http://www.anovademocracia.com.br/104/08a.jpg
As instalações da usina após a revolta dos operários

Pelo terceiro ano consecutivo, operários se rebelam exigindo direitos e se revoltam contra as péssimas condições de trabalho em um canteiro de obras do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do governo federal. No dia 11 de fevereiro, os operários das obras da Usina Hidrelétrica Colíder, no Norte do Mato Grosso, foram surpreendidos com a notícia de que não receberiam integralmente pelo trabalho que deveriam realizar durante o carnaval. Foi o estopim para uma nova revolta.

O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Colíder está localizado à margem do rio Teles Pires, entre os municípios de Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte, a 700 quilômetros de Cuiabá. Em um balanço realizado no final do ano passado, a Companhia Paranaense de Energia – Copel, que detém a concessão da obra, divulgou que 2.600 operários trabalham na construção da usina. Desses, aproximadamente mil estão instalados em alojamentos no canteiro de obras. A execução da obra é tocada pelo Consórcio Colíder, composto majoritariamente pelas empreiteiras J. Malucelli e CR Almeida.

Há denúncias veiculadas em jornais e páginas na internet de que, desde o dia 10 de fevereiro, circulava entre os trabalhadores a notícia de que as empresas não pagariam integralmente pelos trabalhos realizados durante o carnaval. Mas essa não foi a única razão da revolta. No ano passado, pelo menos por duas vezes, uma em janeiro, a outra em junho, os trabalhadores da UHE Colíder já haviam paralisado as obras por vários dias exigindo melhores salários e condições de trabalho, melhorias na alimentação, folgas e passagens para visitarem suas cidades de origem. Além disso, a obra apresenta condições inseguras de trabalho e já foi embargada por não possuir um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Em junho do ano passado, houve um grande desabamento em um bota-fora irregular de entulhos no canteiro de obras que resultou na morte do operário Jonas da Silva Santos. Seu corpo ainda não foi resgatado e permanece sob toneladas de terra e entulhos [ver mais detalhes em AND n° 93 – Matança nos canteiros de obras].

Na tarde de 11 de fevereiro, a insatisfação acumulada era geral e explodiu a revolta. Vários trabalhadores com os rostos cobertos deram início ao protesto, enfrentaram os seguranças privados e incendiaram carros da empresa. Como nas greves e revoltas anteriores nas usinas de Jirau e Santo Antônio – RO, Belo Monte – PA, nos complexos industriais de Suape – PE e Pecém – CE, entre outras, os alojamentos, refeitório, ônibus, caminhonetes e carros, além de prédios administrativos da Copel e de empresas do consórcio construtor foram incendiados.

http://www.anovademocracia.com.br/104/08b.jpg
Trabalhadores tratados como criminosos

Os protestos prosseguiram no dia 12 e o canteiro foi ocupado pelos trabalhadores e cercado pela Polícia Militar de Colíder, por soldados da força tática da PM de Sinop, Alta Floresta e cidades próximas.

Também foram veiculadas notícias de que os operários teriam rendido vigilantes da empresa e tomado suas armas, além de utilizar bananas de dinamite para explodir dois caixas eletrônicos no canteiro de obras. Dois operários foram presos acusados de portar dinheiro recolhido após a explosão e levados para Alta Floresta.

Em 12 de fevereiro, após negociação intermediada pela PM, e com dois dias sem receber alimentação, sem nenhum posicionamento do consórcio construtor sobre as razões que levaram à revolta, os operários concordaram em deixar o canteiro de obras. De acordo com a Polícia Civil, a Copel cedeu os ônibus para o transporte dos funcionários, mas não forneceu alimentação ou alojamentos [fonte: jornalacidade.com.br em 13 de fevereiro de 2013]. Os operários foram levados para alojamentos improvisados cedidos pela prefeitura de Colíder e uma reunião entre representantes dos operários e o consórcio Colíder foi agendada para o dia 14.

Logo após a revolta, a Copel, em nota oficial, se apressou em desqualificar a luta dos operários por direitos e criminalizar a revolta. Seguindo o tom ditado pelo Gilberto Carvalho após o conflito operário de Jirau em março/abril do ano passado, a empresa tachou o protesto como "vandalismo e violência". O delegado Bruno Abreu, da delegacia de Nova Canaã do Norte, acusou os operários presos de crimes comuns e afirmou que serão indiciados sob suspeita de roubo armado, formação de quadrilha, incêndio e ameaça [fonte: diariodecuiaba.com.br em 13 de fevereiro de 2013].

