Tudo indica que o fim do ciclo do oportunismo eleitoreiro de PT/pecedobê na gerência do velho Estado semifeudal e semicolonial brasileiro será melancólico e arrastado em meio à profunda crise econômica, política e institucional.

Ao maquiar a crise econômica com todo tipo de artifício para evitar a derrota nas eleições, Dilma/PT, já antes mesmo de tomar posse, fez publicamente juras de bem servir ao capital financeiro. Desnudou-se de vez e por completo como governo de turno do imperialismo, da grande burguesia e do latifúndio, com medidas há muito planejadas, mas que só começaram a ser implementadas após a abertura das urnas, como o ataque aos direitos trabalhistas, previdenciários, aumento de impostos, tarifas, juros e preços, principalmente do transporte público, combustíveis e energia elétrica.

Além disso, a barafunda provocada pela “operação Lava Jato” e o escândalo envolvendo todo o velho sistema político-eleitoral brasileiro expôs, por obra e graça do monopólio das comunicações (principalmente a Globo), muito mais o PT que outras siglas que igualmente chafurdam nesse lamaçal.

Tudo isso alimentou o caldo de cultura que contribuiu para que centenas de milhares de pessoas tomassem as ruas em todo o país nos dias 13 e 15 de março.

Foram manifestações distintas, mas com seus pontos de identidade e também suas diferenças. A identidade entre os atos dos dias 13 e 15 é a ilusão de que “reforma política” solucionará a grave crise do velho Estado semifeudal e semicolonial. A diferença principal entre os dois é que um apoiava o governo e o outro era contra.

 As manifestações do dia 13, convocadas pelo oportunismo eleitoreiro, foram manifestações sem massas, compostas fundamentalmente pela militância dos partidos que compõem a base do gerenciamento Dilma e pela camada de funcionários de sindicatos ligados às centrais sindicais chapa-branca. A parcela de massas presente nesses atos, mobilizada com antecedência pelo pelo MAB e MST, manifestam grande sentimento de insatisfação com as políticas antipovo do governo que, além de não atender as demandas, ataca os pobres do campo. Essas, mesmo erguendo bandeiras por direitos legítimos e manifestando sua justa indignação, foram utilizadas pela direção oportunista para realizar ocupações de prédios públicos e assim extravasar seu ódio, pois poderiam fugir do controle da direção desses atos que não se cansou de exaltar seu caráter “pacífico” e “contrário a qualquer tipo de violência”.

Desse modo, PT/pecedobê/et caterva lograram dar o toque de reunir para sua militância e “rasparam o tacho” para ir em bloco para as ruas em “defesa do governo e da Petrobras”, com suas bandeiras reformistas, pedindo a tal “reforma política”. Essa mobilização foi coisa que não conseguiram fazer em 2013. Mesmo assim, muito aquém do que desejava a cúpula governista, afundada em crise.

Já a manifestação de 15 de março, convocada por setores conservadores da sociedade e pelas viúvas do regime militar, foi composta essencialmente por profissionais liberais, empresários, famílias que não dependem dos programas assistencialistas do governo e elementos nacionalistas. Mas foram muito mais numerosas que as manifestações do dia 13, contando com ampla campanha da rede Globo.

As maiores concentrações ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, havendo também manifestações numerosas em outras capitais e cidades.

À exceção de São Paulo e Bahia, onde podia se perceber presença de parcelas das classes laboriosas revoltadas com a carestia de vida, com o desemprego, etc., o caráter de classe das manifestações de 15 de março, essencialmente da pequena burguesia e a chamada “classe média”, ficou marcado pelas suas palavras de ordem principalmente “contra a corrupção”, contra medidas que atacam de forma imediata os bolsos desses setores, como aumentos nos impostos e combustíveis, pedidos de impeachment da gerente Dilma Roussef.

Foram manifestações de caráter cívico, com pessoas vestidas de verde e amarelo, cantando o hino nacional em um ambiente festivo e com consumo de bebidas alcoólicas. Em muitos momentos ouviu-se o “Fora Dilma”, mas entre esses gritos, ao contrário do que declarou o ministro Rossetto em pronunciamento após os protestos, dizendo que os manifestantes não votaram na atual gerente de turno, certamente um número significativo dos manifestantes do dia 15 votou em Dilma e no PT na última farsa eleitoral e está revoltado, sentindo-se traído por sua campanha mentirosa e por suas medidas antipovo e vende-pátria.

É importante que os  democratas e revolucionários façam uma justa análise de classes e saibam agir nesses momentos. É necessário que seja apresentado a essas massas — e as classes médias são parte importante delas, com grande capacidade de formação de opinião pública — palavras de ordem e um programa que aponte para a destruição do latifúndio, para o fim da dominação imperialista e da grande burguesia em nosso país, que desmascare esse gerenciamento a serviço dos banqueiros, que aponte que eleição e impeachment não mudam nada.

Por que a greve geral contra os pacotaços do governo que tanto atingem nosso povo não está na pauta dessas manifestações? Porque o proletariado não está dirigindo esses protestos. É tarefa do proletariado, dos revolucionários e democratas desfraldar essas bandeiras.

Não se pode cair no discurso do PT e outros oportunistas de que só tinham direitistas e fascistas nessa manifestação. Como apontado no editorial da edição passada (nº 146) de AND, os grupos que manobram por trás desses protestos não gozam da influência que muitos pensam e que a Globo deseja. Bolsonaro e outros fascistas, bem como políticos conhecidos dos partidos de oposição ao governo, foram rechaçados nessas manifestações.

Também este editorial aponta que “é certo que a crise se aprofundará e o mais provável é que com ela a situação se tornará confusa e mesmo muito confusa, pois o jogo das forças da reação, as velhas e as novas, alimentado pela ação deletéria do monopólio de imprensa, buscará como sempre turvar a visão das massas, criar um ambiente de comoção desesperada e disto sacar uma saída salvadora do sistema de exploração e opressão vigente”.

Podemos comparar o caráter das manifestações de 15 de março com o “Fora Collor” em 1992, também protagonizado pela pequena burguesia e pelas classes médias e dirigido pela rede Globo e Folha de S. Paulo. O “Fora Collor” terminou no impeachment e os oportunistas eleitoreiros se referem ao período posterior como de “estabilidade, com o real e sem inflação”. No que tudo isso deu? Na farra do crédito e uma crise que mais adiante ainda veremos onde chega.

Depois vieram Fernando Henrique Cardoso e ACM, Luiz Inácio e José Alencar, Dilma e Temer. O que mudou? Querem impeachment e outras eleições,  e vão votar em quem?

O monopólio exaltou o “caráter pacífico” das manifestações de 15 de março, que dizem, mentirosamente, serem as maiores desde as “diretas já”. Isso para contrapor aos protestos multitudinários da juventude combatente de 2013, que se voltaram contra os bancos e grandes corporações imperialistas. Contra a juventude combatente, a reação aplica a pena mais dura, como tem feito com a mais selvagem perseguição, criminalização e prisão de ativistas. Vide o caso da prisão do ativista do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e da Frente Independente Popular (FIP-RJ), Igor Mendes, a prisão dos ativistas Caio Silva e Fábio Raposo, a perseguição às ativistas Elisa Quadros e Karlayne Moraes e os processos políticos em curso contra os 23 ativistas no Rio de Janeiro.

Após os atos, os ministros Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo se reuniram com Dilma e fizeram pronunciamento em cadeia nacional e anunciaram medidas de “combate à corrupção”, além de fazer repetida campanha pela ensebada “reforma política”. Acossados, discursaram contra “toda a violência e golpismo”.

Violência é o assassinato de camponeses, indígenas e quilombolas. É o entreguismo das riquezas de nosso país. É o massacre dos aposentados e pensionistas, a escravidão dos motoristas, os baixos salários, etc..

Os séculos de lutas de nosso povo também já ensinaram, cobrando o mais duro preço, que manifestações domesticadas como essas não levam a nenhuma mudança, são equivalentes à farsa eleitoral.

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