, que até então tinha tido um sucesso muito discreto, esgotaram nas livrarias. Geder Haya tornou-se no romance mais vendido nas duas principais cadeias de livrarias do pais e na internet. Mais de 5000 exemplares desapareceram numa semana, um número considerável para os padrões israelita, segundo Deborah Harris, a agente literária de Dorit Rabinyan,
Em andamento, já está a discussão de novos contratos para publicar o livro em Espanha, no Brasil ou na Hungria, diz Harris. Os direitos para a versão inglesa (com o título Borderlife), francesa e alemã já tinham sido vendidos, mas agora os editores estão a pressionar para que o livro chege às livrarias quanto antes
Dorit Rabinyan, de 43 anos, israelita de origem inglesa, não era até agora uma estrela literária mas também não é uma figura desconhecida do panorama literário israelita, tendo outros livros traduzidos em várias línguas. À AFP, diz estar “preocupada” com o futuro da democracia em Israel mas tem razões para ter esperança depois da reacção das pessoas à polémica decisão do ministério da Educação sobre o seu livro.
“Esta marcha em direcção às livrarias é com uma enorme manifestação de protesto”, diz. “Não são só aqueles que amam os livros que compraram Geder Haya, são também aqueles que amam a democracia. Ao comprarem o meu romance, eles estão a demonstrar mais uma vez a sua fé no liberalismo em Israel, na liberdade de escolha e na liberdade de expressão” neste país.
“A literatura é um espelho”, diz a escritora. Os seus críticos acreditam que “fazendo desaparecer o espelho conseguem fazer desaparecer a realidade”, continua Dorit Rabinyan, que se descreve como “sionista e orgulhosa de o ser”, ou seja, alguém que defende a existência e a consolidação de um Estado judaico.
Tendo como pano de fundo um conflito persistente ao longo de décadas, as relações sentimentais entre israelitas e palestinianos são mal vista de um lado e do outro. Na realidade elas são muito raras mas são um tema regularmente explorado no âmbito da criação artística.
Os israelitas “vêem os palestinianos como uma massa e eles também nos vêem com uma massa. Olharem-se nos olhos, como aconteceu com as minhas personagens, é uma experiência muito rara para ambos”, diz Dorit Rabinyan.
Para quebrar o tabu, a edição de Tel Aviv da revista Time Out publicou no seu site um vídeo de seis casais judeus e árabes a beijarem-se na boca. 

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