agricultora Ensine uma mulher a plantar e criará empregos
A pequena agricultora Susan Godwin dá emprego a três mulheres que a ajudam a processar o amendoim que cultiva, e este ano foi nomeada Heroína da Alimentação na Nigéria. Foto: Busani Bafana/IPS

Des Moines, Estados Unidos, 20/11/2012 – Dê esmola a uma mulher e a alimentará por um dia, mas se ensiná-la a cultivar e agregar valor ao seu produto, a ajudará a resolver a situação dela e de sua família pelo resto de suas vidas. E se essa mulher for nigeriana e se chamar Susan Godwin também dará emprego à sua comunidade. Em lugar de procurar ajuda financeira quando seus cultivos fracassaram, há quatro anos, Godwin voltou a estudar, para aprender novos métodos agrícolas, como agregar valor ao seu produto e como traçar um plano de negócios para ter acesso ao crédito.

“Algumas das mulheres com as quais me capacitei desistiram após se darem conta de que os cursos não incluíam ajuda financeira, mas eu quis ir até o final”, afirmou Godwin à IPS. Na colheita seguinte, o rendimento da batata-doce e do amendoim dela duplicou. Com o dinheiro das vendas comprou uma máquina de descascar amendoim para poder produzir óleo e doces, algo que poucos em sua comunidade fazem. Atualmente, sua família goza de segurança alimentar e financeira.

Em sua aldeia de Tunduadabu, no Estado nigeriano de Nasarawa, não há muitos pequenos agricultores que possam dizer o mesmo. Enquanto Godwin emprega três mulheres que a ajudam a processar o amendoim que cultiva, muitos agricultores da aldeia lidam com problemas de produção. Isto porque, ao contrário dela, não foram capacitados sobre a adoção de novos métodos de cultivo e ainda dependem de técnicas tradicionais.

“A capacitação é muito importante para os pequenos agricultores, especialmente na Nigéria, porque sem a formação não estariam conhecendo os novos métodos para cultivar”, enfatizou Godwin. Adotar estas técnicas “me ajudou a sair da pobreza e a forjar uma nova vida na qual tenho o suficiente para comer, para dar aos vizinhos e para vender. Agora posso enviar meus filhos à escola”, contou esta mãe de cinco filhos.

Um informe de março deste ano, intitulado Oxfam na Nigéria, elaborado por esta organização não governamental, indica que cerca de 70% das mulheres deste país contribuem para a produção agrícola nacional. Entretanto, a Nigéria não está a salvo da insegurança alimentar, apesar de situar-se em primeiro lugar na produção agrícola da África. Apenas 50% de sua terras aptas são cultivadas.

Agora, Godwin tem cinco descascadoras e emprega três mulheres para operá-las. Também permite que sua comunidade use as máquinas por um preço módico. “A cada mulher dou metade do dinheiro que ela gera a cada dia com as máquinas”, informou. Ela paga o equivalente a US$ 1,27, o que “representa uma diferença quando não se tem nada”, ressaltou Godwin, que também preside o Movimento Unido pelos Agricultores de Pequena Escala.

Ao compartilhar o lucro de seu negócio, Godwin empoderou suas empregadas. Agora, algumas já podem iniciar seus próprios empreendimentos. Os que se dedicam à pequena agricultura “podem alimentar o mundo” se lhes derem as ferramentas e o apoio necessários, opinou. Muito longe de sua aldeia, no Estado norte-americano de Iowa, Godwin foi declarada, em outubro, modelo agrícola no Diálogo Borlaug 2012. A Oxfam Internacional também a nomeou Heroína da Alimentação na Nigéria.

Sithembile Mwamakamba, a gerente do projeto de Acesso das Mulheres a Mercados Realinhados na Rede de Análises de Políticas de Alimentação, Agricultura e Recursos Naturais (Fanrpan), lamentou o elevado índice de analfabetismo entre as pequenas agricultoras do continente. “Com o apoio adequado, as pequenas produtoras podem identificar suas necessidades, apresentar mensagens relevantes e comunicá-las de modo efetivo aos políticos”, afirmou à IPS.

“Há uma necessidade de estabelecer em nível local plataformas de diálogo que capturem a voz das agricultoras no processo de formulação e implantação de políticas. Além disso, existe uma necessidade de serviços de extensão e formação desenhados especialmente para as pequenas produtoras, a fim de melhorar sua produtividade”, acrescentou Mwamakamba. Ela também enfatizou que estes programas devem ser complementados com melhor acesso a insumos e mercados, se o objetivo é ter um impacto duradouro sobre o sustento das agricultoras.

Tracy Gerstle, diretora de políticas públicas globais na organização CropLife International, disse à IPS que as mulheres são a coluna vertebral da economia rural, ao constituírem 43% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento e, estima-se, representarem dois terços dos 600 milhões de criadores pobres de gado no mundo. “Não podemos passar por cima do papel central das mulheres na segurança alimentar mundial e no crescimento econômico. Nos lares pobres, elas são essenciais para romper o ciclo da pobreza, já que tendem a investir uma porção significativamente maior de sua renda em alimentos e educação para a família”, destacou.

“As mulheres se esforçam para desenvolver seu potencial, devido às brechas mundialmente persistentes em relação ao homem em seu acesso a serviços de extensão, insumos agrícolas, terra e finanças. Isto é agravado pelas persistentes desigualdades em seus direitos humanos básicos”, indicou Gerstle. E acrescentou que dar apoio educativo a meninas e mulheres mediante bolsas, serviços de extensão e outras formas de assistência técnica ajudará a superar a desigualdade.

Happy Shongwe, da Suazilândia, lidera a luta contra a insegurança alimentar em seu país. Cultivadora comercial de sementes e premiada em 2011 pela Fanrpan, afirmou que a agricultura de pequena escala é a chave para conseguir a segurança alimentar. Isto, sempre e quando se dá capacitação e ferramentas a quem a pratica, declarou à IPS em entrevista por telefone desde seu país, na África austral. Shongwe produz sementes certificadas de legumes e milho com técnicas agrícolas de conservação em seu estabelecimento na bacia de Lubombo, região de Siteki, 150 quilômetros a leste da capital, Mbabane.

Após notar que os agricultores constantemente sofriam falta de sementes, ela incursionou no competitivo e lucrativo mercado da produção de sementes. “O apoio financeiro é importante para a pequena agricultura. Tenho energia e paixão pela agricultura, mas não o dinheiro para iniciar alguns dos meus projetos”, disse à IPS esta mãe de dois filhos. Sua renda triplicou desde que começou o negócio, que em uma boa temporada pode lhe render US$ 2,5 mil.

Seu sucesso atraiu inclusive a atenção da família real da Suazilândia, que a consultou sobre a produção de sementes de legumes. Shongwe também transmite seus ricos conhecimentos para outras pessoas. “Atualmente, sou mentora de 60 produtores ansiosos para incursionar na produção de sementes, e tenho outro grupo de dez que capacito em agricultura de conservação, porque o conhecimento e a informação são fundamentais se os pequenos agricultores querem contribuir para a segurança alimentar”, ressaltou. Envolverde/IPS

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