É sempre muita presunção um comentarista de província escrever artigos dirigidos à comunidade mundial, como se ela fosse lê-los nos mais distantes rincões do planeta. Escrevo sobre assuntos regionais, filosóficos e culturais, com a intenção de contribuir para o processo educacional. Há quem espere de mim soluções para os problemas que aponto. Para quem não desenvolve nenhuma forma de ativismo, é fácil fazer cobranças. Mas é preciso salientar a complexidade da vida a fim de compreender que as soluções não dependem do proponente. A proposta, contudo, é o primeiro passo para ação.

A partir destas orientações, não teria o mínimo cabimento eu estar costurando uma proposta para a recuperação e mesmo para a reinvenção do Haiti após os tremores de terra que levaram o país à maior crise aguda da sua história. Nunca estive no Haiti. Tudo que sei sobre o país foi obtido em leituras. A realidade atual dele, no entanto, não me é estranha, pois ela se assemelha à realidade de muitos outros países, inclusive do Brasil. Além disso, não me considero mais apenas brasileiro, mas terráqueo. Assim, o que acontece no Tibé me diz respeito. Para completar, este artigo será divulgado por várias pessoas e instuições do mundo através de uma rede de globalização: a internet.

O Haiti é um pequeno país das Antilhas construído sobre a parte ocidental da ilha de Hispaniola. Ao ser conhecida e conquistada por europeus, no século 16, não havia nenhuma ciência sobre tectonismo. Só recentemente os estudos de geologia mostraram que a ponta do Haiti, no mar do Caribe, situa-se sobre o limite das placas tectônicas das Caraíbas e da norte-americana, portanto sujeita a sismos de alta intensidade. Foi o que aconteceu em 12 de janeiro de 2010. Um sismo que alcançou 7,3 graus na escala Ritcher arrasou Porto Príncipe, capital do país, derrubando mais de 70% da cidade, matando mais de 150 mil pessoas e soterrando outras tantas que ainda continuam sendo resgatadas.

Vários países enviaram ajuda em termos de dinheiro, de gêneros de primeira necessidade e de pessoal especializado. Contudo, tem-se a impressão de que os países defendem mais seus interesses do que as necessidades da população assolada. Falta uma coordenação geral para administrar o processo de ajuda. Afinal, quem manda? Creio que a Organização das Nações Unidas tem uma grande oportunidade de se fortalecer enquanto orgão mundial. A representação da ONU deveria receber todos os donativos e formular um plano de curto, médio e longo prazos para o país. Como frase de efeito, vários especialistas declaram, nos meios de comunicação, que não basta reconstruir o Haiti, mas sim construí-lo. Se é para criar o Haiti que conhecemos, com graves problemas ambientais, sociais e políticos, vou adiante: é preciso reinventar o Haiti.

No curto prazo, a tarefa que se impõe é remover os escombros da capital e salvar quem porventura ainda se encontre vivo sob eles. A segunda tarefa, ainda no curto prazo, é a promoção de uma conferência pela ONU, reunindo o governo do Haiti, especialistas e países envolvidos com a finalidade de decidir se Porto Príncipe deve ser reerguida com construções comuns ou se a capital deve se transferir para Cabo Haitiano, a primeira sede do país. A reconstrução de Porto Príncipe com técnicas japonesas de engenharia é proibitiva para um país tão pobre. Por que não transformar os 30% restantes de Porto Príncipe em ruínas de valor cultural e transferir a capital do país para local mais seguro?

Neste ponto, sim, o Haiti seria recuperado e reinventado segundo os princípios do ecodesenvolvimento. Primeiramente, a cultura do país seria respeitada e valorizada em toda a sua dimensão. Em segundo lugar, um plano de restaruação e revitalização ecológica seria formulado e implementado, com a recomposição da vegetação nativa em pontos cruciais e com a recuperação das pequenas bacias hídricas do país. No plano social, a prioridade deve ser o combate às injustiças. Na esfera política, a estratégia visará uma lídima democracia e o combate a corrupção. Finalmente, nas esfera econômica, a produção deve ser diversificada, ecologicamente sustentável e voltada para o mercado interno.

Ninguém deseja uma catástrofe como a que assolou o Haiti, mas, já que aconteceu, ela funciona como um desafio. Ou o país se resigna ao desastre, ou se recupera nos moldes anteriores a ele ou se reinventa. Da minha parte, aposto mais nos países pequenos para apontar soluções criativas do que nos países grandes, com estrturas pesadas de difícil remoção. Defendi a mesma proposta para Timor, quando se tornou independente, mas me esqueci da China e da Autrália.

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