No final da tarde de 13 de fevereiro, reuniram-se no gabinete do gerente municipal Nilson Santo (PMDB), em Colíder, representantes da Copel, Ministério Público, polícias Militar e Civil etc. Entre eles estavam os promotores Washington Borrere e Ana Carolina Fernandes; o coronel Evangelista da Polícia Militar; o delegado de Polícia Civil Silvio do Valle; José Ricardo Junqueira, responsável pelo consórcio de empresas que constroem a usina e o diretor de engenharia da Copel; e Jorge Andriguetto Junior [fonte: altanoticias.com.br em 14 de fevereiro de 2013].

Ainda de acordo com matéria publicada em altanoticias.com.br em 14 de fevereiro, o responsável pelo consórcio construtor afirmou que "apenas os funcionários que residem na região de Colíder e Nova Canaã do Norte terão os seus empregos mantidos" e que os trabalhadores oriundos de outros estados, cerca de 1.400 pessoas, serão demitidos e deverão retornar para suas cidades de origem.

Ele ainda declarou que "as pessoas demitidas irão receber seus salários e serão embarcados em ônibus pagos pela empresa". O Coronel Evangelista declarou que "policiais de forças especiais" atuarão em Colíder "por tempo indefinido".

Mais uma revolta. Mais uma vez suas razões ficam sem solução. Mais uma vez a luta dos operários por direitos é tratada como crime pelos patrões e gerenciamentos de turno do velho Estado. Terminada uma rebelião, acende-se o pavio de uma próxima ainda maior.


Usina Belo Monte - PA: sequestradas e forçadas a se prostituir

Com informações de Verena Glass do Repórter Brasil

http://www.anovademocracia.com.br/104/08c.jpg
As mulheres viviam em regime escravo no prostíbulo, em Belo Monte

Após denúncia de uma garota de 16 anos, que conseguiu fugir do cativeiro, em 13 de fevereiro, quatorze mulheres e um travesti foram libertados em Altamira - PA em situação de escravidão e cárcere privado em um prostíbulo localizado em área limítrofe de um dos canteiros de obras da hidrelétrica de Belo Monte.

As mulheres eram confinadas em pequenos quartos sem janelas e ventilação, com apenas uma cama de casal. Cadeados do lado de fora trancavam as portas. Elas tinham entre 18 e 20 anos – além da jovem de 16, e eram provenientes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A polícia também encontrou no local um caderno onde eram anotadas as dívidas das mulheres, como gastos com passagens, alimentos e vestimentas, além de "multas" por motivos diversos.

Segundo Lucenilda, do Conselho Tutelar, as garotas disseram ter muito medo de retaliações, uma vez que o dono da boate teria ameaçado seus familiares que moravam no Sul. Uma das jovens resgatadas contou que, assim que a adolescente de 16 anos conseguiu fugir, o gerente a seguiu com uma arma.

http://www.anovademocracia.com.br/104/08d.jpg
As mulheres viviam em regime escravo no prostíbulo, em Belo Monte

"De comida, tinha almoço e janta. Se você estava trabalhando na hora do almoço, tinha que esperar a janta. Se desse muita fome, a gente tinha que comprar um lanche. O gerente da boate dizia que a gente só poderia sair depois de pagar todas as dívidas, e que nem adiantava reclamar porque ninguém ia nos ajudar, ele era amigo da Justiça e nunca ninguém ia fazer nada contra ele. Mas ele disse que se a gente falasse, eles iam atrás dos nossos filhos e parentes lá no Sul" – declarou uma das jovens libertadas ao Repórter Brasil.

A conselheira Lucenilda Lima relatou que, para chegar à boate, foi preciso atravessar o canteiro de Pimental, um dos principais da usina Belo Monte, e considera que "a boate está na área da usina".

O delegado de Altamira, que efetuou a prisão de dois funcionários da boate na noite passada, afirmou que além de exploração sexual de menor, cárcere privado e trabalho escravo, o caso poderá ser caracterizado como tráfico de pessoas.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS